quarta-feira, 12 de junho de 2013

                
PRAGMATISMO
indíce
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 4
1. noção............................................................................................................................................................ 5
2. origem filosófica e geográfica........................................................................................... 6
3. principais pensadores..................................................................................................................... 7
3.1  CHARLES SANDERS PEIRCE............................................................................................................. 8
3.2 william james.................................................................................................................................. 16
3.3 JOHN DEWEY......................................................................................................................................... 21
4. o pragmatismo contemporâneo.......................................................................................... 27
5. CONsiderações finais..................................................................................................................... 29
Referência bibliográfica............................................................................................................. 30


Este trabalho tem por objetivo apresentar os principais tópicos a cerca do pragmatismo, partindo do pensamento de Charles Sanders Peirce, além de William James, e John Dewey. Far-se-á um breve comentário a respeito do pragmatismo a partir da Segunda metade do século XX, onde alguns comentadores chama de “neopragmatismo” (cf. GHIRARDELI, 2004).
Um dos grandes estudiosos de lógica que se destacara através da observação dos fenômenos tentou, por meio deles, descobrir como eles chegavam até a mente. Peirce descobriu que estes fenômenos se davam através de um processo, da qual ele denominou como sendo categorias do pensamento e da natureza, que se subdivide em: primeiridade, que é uma qualidade de sentimento; segundidade, que acolhe a característica de resistência e confronto; e a terceiridade, que é o estabelecimento de uma regra de agir.
Para podermos entender com clareza o pragmatismo devemos ter claras tais categorias, pois são elas que dão sustento para sua teoria que tem sido vítima de má interpretação. O termo pragmatismo é usado como sinônimo do que é prático e útil. Esta banalização tem como responsáveis William James e John Dewey que popularizaram o termo com estas características distorcendo o seu real significado lógico e epistemológico. Estes pensadores serão tratados ao longo deste trabalho.
Segundo Peirce, são as conseqüências práticas que dão ao pensamento a possibilidade de estabelecer crenças, e a obtenção da crença é o fim último do pensamento (cf. REALE, 1991: 486-492). Por isso com seu pragmatismo, Peirce estabelece um método para clarear conceitos e crenças estabelecidas. Nos textos analisados para a formulação deste trabalho estes dois pontos foram levantados e discutidos.
O trabalho segue o esquema de redação apresentado pelo professor salvaguardando o quinto capítulo onde apresentaremos as influências deixadas por esta corrente – o pragmatismo na contexto pós-moderno – e não dentro de cada autor.


pragmatismo
Se houver qualquer vida que seja realmente melhor levarmos e qualquer idéia que aceita por nós, nos ajude a vive-la, será realmente melhor para nós acreditar em tal idéia, a menos que isso se choque incidentalmente com outros benefícios vitais maiores.

JAMES, William. Pragmatismo, 1907.

