POSITIVISMO
Conceito:
O
positivismo é portanto uma Filosofia determinista que professa, de um lado, o
experimentalismo sistemático e, de outro, considera anticientífico todo o
estudo das causas finais. Assim, admite que o espírito humano é capaz de atingir
verdades positivas ou de ordem experimental, mas não resolve as questões
metafísicas, não verificadas pela observação e pela experiência.
POSITIVISMO NA FRANÇA
Augusto Comte (68 anos)
Nasce em Montpellier em 19 de
Janeiro de 1789.
Faleceu em 5 de Setembro de 1857,
em Paris.
É
considerado o fundador do positivismo, onde sustenta que a ciência é a única
explicação razoável e legítima para a realidade.
Assim,
enquanto o primitivo poderia explicar por exemplo, a queda dos corpos pela ação
dos deuses, o metafísico Aristóteles a explicaria pela essência dos corpos
pesados, cuja natureza os faz tender para baixo, onde seria o seu “lugar
natural”. Galileu, o espírito positivo, não indagaria o porquê, não procuraria
as causas primeiras e últimas, mas se contentaria em descrever como o fenômeno
ocorre.
Segundo
Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente são reais os
conhecimentos que repousam sobre fatos observados”.[1]
Comte
doutrinava que só era possível conhecer os fenômenos e as suas relações, não a
suas causas primeiras e últimas (essência). Sendo assim, cuidava-se de não
procurar o porquê das coisas, dando preferência à procura das leis. Deste modo,
substitui-se o método a priori pelo método a posteriori.
PORQUÊ? COMO?
ANTIGUIDADE MODERNIDADE
As bases de
sua Filosofia foram as doutrinas de Saint-Simon. O método de investigação para
a determinação dos fatos e suas relações Comte, foi buscar nos filósofos
ingleses: Bacon, Hume entre outros. Comte prossegue a tradição sensualista que
vinha desde Leucipo, Demócrito e Epicuro, passando por Locke e Condillac,
modificada por Taine.
Comte
propõe que os fatos só são conhecidos pela experiência, e que a única válida é
a dos sentidos.
Fundamenta
a sua corrente filosófica antimetafísica, partindo em que é no estado positivo
em que o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter noções absolutas.
Renuncia a indagara a origem do universo e a conhecer as causas íntimas dos
fenômenos e dedica-se a descobri-los pelo uso do raciocínio e da observação.
O
positivismo retoma portanto, a linha desenvolvida pelo empirismo do século
XVIII. Segue a esteira daqueles que aproveitaram a crítica feita por Kant à
metafísica, no século XVIII.
As
leis naturais assim descobertas, constituem a formulação geral de um fato
particular, rigorosamente observado; e daí resulta que a ciência, segundo
Comte, não é mais do que a sistematização do bom senso, que acaba por convencer
de que somos simples espectadores dos fenômenos exteriores, independentes de
nós e que não podemos modificar a ação destes sobre nós, senão submetendo-nos
às leis que o regem.
Como
sistema filosófico, o positivismo busca estabelecer uma unidade máxima na
explicação de todos os fenômenos universais sem recorrer a metafísica já que
esta não é possível de ser conhecida tanto pelo método empírico, ou da
verificação experimental.
E
o que está sujeito ao método das ciências? Augusto Comte só reconhece as
ciências experimentais ou positivas, que tratam dos fatos e das suas leis. E
Comte, distingue assim, as ciências abstratas das concretas.
As
ciências abstratas, que são fundamentais, formam seis grupos, são as seguintes:
Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia. A classificação
destas ciências baseia-se na ordem lógica e cronológica destas ciências. Na
ordem lógica, portanto é próprio da inteligência passar do mais simples e
abstrato para o mais completo e concreto, conforme a regra da síntese proposta
por Descartes. Nesta classificação, a primeira ciência, que é a Matemática, é
mais simples e abstrata que a segunda, a Astronomia, e assim por diante. Na
ordem cronológica, para Comte a primeira ciência, a Matemática foi a primeira
que se constituiu depois a Astronomia, em seguida a Física, a Química, a Biologia
e, por último, a Sociologia que Comte considera a mãe destas ciências.
