pragmatismo
Se houver
qualquer vida que seja realmente melhor levarmos e qualquer idéia que aceita
por nós, nos ajude a vive-la, será realmente melhor para nós acreditar em tal
idéia, a menos que isso se choque incidentalmente com outros benefícios vitais maiores.
JAMES, William. Pragmatismo, 1907.
A palavra pragmatismo tem origem do grego pragmatikós que quer dizer relativo aos
atos que se devem praticar, ou pragma,
que significa ação, de onde a palavra prática procede. O termo inglês utilizado
é pragmatism que possuí o significado
de natureza prática ou concepção positiva da realidade. Veremos mais adiante
neste trabalho que esta corrente da filosofia contemporânea surgiu nos Estados
Unidos, país de origem britânica. Usamos a palavra pragmatismo em nosso
cotidiano como algo que define aquilo que é útil ou propicie uma espécie de
êxito ou satisfação. Vamos nos deter a compreensão filosófica do termo.
O pragmatismo representa uma noção de uma filosofia
voltada com confiança para o futuro, uma filosofia genuinamente americana. Este
termo foi introduzido por William James na revista Califórina Union, em 1897 ao comentar um ensaio de Peirce
entitulado The Fixation of Belief[1].
O termo pretende descrever que a verdade para os pragmatistas representa uma relação
inteiramente imanente à experiência humana; o conhecimento é um instrumento e
está a serviço da atividade e o pensamento tem um caráter essencialmente
teleológico[2].
A verdade de uma proposição consiste, portanto, no fato de “ser útil”, ou ser
“bem sucedida”. Estas fórmulas estão bem sucedidas na obra de James A vontade de crer (1897), Humanismo e Verdade (1904) e na obra Pragmatismo (1907).
O pragmatismo não pretende definir a verdade
(propriamente em si) ou a realidade, mas compreende-se a verdade de uma
proposição como apenas um procedimento para determinar o significado dos termos
e da própria proposições.
É impossível ter na mente uma idéia que se
refira a outra coisa que não os efeitos sensíveis das coisas. Nossa idéia de um
objeto é a idéia de seus efeitos sensíveis. (...) Assim, a regra para atingir o
último grau de clareza na apreensão das idéias é a seguinte: considerar quais
são os efeitos que concebivelmente terão o alcance prático que atribuímos ao
objeto da nossa compreensão. A concepção destes efeitos é a nossa concepção de
objeto (PEIRCE[3]
citado por LALANDE, 1999: 838).
A função desta regra metodológica transcrita acima
é de que a função do pensamento é de produzir hábitos de ação. A regra proposta
por Peirce era, portanto, sugerida pela exigência de achar critérios racionais
experimentais ou científicos que dessem conta do problema das crenças. Outro
pensador que segue esta mesma linha de pensamento é Dewey que define
pragmatismo como o ato de “conceber o conhecimento e a prática como meios para
tornar seguros, na experiência, os bens que são as coisas excelentes de
qualquer espécie” (DEWEY[4]
citado por ABBAGNANO, 1999: 784).
Partindo desta citação encontramos um ponto comum entre Dewey e Pierce
onde compartilham da idéia do experimentalismo evidenciando um caráter
instrumental e operacional de todos os procedimentos do conhecer.
2. CARACTERISTIVAS
O Pragmatismo constitui uma escola de filosofia ou melhor a um grupo de correntes filosóficas,
com origens nos Estados Unidos da América mas com repercussão em outros paises.
Caracterizada pela descrença no fatalismo, e a certeza de que só a ação humana,
movida pela inteligência e pela energia, pode alterar os limites da condição
humana. Este paradigma filosófico caracteriza-se, pois, pela ênfase dada às
conseqüências, utilidade e sentido prático como componentes vitais da verdade.
O pragmatismo refuta a perspectiva de que o intelecto e os conceitos humanos
podem, só por si, representar adequadamente a realidade. Desta forma, opõe-se
tanto às correntes formalistas como às correntes racionalistas da filosofia. O
pragmatismo defende, pelo contrário, que as teorias e o conhecimento só
adquirem significado através da luta de organismos inteligentes com o seu meio.
Não defende, no entanto, que é verdade meramente aquilo que é prático ou útil
ou que nos ajude a sobreviver a curto prazo. Os pragmatistas argumentam que se
deve considerar como verdadeiro aquilo que mais contribui para o bem estar da
humanidade em geral, tomando como referência o mais longo prazo possível.
Nitzsche, por exemplo, foi reconhecido por muitos como tendo uma
postura pragmática no campo da teoria do conhecimento. Algumas das "teses
contra Feuerbach", de Marx, mostraram uma face pragmatista quanto à
questão de critérios de verdade. Wittgenstein este próximo de posições
pragmatistas em vários momentos, se é que não adotou algumas.
Atualmente,Habermas tem se voltado para Peirce e Dewey, os pioneiros norte
americanos do pragmatismo, e Derrida, por sua vez, é hoje um interlocutor do
pragmatismo, a quem responde de modo provocante. Nesse sentido, o pragmatismo é
uma filosofia viva.