A palavra pragmatismo tem origem do grego pragmatikós que quer dizer relativo aos atos que se devem praticar, ou pragma, que significa ação, de onde a palavra prática procede. O termo inglês utilizado é pragmatism que possuí o significado de natureza prática ou concepção positiva da realidade. Veremos mais adiante neste trabalho que esta corrente da filosofia contemporânea surgiu nos Estados Unidos, país de origem britânica. Usamos a palavra pragmatismo em nosso cotidiano como algo que define aquilo que é útil ou propicie uma espécie de êxito ou satisfação. Vamos nos deter a compreensão filosófica do termo.
O pragmatismo representa uma noção de uma filosofia voltada com confiança para o futuro, uma filosofia genuinamente americana. Este termo foi introduzido por William James na revista Califórina Union, em 1897 ao comentar um ensaio de Peirce entitulado The Fixation of Belief[1]. O termo pretende descrever que a verdade para os pragmatistas representa uma relação inteiramente imanente à experiência humana; o conhecimento é um instrumento e está a serviço da atividade e o pensamento tem um caráter essencialmente teleológico[2]. A verdade de uma proposição consiste, portanto, no fato de “ser útil”, ou ser “bem sucedida”. Estas fórmulas estão bem sucedidas na obra de James A vontade de crer (1897), Humanismo e Verdade (1904) e na obra Pragmatismo (1907).
O pragmatismo não pretende definir a verdade (propriamente em si) ou a realidade, mas compreende-se a verdade de uma proposição como apenas um procedimento para determinar o significado dos termos e da própria proposições.
É impossível ter na mente uma idéia que se refira a outra coisa que não os efeitos sensíveis das coisas. Nossa idéia de um objeto é a idéia de seus efeitos sensíveis. (...) Assim, a regra para atingir o último grau de clareza na apreensão das idéias é a seguinte: considerar quais são os efeitos que concebivelmente terão o alcance prático que atribuímos ao objeto da nossa compreensão. A concepção destes efeitos é a nossa concepção de objeto (PEIRCE[3] citado por LALANDE, 1999: 838).
A função desta regra metodológica transcrita acima é de que a função do pensamento é de produzir hábitos de ação. A regra proposta por Peirce era, portanto, sugerida pela exigência de achar critérios racionais experimentais ou científicos que dessem conta do problema das crenças. Outro pensador que segue esta mesma linha de pensamento é Dewey que define pragmatismo como o ato de “conceber o conhecimento e a prática como meios para tornar seguros, na experiência, os bens que são as coisas excelentes de qualquer espécie” (DEWEY[4] citado por ABBAGNANO, 1999: 784).  Partindo desta citação encontramos um ponto comum entre Dewey e Pierce onde compartilham da idéia do experimentalismo evidenciando um caráter instrumental e operacional de todos os procedimentos do conhecer.

Pode-se afirmar que o pragmatismo é a forma que o empirismo tradicional assumiu nos Estados Unidos (cf. REALE, 1991: 485). A primeira obra publicada desta corrente foi o artigo de Pierce titulada How to Make our Ideas Clear,[5] publicado em 1878 e posteriormente James a critica utilizando pela primeira vez o termo pragmatismo. Estes acontecimentos se deram nos Estados Unidos.
Como podemos perceber no parágrafo anterior esta corrente surgiu nos Estados Unidos no final do século XX e no início do século XXI teve várias obras publicadas. Chegou a sua força máxima nos primeiros quinze anos do século XXI. O pragmatismo representa uma noção voltada com confiança no futuro enquanto que o ponto de vista da história das idéias se configura como a contribuição mais significativa dos Estados Unidos à filosofia ocidental.
O surgimento do pragmatismo nos Estados Unidos representa o alcance a plena autonomia no campo do saber e a ele juntam-se a política, a economia além da ciência e da técnica. O pragmatismo representa o modo fiel de pensar e agir do povo americano.
Destacam-se os pensadores americanos Charles Pierce (1839-1914), William James (1842-1910), George Mead (1863-1931) e John Dewey (1859-1952), além do alemão Schiller (1864-1937) que concluiria os seus estudos em Los Angeles. Na Europa  na passagem do século sobressaíram Giovanni Pappini (1881-1956), Giovanni Vailati (1863-1909) e Mario Calderoni (1879-1914) na Itália; Hans Vahinger na Alemanha e Miguel de Unamuno (1864-1936) na Espanha que surgira como uma reação ao positivismo e ao materialismo positivismo conduzido pela insígnia do espiritualismo[6].

