sábado, 15 de junho de 2013

A ASCESE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO
“É importante relembrar que Weber está longe de afirmar que a religião luterana foi a única causa do capitalismo”[1]. E assim assimila a idéia de vocação dos luteranos e a  idéia da predestinação dos calvinistas com o capitalismo.  Continuando, “a ética protestante muito mais favoreceu  do que gerou sozinha o capitalismo”[2]. Weber estabelece uma afinidade entre o protestantismo e o capitalismo.  
O puritanismo inglês, nascido do Calvino, que tem como um dos representantes Richard Baxter. “Orientou seu campo de ação essencialmente na direção do momento prático à vida moral e religiosa.”[3]
Condena a busca pela riqueza que leve ao ócio (lazer), a sensualidade. A riqueza com tal e um grave perigo e é moralmente errado por que deixe de lado a procura por uma vida santificada, prega-se que o eterno descanso da santidade encontra-se no outro mundo. Para o Puritanismo, na Terra o homem deve trabalhar o dia todo em favor do que lhe foi destinado, para dessa maneira, estar seguro de seu estado de graça. Se as pessoas não relaxasse ou  abandonasse a vida Santa, ter posse seria aprovado porque cada hora perdida é trabalho retirado da glória de Deus.
 Calvino não via na riqueza um obstáculo a sua performance, mas, ao contrário, enxergava aí um aumento plenamente desejável de seu prestígio e permitia aos calvinistas investirem suas posses lucrativamente com a única condição de evitarem o escândalo. 
             Ter um momento a Deus e o demais tempo trabalhar para estar em estado de graça junto a Deus. O trabalho é visto como uma forma de ascese, um preventivo contra as tentações. “Mas, o mais importante é que o trabalho constitui, antes de mais nada, a própria finalidade da vida”.[4] Sendo assim até mesmo o estudo estão sendo direcionado para o trabalho. O que vale é ser um bom trabalhador, a falta de vontade de trabalhar seria uma ausência do estado de graça.
 Baseada na expressão paulina: “quem não trabalha não deve comer”,voltando-se o olhar a essa visão de trabalho, todas as pessoas há de trabalhar para a glorificação de Deus. Na idade media o trabalho era visto como necessidade, São Tomas via que o trabalho como algo necessário para a manutenção da vida do indivíduo e da coletividade.
Lutero coloca que a profissionalização, sendo as mais diversas camadas e vocações, se dá por vontade divina e cada um tem a obrigação de se manter em tal classe social, como um dever religioso. Mesmo sendo rico deve se trabalhar, isso  não é motivo para não ter obediência a Deus como o pobre e assim, deve trabalhar também. Se coloca que Deus tem a intencional na caminhada profissional, sendo assim, se Deus indica o caminho da riqueza, então é permitido trabalhar para ficar rico. Mas a riqueza deve ser somente para mais tarde viver sem preocupação prazerosamente.
  Para os puritanos, a vida profissional da ao homem certo treino moral, provando seu estado de graça à sua consciência, ajudando-o  a cumprir a sua vocação. Para se conhecer em que situação social devemos ficar deve se olhar os frutos.
O homem seria como que um guardião dos bens que lhe foram confiados, e como o servo da Bíblia, deverá prestar conta de cada centavo, não podendo desperdiçar nada em coisas supérfluas, eram contra o uso irracional da riqueza. Riqueza era bem vista, mas era condenado a cobiça (ambição de riqueza como fim último de ser rico). Mas o mais importante, a grande ênfase dada ao constante e sistemático labor vocacional secular, como o mais alto instrumento de ascese e mais seguro meio de preservação da fé e do homem, que foi a mais poderosa alavanca da expressão da concepção de vida, apontada na obra de Weber como o “espírito do capitalismo”.
A concepção de trabalho como vocação influenciou tanto modernos trabalhadores como os empresários. Quando o ascetismo foi levado para a vida profissional, começou a determinar o estilo de vida de todo individuo nascido sob o sistema formado na moderna ordem econômica e técnica. Os bens materiais foram assumidos de uma forma que o capitalismo já não mais necessitou de seu antigo abrigo. A idéia protestante foi de incentivar o trabalho como vocação, sendo um meio de certificar-se do estado de graça. Mas essa concepção levou as pessoas à vocação para o lucro. Essa idéia de trabalho como vocação fazia as pessoas caminharem mesmo que inconscientemente para o capitalismo.
Liberando a busca da riqueza e restringindo a do consumo, o resultado que daí decorre é a acumulação capitalista, ao investimento de capital. Mas graças às tentações da riqueza os ideais puritanos fraquejaram. Assim a economia tomou tal dimensão que a religião não era mais o centro na vida das pessoas, ou seja elas não se deixavam mais guiar pelos ideais religiosos. Com o enfraquecimento da religiosidade o que reinava era o utilitarismo.
Umas das obras mais populares deste autor, ele coloca um pouco da influência da religião no capitalismo. Em sua obra Weber coloca que o protestantismo foi uma das causas do capitalismo, com isso ele admite que há causas múltiplas como a própria economia, a política.
Se levanta a questão de um trabalho honesto, onde a ética de vida era de obter a riqueza. Capitalista é quem ganha dinheiro com seu suor, trabalho. busca da riqueza pelo o trabalho. Vale a pena lembrar que essa maneira de ser vem da ética protestante. Trata de uma ascese no mundo.
O calvinismo também teve seu papel para a firmação do capitalismo já que sua doutrina é de que os homens são pré-destinados por Deus para a salvação ou para a condenação. O sinal para saber se seria ou não salvo, trata do sucesso ou não no trabalho, ou seja, os frutos. Assim, com o esforço no trabalho glorificava-se a Deus e conseqüentemente dirigia-se para o enriquecimento. Um grande incentivo ao trabalho.
Mas isso tudo não poderia dar muito certo com o homem. O ser humano ao ver dinheiro, ao ver que pode cada vês mais sem a necessidade de ter alguém superior, alguém para mandar sai fora e toma seu próprio rumo. Como um empregado e patrão. Quando uma pessoa incorpora o espírito capitalista, ela pensa em produzir cada vez mais para acumular cada vez mais. O homem se desligou a tal ponto que se desligou da religião e ganhou autonomia.
             “Os homens deixam a vida ser guiada pelo sistema econômico e ai uma racionalização, uma disciplinada e ordenada, voltada para o trabalho. assim o protestantismo mostra-se como forma racionalizada de vida. Weber ao descrever a origem do capitalismo, chama esse processo de desencantamento do mundo”. [5]
             Geralmente as pessoas ficam voltadas para riqueza, prendem-se no material e não buscam o que a religião propõe, o não-material. Pensando nisso o protestantismo, para não deixar essa regra firmar-se, exigia uma disciplina muito mais rígida do que o catolicismo.
                               


















REFERÊNCIAS


Cell, C.E. Sociologia clássica. 3ª ed. Itajaí: Univalli Edifurb, 2004
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 11ª.Ed. São Paulo: Pioneira, 1996   
ARON R. As etapas do pensamento sociológico. 6ª ed. São Paulo: Martins fontes, 2002

































VITOR SCHLICKMANN














A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO




[1] Sell, C.E. sociologia clássica. 3ª edição, p. 118
[2] Sell, C.E. sociologia clássica. 3ª edição, p. 118
[3] Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Cap. II, p.
[4] Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Cap. II, p113.
[5] Sell, C.E. sociologia clássica. 3ª edição

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