domingo, 16 de junho de 2013

POSITIVISMO

         Conceito:

            O positivismo é portanto uma Filosofia determinista que professa, de um lado, o experimentalismo sistemático e, de outro, considera anticientífico todo o estudo das causas finais. Assim, admite que o espírito humano é capaz de atingir verdades positivas ou de ordem experimental, mas não resolve as questões metafísicas, não verificadas pela observação e pela experiência.

POSITIVISMO NA FRANÇA

            Augusto Comte (68 anos)
Nasce em Montpellier em 19 de Janeiro de 1789.
Faleceu em 5 de Setembro de 1857, em Paris.
         É considerado o fundador do positivismo, onde sustenta que a ciência é a única explicação razoável e legítima para a realidade.
            Assim, enquanto o primitivo poderia explicar por exemplo, a queda dos corpos pela ação dos deuses, o metafísico Aristóteles a explicaria pela essência dos corpos pesados, cuja natureza os faz tender para baixo, onde seria o seu “lugar natural”. Galileu, o espírito positivo, não indagaria o porquê, não procuraria as causas primeiras e últimas, mas se contentaria em descrever como o fenômeno ocorre.
            Segundo Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”.[1]
            Comte doutrinava que só era possível conhecer os fenômenos e as suas relações, não a suas causas primeiras e últimas (essência). Sendo assim, cuidava-se de não procurar o porquê das coisas, dando preferência à procura das leis. Deste modo, substitui-se o método a priori pelo método a posteriori.
                        PORQUÊ?                                                              COMO?
                ANTIGUIDADE                                    MODERNIDADE
            As bases de sua Filosofia foram as doutrinas de Saint-Simon. O método de investigação para a determinação dos fatos e suas relações Comte, foi buscar nos filósofos ingleses: Bacon, Hume entre outros. Comte prossegue a tradição sensualista que vinha desde Leucipo, Demócrito e Epicuro, passando por Locke e Condillac, modificada por Taine.
            Comte propõe que os fatos só são conhecidos pela experiência, e que a única válida é a dos sentidos.
            Fundamenta a sua corrente filosófica antimetafísica, partindo em que é no estado positivo em que o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter noções absolutas. Renuncia a indagara a origem do universo e a conhecer as causas íntimas dos fenômenos e dedica-se a descobri-los pelo uso do raciocínio e da observação.
            O positivismo retoma portanto, a linha desenvolvida pelo empirismo do século XVIII. Segue a esteira daqueles que aproveitaram a crítica feita por Kant à metafísica, no século XVIII.
            As leis naturais assim descobertas, constituem a formulação geral de um fato particular, rigorosamente observado; e daí resulta que a ciência, segundo Comte, não é mais do que a sistematização do bom senso, que acaba por convencer de que somos simples espectadores dos fenômenos exteriores, independentes de nós e que não podemos modificar a ação destes sobre nós, senão submetendo-nos às leis que o regem.
Como sistema filosófico, o positivismo busca estabelecer uma unidade máxima na explicação de todos os fenômenos universais sem recorrer a metafísica já que esta não é possível de ser conhecida tanto pelo método empírico, ou da verificação experimental.
            E o que está sujeito ao método das ciências? Augusto Comte só reconhece as ciências experimentais ou positivas, que tratam dos fatos e das suas leis. E Comte, distingue assim, as ciências abstratas das concretas.
            As ciências abstratas, que são fundamentais, formam seis grupos, são as seguintes: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia. A classificação destas ciências baseia-se na ordem lógica e cronológica destas ciências. Na ordem lógica, portanto é próprio da inteligência passar do mais simples e abstrato para o mais completo e concreto, conforme a regra da síntese proposta por Descartes. Nesta classificação, a primeira ciência, que é a Matemática, é mais simples e abstrata que a segunda, a Astronomia, e assim por diante. Na ordem cronológica, para Comte a primeira ciência, a Matemática foi a primeira que se constituiu depois a Astronomia, em seguida a Física, a Química, a Biologia e, por último, a Sociologia que Comte considera a mãe destas ciências.