Charles Sanders Peirce, nasceu em 1839 e sua morte é datada em 1914, ano de início da Primeira Grande Guerra Mundial. Físico e filósofo norte-americano. Estudou na Universidade de Harvard. Doutorado em química, 1963. Por 30 anos trabalhou na Comissão de Estudos Geodésicos dos Estados Unidos da América. Por isso seu primeiro livro, publicado em 1878, se ocupará com esta área temática. Entretanto suas ocupações mentais se haviam dirigido também para a lógica e a filosofia em geral. Foi professor de filosofia sem título permanente da Universidade de Harvard (Cambridge, Massachussets) de 1864 a1865, e novamente no período de  1869 a 1870; por último, de lógica, de 1879 a 1884, na Universidade de John Hopkins (Baltimore). Demitido por razões pouco claras, se sabe que foi um homem de temperamento difícil. Apoiado com uma pequena herança, retirou-se em 1887 à Milfort, Pensilvânia, dedicando-se no restante de sua vida à filosofia, escrevendo e eventualmente também fazendo conferências.
Não obstante sua atuação contemporânea, Peirce foi sobretudo um filósofo de repercussão tardia, e o foi em vários campos da filosofia; alias pouco publicou em vida. Importa Peirce ainda como filósofo da fase formativa da história da filosofia dos Estados Unidos da América.

Principais obras

Investigações fotométricas (Photometric researches), em 1878; Estudos de lógica (Studies in logic) em 1883 – sua obra principal; A grande lógica (The great logic, deixada inédita. O mais que publicou em revistas ou deixou inédito, foi reordenado postumamente.
Publicado como obra póstuma: Papéis coletados de Charles Sanders Peirce (Collected papers of Charles Peirce, oito volumes, 1931-1958): I - Princípios de filosofia (Principles of philosophy, 1931), II- Elementos de lógica (Elements of logic, 1932), III - Lógica exata (Exact logic, 1933), IV - A matemática mais simples (The simplest mathematics, 1933), V - Pragmatismo e pragmaticismo (Pragmatism and pragmaticism, 1934), VI Metafísica científica (Scientifics metaphysics, 1935), VII - Ciência e filosofia (Science and philosophy, 1958); VIII - Revisões. Correspondência e bibliografia (Reviews. Correspondence and bibliography, 1958). Estas obras foram organizadas por Ch.Hartshorne, P. Weiss e A. W. Buks publicadas entre o período de 1931 a 1958. Ainda a obra: Novos elementos de matemática (News elements of mathematics, quatro volumes, 1976): I - Elementos de aritmética (Elements of arithmtic), II - Elementos de álgebra e geometria, III - Miscelânea matemática (Mathematical miscellanea), IV - Filosofia matemática (Mathematical philosophy)
Destacam-se os artigos: The Works of George Berkely (O trabalho de George Berkeley) em 1871; Como tornar claras as nossas idéias (How to make our ideas clear, 1878), publicado em Popular Science Montly, sendo considerado marco inicial do pragmatismo; A fixação das crenças (The fixation of belief, 1879); O que é o pragmatismo (What pragmatism is, 1905), em The Monist.

Influências Recebidas

Estabeleceu uma Peirce uma atitude crítica em relação ao pensamento tradicional, ao qual estudou nas fontes principais, como o empirismo inglês estudando de modo particular Berkeley onde está fundamentada a primeira formulação do pragmatismo;  o pensamento alemão, e de modo particular Kant; e buscou elementos na filosofia medieval de Duns Scoto.

Principais Idéias

As Categorias

Algo que merece ser destacado com uma contribuição significativa deixada pelo pragmatismo e de modo especial por Peirce é questão das categorias. Estas categorias chegaram até ele pelo estudo da lógica através da "observação direta dos fenômenos, nos modos como eles se apresentam à mente" (SANTAELLA, 1983: 45). Mais tarde através de rigorosos estudos ele descobre as categorias nas diversas áreas da ciência: da psicologia à fisiologia do sistema nervoso e na teoria das células, logo na evolução biológica e no cosmos físico como um todo. Antes disso, sua fenomenologia foi quase que rejeitada pelo fato de resumir uma vasta qualidade de fenômenos ao número de três categorias. As categorias foram classificadas pelo modo como o fenômeno aparece à consciência como: Primeiridade, Segundidade e Terceiridade.