A
doutrina positivista pode ser considerada sobre quatro aspectos:
Psicológico: em que a Psicologia faz parte da Biologia. Reputa a
alma (espírito) como um conjunto de funções cerebrais.
Ontológico: em que nega as causas eficientes e finais, o infinito
e o absoluto, para reconhecer o relativo, o sensível, o fenomenal, o útil.
“Tudo é relativo, e isso é a única coisa absoluta” é o axioma fundamental do
positivismo.
Sociológico e Religioso: em que partem desde a divisão dos
poderes sociais em material, intelectual e moral, exercidos por pessoas de
classes distintas, até a adoração do Grande Ser, a humanidade, concebida como o
conjunto de todas as almas fortes e eternas, que viveram no passado e que
nascerão no futuro.
O
Grande Ser é o motor imediato de cada existência individual ou coletiva que
inspira a fórmula máxima do positivismo: “O Amor por princípios, e a Ordem por
base; o Progresso por fim”. O positivismo se decompõe em duas divisas usuais:
Uma moral: “Viver para outrem”, ou seja, subordinar o indivíduo à
família, esta à pátria e a pátria à humanidade;
Outra estética: “Ordem e Progresso”, isto é, arranjo, organização,
cada coisa em seu devido lugar para perfeita orientação ética da vida social.
Na
dialética positivista, o amor procura a ordem e a impele para o progresso; a
ordem consolida o amor e dirige o progresso; o progresso desenvolve a ordem e
reconduz o amor. Dessa inspiração altruísta criou Comte sua religião, puramente
natural, racional, científica e exclusivamente humana, que não admite
mistérios, revelação, vontade sobrenatural e que não aceita nenhuma crença,
cuja exatidão a sua razão não lhe tenha podido demonstrar.
A
religião positivista, portanto, baseando-se no conhecimento do mundo, pretende
concorrer para o aperfeiçoamento moral, intelectual e prático da humanidade.
Comte
parte da idéia de que a natureza humana evolui segundo as leis históricas,
embora em si mesma não ocorra nenhuma transformação. Comte divide o estudo da
estrutura social em dois campos principais:
Estudo da ordem social: que ele denomina de estática social
em que estuda o organismo social em suas relações com as condições de
existência, traçando a teoria da ordem.
Estudo da evolução da sociedade: que recebe o nome de dinâmica
social que parte do conjunto para as particularidades, e determina o progresso
geral da humanidade.
Como
doutrina e método, o positivismo passa a enfrentar a sociedade individualista e
liberal, através da ordem e do progresso, que Comte considerava fonte principal
de todo sistema político. É nesta linha partindo da noção de solidariedade que,
em sua opinião, impera uma política de paz e amor (idéia do dever). A política
positiva não reconhece nenhum direito além do de cumprir o dever.
A
solidariedade com a continuidade é a condição fundamental da existência e do
desenvolvimento da humanidade. É, pois na humanidade que o homem irá satisfazer
sua necessidade de um Deus, e seu desejo de imortalidade. Seu destino moral
será servir, acima de tudo, ao Grande Ser, a humanidade.
Para
o positivismo a humanidade é formada só de homens. Comte julgou a mulher
condenada à inferioridade pelas leis irrevogáveis da natureza. Estava Comte,
tão convencido da superioridade do homem que julgava que era o marido que
deveria sustentar a esposa.
O
que realmente caracteriza a política de Comte é a sua preocupação de se
orientar pela moral, que nasce da fraternidade universal.
Comte
não consegue distinguir Ciência Política de Sociologia. O termo Ciência
Política, usado por Saint-Simon, tem o mesmo significado usado por Comte.
Ciência Política, para Comte, é o que diz respeito à história do Estado e à
teoria e prática de sua organização.
Na
dimensão antropológica, o homem como individualidade não existe, na sociedade
científica, senão como membro de outros grupos desde o familiar (unidade básica
por excelência), até o político.
[1] Comte,
A. Curso de Filosofia positiva, in
Col. Os Pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1973, p.7-11.
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