A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
“É
importante relembrar que Weber está longe de afirmar que a religião luterana
foi a única causa do capitalismo”[1].
E assim assimila a idéia de vocação dos luteranos e a idéia da predestinação dos calvinistas com o
capitalismo. Continuando, “a ética
protestante muito mais favoreceu do que
gerou sozinha o capitalismo”[2].
Weber estabelece uma afinidade entre o protestantismo e o capitalismo.
O
puritanismo inglês, nascido do Calvino, que tem como um dos representantes Richard
Baxter. “Orientou seu campo de ação essencialmente na direção do momento
prático à vida moral e religiosa.”[3]
Condena a busca pela riqueza
que leve ao ócio (lazer), a sensualidade. A riqueza com tal e um grave perigo e
é moralmente errado por que deixe de lado a procura por uma vida santificada,
prega-se que o eterno descanso da santidade encontra-se no outro mundo. Para o
Puritanismo, na Terra o homem deve trabalhar o dia todo em favor do que lhe foi
destinado, para dessa maneira, estar seguro de seu estado de graça. Se as
pessoas não relaxasse ou abandonasse a
vida Santa, ter posse seria aprovado porque cada hora perdida é trabalho
retirado da glória de Deus.
Calvino não via na riqueza um obstáculo a sua
performance, mas, ao contrário, enxergava aí um aumento plenamente desejável de
seu prestígio e permitia aos calvinistas investirem suas posses lucrativamente
com a única condição de evitarem o escândalo.
Ter um momento a
Deus e o demais tempo trabalhar para estar em estado de graça junto a Deus. O
trabalho é visto como uma forma de ascese, um preventivo contra as tentações.
“Mas, o mais importante é que o trabalho constitui, antes de mais nada, a
própria finalidade da vida”.[4]
Sendo assim até mesmo o estudo estão sendo direcionado para o trabalho. O que
vale é ser um bom trabalhador, a falta de vontade de trabalhar seria uma
ausência do estado de graça.
Baseada na expressão paulina: “quem não
trabalha não deve comer”,voltando-se o olhar a essa visão de trabalho, todas as
pessoas há de trabalhar para a glorificação de Deus. Na idade media o trabalho
era visto como necessidade, São Tomas via que o trabalho como algo necessário
para a manutenção da vida do indivíduo e da coletividade.
Lutero
coloca que a profissionalização, sendo as mais diversas camadas e vocações, se
dá por vontade divina e cada um tem a obrigação de se manter em tal classe
social, como um dever religioso. Mesmo sendo rico deve se trabalhar, isso não é motivo para não ter obediência a Deus como
o pobre e assim, deve trabalhar também. Se coloca que Deus tem a intencional na
caminhada profissional, sendo assim, se Deus indica o caminho da riqueza, então
é permitido trabalhar para ficar rico. Mas a riqueza deve ser somente para mais
tarde viver sem preocupação prazerosamente.
Para os puritanos, a vida profissional da ao
homem certo treino moral, provando seu estado de graça à sua consciência,
ajudando-o a cumprir a sua vocação. Para
se conhecer em que situação social devemos ficar deve se olhar os frutos.
O homem
seria como que um guardião dos bens que lhe foram confiados, e como o servo da
Bíblia, deverá prestar conta de cada centavo, não podendo desperdiçar nada em
coisas supérfluas, eram contra o uso irracional da riqueza. Riqueza era bem
vista, mas era condenado a cobiça (ambição de riqueza como fim último de ser
rico). Mas o mais importante, a grande ênfase dada ao constante e sistemático
labor vocacional secular, como o mais alto instrumento de ascese e mais seguro
meio de preservação da fé e do homem, que foi a mais poderosa alavanca da
expressão da concepção de vida, apontada na obra de Weber como o “espírito do
capitalismo”.
A concepção
de trabalho como vocação influenciou tanto modernos trabalhadores como os
empresários. Quando o ascetismo foi levado para a vida profissional, começou a
determinar o estilo de vida de todo individuo nascido sob o sistema formado na
moderna ordem econômica e técnica. Os bens materiais foram assumidos de uma
forma que o capitalismo já não mais necessitou de seu antigo abrigo. A idéia
protestante foi de incentivar o trabalho como vocação, sendo um meio de
certificar-se do estado de graça. Mas essa concepção levou as pessoas à vocação
para o lucro. Essa idéia de trabalho como vocação fazia as pessoas caminharem
mesmo que inconscientemente para o capitalismo.
Liberando a
busca da riqueza e restringindo a do consumo, o resultado que daí decorre é a
acumulação capitalista, ao investimento de capital. Mas graças às tentações da
riqueza os ideais puritanos fraquejaram. Assim a economia tomou tal dimensão
que a religião não era mais o centro na vida das pessoas, ou seja elas não se
deixavam mais guiar pelos ideais religiosos. Com o enfraquecimento da
religiosidade o que reinava era o utilitarismo.
Umas das obras mais populares
deste autor, ele coloca um pouco da influência da religião no capitalismo. Em
sua obra Weber coloca que o protestantismo foi uma das causas do capitalismo,
com isso ele admite que há causas múltiplas como a própria economia, a
política.
Se levanta a questão de um
trabalho honesto, onde a ética de vida era de obter a riqueza. Capitalista é
quem ganha dinheiro com seu suor, trabalho. busca da riqueza pelo o trabalho.
Vale a pena lembrar que essa maneira de ser vem da ética protestante. Trata de
uma ascese no mundo.
O calvinismo também teve seu
papel para a firmação do capitalismo já que sua doutrina é de que os homens são
pré-destinados por Deus para a salvação ou para a condenação. O sinal para
saber se seria ou não salvo, trata do sucesso ou não no trabalho, ou seja, os
frutos. Assim, com o esforço no trabalho glorificava-se a Deus e
conseqüentemente dirigia-se para o enriquecimento. Um grande incentivo ao
trabalho.
Mas isso tudo não poderia dar
muito certo com o homem. O ser humano ao ver dinheiro, ao ver que pode cada vês
mais sem a necessidade de ter alguém superior, alguém para mandar sai fora e
toma seu próprio rumo. Como um empregado e patrão. Quando uma pessoa incorpora
o espírito capitalista, ela pensa em produzir cada vez mais para acumular cada
vez mais. O homem se desligou a tal ponto que se desligou da religião e ganhou
autonomia.
“Os homens deixam a vida ser guiada pelo
sistema econômico e ai uma racionalização, uma disciplinada e ordenada, voltada
para o trabalho. assim o protestantismo mostra-se como forma racionalizada de
vida. Weber ao descrever a origem do capitalismo, chama esse processo de
desencantamento do mundo”. [5]
Geralmente as pessoas ficam voltadas para
riqueza, prendem-se no material e não buscam o que a religião propõe, o
não-material. Pensando nisso o protestantismo, para não deixar essa regra
firmar-se, exigia uma disciplina muito mais rígida do que o catolicismo.
REFERÊNCIAS
Cell, C.E. Sociologia
clássica. 3ª ed. Itajaí: Univalli
Edifurb, 2004
WEBER, M. A
ética protestante e o espírito do capitalismo. 11ª.Ed. São Paulo: Pioneira,
1996
ARON R. As
etapas do pensamento sociológico. 6ª ed. São Paulo: Martins fontes, 2002
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