Primeiridade
A Primeiridade é o fenômeno no presente momento em que vivemos. É um primeiro contato com a realidade que transfere os movimentos à consciência imediata que é a pura qualidade de sentimento. Sendo que tudo isso acontece no presente e este é muito rápido, quando queremos percebê-lo já se tomou passado.
Qualidade de sentimento é a primeira forma de percepção do mundo, sendo também, potencialidade de vir a ser comparando aqui com o termo aristotélico de ato e potência, podemos afirmar que esta qualidade de sentimento tem a capacidade de tomar-se. Um exemplo vai clarear tal conceito é que tenho em mim um desejo, à vontade de comer uma torta de chocolate, enquanto este desejo está em mim é primeiro, quando realizo a vontade de comer a torta, quando tenho o contato direto com ela, então tal desejo se toma um segundo. Como primeiridade esta potência é apenas sentimento e se toma uma segundidade quando a capacidade que existia no primeiro se tomou ato.
Como puro sentimento a primeiridade possui como características fundamentais à liberdade, a intimidade e a "subjetividade", podendo assim ser compreendida e transposta de vários modos, por exemplo, através da música, da arte, do devaneio, da fantasia etc... Isso porque "trata-se de estados de disponibilidade, percepção cândida, consciência esgarçada, desprendida e porosa, aberta ao mundo sem lhe opor resistência, consciência passiva, sem eu, liberta dos policiamentos do autocontrole e de qualquer esforço de comparação, interpretação ou análise" (SANTAELLA, 1983: 46).

Segundidade
A segundidade tem como característica a sensação que segundo SANTAELLA é composta por duas partes: o sentimento e a força da inerência desse sentimento num sujeito (1983: 48).
Á qualidade de sentimento, que é primeiro, se diferencia, pois esta é simples e positiva, não se defronta com outro. Sendo que a categoria da primeiridade antecede a da segundidade, pois como tem o puro sentimento ou a potencialidade de tornar-se ela se concretiza ou se torna ato com a experiência do segundo.
A segundidade como sensação encontra oposição e resistência nestas experiências que são feitas com o outro que age por si mesmo. Nesta experiência encontramos ação e reação que marcam também a lista de características da segundidade, pois afinal quando estabelecemos relações os objetos envolvidos agem independentes de nossas vontades e preferências, podemos aqui voltar ao exemplo da torta de chocolate, quando sentimos vontade de comer uma torta de chocolate imaginamos comer uma deliciosa torta, a delícia da torta independe do nosso querer ou do nosso imaginar, pois nem sempre encontramos aquela torta que desejamos ou esperávamos comer, ela é uma torta de chocolate independente de nossa preferência por mais ou menos chantilly. A torta real desafia nosso desejo, resiste a ele, e essa sensação de resistência é uma das características da segundidade.
Contudo, dificilmente conseguimos perceber a presença dos sentimentos, que são ou fazem parte da primeiridade, pois mais facilmente conseguimos perceber aquilo que para nós são obstáculos, que a nós resistem e existem no mundo.                       
Terceiridade
Com a terceiridade está completo o que Peirce chamou de Categorias do pensamento e da natureza. Entendemos que a categoria da primeiridade nos possibilita a percepção imediata dos fenômenos através dos sentimentos e que a segundidade "é aquilo que dá à experiência seu caráter factual de luta e confronto" (SANTAELLA, 1983: 52). Desse modo podemos afirmar com as mesmas palavras de Santaella que a terceiridade é uma "síntese intelectual" dessas duas categorias e sendo síntese intelectual ela é a generalização dos fenômenos através das experiências individuais que necessitam de tempo para chegar a tal universalidade, estes individuais acontecem e ao longo das observações estabelecemos conceitos gerais e os representamos por signos.
Tendo esta última categoria a característica de generalidade ela aproxima o primeiro e o segundo para dar ao conceito um número maior de fenômenos.
Podemos então, entender que a partir desta generalização representamos regras gerais e passamos a entender o mundo através de signos. Sendo que o signo que representa uma regra geral é chamado de símbolo, embora cada signo dependa de um outro para que possamos entender seu significado.                                                   