            A doutrina positivista pode ser considerada sobre quatro aspectos:
Psicológico: em que a Psicologia faz parte da Biologia. Reputa a alma (espírito) como um conjunto de funções cerebrais.
Ontológico: em que nega as causas eficientes e finais, o infinito e o absoluto, para reconhecer o relativo, o sensível, o fenomenal, o útil. “Tudo é relativo, e isso é a única coisa absoluta” é o axioma fundamental do positivismo.
Sociológico e Religioso: em que partem desde a divisão dos poderes sociais em material, intelectual e moral, exercidos por pessoas de classes distintas, até a adoração do Grande Ser, a humanidade, concebida como o conjunto de todas as almas fortes e eternas, que viveram no passado e que nascerão no futuro.
            O Grande Ser é o motor imediato de cada existência individual ou coletiva que inspira a fórmula máxima do positivismo: “O Amor por princípios, e a Ordem por base; o Progresso por fim”. O positivismo se decompõe em duas divisas usuais:
Uma moral: “Viver para outrem”, ou seja, subordinar o indivíduo à família, esta à pátria e a pátria à humanidade;
Outra estética: “Ordem e Progresso”, isto é, arranjo, organização, cada coisa em seu devido lugar para perfeita orientação ética da vida social.
            Na dialética positivista, o amor procura a ordem e a impele para o progresso; a ordem consolida o amor e dirige o progresso; o progresso desenvolve a ordem e reconduz o amor. Dessa inspiração altruísta criou Comte sua religião, puramente natural, racional, científica e exclusivamente humana, que não admite mistérios, revelação, vontade sobrenatural e que não aceita nenhuma crença, cuja exatidão a sua razão não lhe tenha podido demonstrar.
            A religião positivista, portanto, baseando-se no conhecimento do mundo, pretende concorrer para o aperfeiçoamento moral, intelectual e prático da humanidade.
            Comte parte da idéia de que a natureza humana evolui segundo as leis históricas, embora em si mesma não ocorra nenhuma transformação. Comte divide o estudo da estrutura social em dois campos principais:
Estudo da ordem social: que ele denomina de estática social em que estuda o organismo social em suas relações com as condições de existência, traçando a teoria da ordem.
Estudo da evolução da sociedade: que recebe o nome de dinâmica social que parte do conjunto para as particularidades, e determina o progresso geral da humanidade.
            Como doutrina e método, o positivismo passa a enfrentar a sociedade individualista e liberal, através da ordem e do progresso, que Comte considerava fonte principal de todo sistema político. É nesta linha partindo da noção de solidariedade que, em sua opinião, impera uma política de paz e amor (idéia do dever). A política positiva não reconhece nenhum direito além do de cumprir o dever.
            A solidariedade com a continuidade é a condição fundamental da existência e do desenvolvimento da humanidade. É, pois na humanidade que o homem irá satisfazer sua necessidade de um Deus, e seu desejo de imortalidade. Seu destino moral será servir, acima de tudo, ao Grande Ser, a humanidade.
            Para o positivismo a humanidade é formada só de homens. Comte julgou a mulher condenada à inferioridade pelas leis irrevogáveis da natureza. Estava Comte, tão convencido da superioridade do homem que julgava que era o marido que deveria sustentar a esposa.




            O que realmente caracteriza a política de Comte é a sua preocupação de se orientar pela moral, que nasce da fraternidade universal.
            Comte não consegue distinguir Ciência Política de Sociologia. O termo Ciência Política, usado por Saint-Simon, tem o mesmo significado usado por Comte. Ciência Política, para Comte, é o que diz respeito à história do Estado e à teoria e prática de sua organização.
            Na dimensão antropológica, o homem como individualidade não existe, na sociedade científica, senão como membro de outros grupos desde o familiar (unidade básica por excelência), até o político.


[1] Comte, A. Curso de Filosofia positiva, in Col. Os Pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1973, p.7-11. 

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