O professor norte americano John Murphy contou três fases para o
pragmatismoEm um primeiro momento, que vai de meados do século XIX até as duas
primeiras décadas do século XX, a fase dos "pioneiros"". A época
de Charles Peirce, William James e John Dewey. Em segundo lugar, o casamento do
pragmatismo com a filosofia vinda da Europa (os refugiados do nazismo, isto é,
os membros do Círculo de Viena que aportaram nos Estados Unidos e que
praticamente dominaram uma boa parte dos departamentos de filosofia
norte-americanos). Deste casamento surgiu uma legião de filósofos dentro da
comunidade de língua inglesa, principalmente nos Estados Unidos, entre eles os
nomes célebres de Willard Quine após a Segunda Guerra Mundial e, nos últimos
quarenta anos, o nome de Donald Davidson. Em terceiro lugar o "boom"
do pragmatismo na década de oitenta e noventa a volta do pragmatismo como uma
corrente apta a enfrentar os mais variados campos de discussão. Como a filosofia da mente, lógica, filosofia da
linguagem e epistemologia, filosofia social e política, filosofia da educação,
entre outras.
Uma preocupação do pragmatismo é a verdade.
O método pragmático é tentar interpretar cada noção traçando a suas
conseqüências práticas respectivas.
Pode-se afirmar que o pragmatismo é a forma que o
empirismo tradicional assumiu nos Estados Unidos (cf. REALE, 1991: 485). A
primeira obra publicada desta corrente foi o artigo de Pierce titulada How to Make our Ideas Clear,[5]
publicado em 1878 e posteriormente James a critica utilizando pela primeira vez
o termo pragmatismo. Estes acontecimentos se deram nos Estados Unidos.
Como podemos perceber no parágrafo anterior esta
corrente surgiu nos Estados Unidos no final do século XX e no início do século
XXI teve várias obras publicadas. Chegou a sua força máxima nos primeiros
quinze anos do século XXI. O pragmatismo representa uma noção voltada com
confiança no futuro enquanto que o ponto de vista da história das idéias se
configura como a contribuição mais significativa dos Estados Unidos à filosofia
ocidental.
O surgimento do pragmatismo nos Estados Unidos
representa o alcance a plena autonomia no campo do saber e a ele juntam-se a
política, a economia além da ciência e da técnica. O pragmatismo representa o
modo fiel de pensar e agir do povo americano.
Este trabalho tem por objetivo apresentar os
principais tópicos a cerca do pragmatismo, partindo do pensamento de Charles
Sanders Peirce, além de William James, e John Dewey. Far-se-á um breve
comentário a respeito do pragmatismo a partir da Segunda metade do século XX,
onde alguns comentadores chama de “neopragmatismo” (cf. GHIRARDELI, 2004).
Um dos grandes estudiosos de lógica que se
destacara através da observação dos fenômenos tentou, por meio deles, descobrir
como eles chegavam até a mente. Peirce descobriu que estes fenômenos se davam
através de um processo, da qual ele denominou como sendo categorias do
pensamento e da natureza, que se subdivide em: primeiridade, que é uma
qualidade de sentimento; segundidade, que acolhe a característica de
resistência e confronto; e a terceiridade, que é o estabelecimento de uma regra
de agir.
Para podermos entender com clareza o pragmatismo
devemos ter claras tais categorias, pois são elas que dão sustento para sua
teoria que tem sido vítima de má interpretação. O termo pragmatismo é usado
como sinônimo do que é prático e útil. Esta banalização tem como responsáveis
William James e John Dewey que popularizaram o termo com estas características
distorcendo o seu real significado lógico e epistemológico. Estes pensadores
serão tratados ao longo deste trabalho.
Segundo Peirce, são as conseqüências práticas que
dão ao pensamento a possibilidade de estabelecer crenças, e a obtenção da
crença é o fim último do pensamento (cf. REALE, 1991: 486-492). Por isso com
seu pragmatismo, Peirce estabelece um método para clarear conceitos e crenças
estabelecidas. Nos textos analisados para a formulação deste trabalho estes
dois pontos foram levantados e discutidos.
O trabalho segue o esquema de redação apresentado
pelo professor salvaguardando o quinto capítulo onde apresentaremos as
influências deixadas por esta corrente – o pragmatismo na contexto pós-moderno
– e não dentro de cada autor.
5. CONsiderações
finais
Depois de elucidarmos em nosso trabalho o que
Peirce chamou de Pragmatismo, concluímos que o autor considera como verdadeiro
somente o conhecimento científico, sendo que é este conhecimento que deve ser
fixado em nossa mente, pois este conhecimento é calçado nas experiências
práticas comprovadas.
Entendemos que em Charles Peirce pragmático não é
sinônimo de prático, mas sim que as conseqüências práticas nos dão a base
necessária para atingirmos crenças verdadeiras. Podemos ainda dizer que quando
uma experiência prática não sustenta mais uma teoria, esta deve ser revista,
pois o que a faz ser verdadeira é a sua conseqüência prática.
Tomemos como exemplo a hipótese científica da "impenetrabilidade
da matéria" que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no
espaço. As nossas experiências práticas conseguem sustentar esta teoria, se de
repente duas matérias começarem a ocupar o mesmo lugar no espaço a teoria foi
refutada e deverá ser revista por conta das suas conseqüências práticas não
condizerem mais com o que foi estabelecido.
A realidade se apresenta independente de nós
mesmos, por isso "nossas falhas e as de outros podem adiar indefinidamente
o estabelecimento da opinião", sendo que um dia a verdade esmagadora se
levantará.
[1] A
fixação da crença.
[2]
Diz-se do argumento, conhecimento ou explicação que relaciona um fato com a
sua causa final, ou constituí uma
relação com a finalidade.
[3] PIERCE, Charles. Chance, Love and
Logic, I, 2 § 1; trad. it., p. 39.
[4] DEWEY, John. The Quest for
Certaubty, 1929, p. 37.
[5]
Como tornar clara nossas idéias
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