A Formulação Do Pragmatismo
Depois de termos compreendidos o que Peirce chamou de "Categorias do pensamento" voltemos nossos estudos ao que ele denominou como sendo Pragmatismo. Analisaremos o termo com base em dois de seus artigos How to make our ideas clear e The fixation of belief. [7]
Sendo que em primeiro lugar devemos citar a oposição de Peirce a Descartes que com sua filosofia tenta romper a autoridade escolástica e com isso assume como método filosófico o ceticismo e o apriorismo.   O termo a priori que também foi usado pelos escolásticos adquire no cartesianismo um novo conceito. Ele passa a ser usado como sinônimo dos conhecimentos que podem ser obtidos apenas através da razão.
Assim a união do ceticismo com o já explícito apriorismo denota a filosofia cartesiana como uma doutrina filosófica que duvida de todo o conhecimento sensível e adota como verdade somente o conhecimento racional.
Contudo Peirce critica Descartes não por sua filosofia partir da dúvida, mas por sua filosofia não partir de uma dúvida real e distinta e por consequentemente colocar também em dúvida crenças já estabelecidas e distintas, ou seja, crenças que de fato nós não duvidamos, pois agimos segundo elas. A dúvida é um estado de mente, que a incita e a excita a buscar a crença. E uma crença para ser clara e distinta parte de dúvidas reais em relação ao modo de agir. PEIRCE citado por SANTAELLA (1983: 56) encontramos que "A essência da crença é a criação de um hábito e diferentes crenças se distinguem pêlos diferentes tipos de ação a que dão lugar. Se duas crenças não diferem quanto a esse aspecto, se aplacam a mesma dúvida.”
Como tomar claras nossas idéias é o objetivo estabelecido por Peirce em seu primeiro artigo citado, onde ele afirma que o pensamento tem como finalidade a geração de hábitos de agir. Ele deixa claro que ao pensamento é reservado o papel de estabelecer o nosso agir. E que se existir em nós sensação que não produza ação não podemos chamar de pensamento, pois "nossa idéia a respeito de algo é nossa idéia acerca de seus efeitos sensíveis" (SANTAELLA, 1983: 59).
O exemplo ressaltado no texto para melhor entendermos este princípio é a doutrina da transubstanciação, para a Igreja Católica os elementos do sacramento são literalmente carne e sangue, embora possua todas as qualidades sensíveis de hóstia e de vinho diluído. Assim entendemos que esta crença está baseada tão somente em efeitos sensíveis, é ilusão acreditar que vinho possa ser confundido com sangue, pois cada qual possui suas características em especial.
Para alcançarmos uma crença, de acordo com o nosso autor, temos quê passar por suas propriedades: primeiro é algo de que estamos cientes; secundo aplaca a irritação da dúvida e terceiro envolve o surgimento de um hábito. E o hábito acompanhado pela vontade encerra a função do pensamento que é a produção de uma regra de ação que também podemos chamar de crença.
Aqui se nos reportarmos ao que Peirce chamou de categorias do pensamento podemos melhor compreender seu pragmatismo, pois são elas que possibilitam a obtenção de um hábito e em  particular podemos atribuir esta responsabilidade a terceiridade que dependente da primeiridade e da segundidade estabelece no pensamento modos de agir.
Como sabemos a primeiridade é a primeira forma de percepção do mundo como qualidade de sentimento, a segundidade tem como característica a sensação em encontro com a oposição e a resistência dos fatos juntamente com o fluxo do tempo que possibilita assim a apreensão dos hábitos que é terceiridade. Como podemos perceber, a dúvida se incita na segunda categoria do pensamento com o confronto entre as diversas realidades que encontramos independente de nossos desejos e assim somos quase que obrigados a decidir como agiremos e resolveremos esta oposição. Quando decidimos como devemos agir somos levados pelo nosso pensamento.
A terceiridade é a transformação dós fenômenos em regra, pois além de nos defrontarmos como diversas situações, nos defrontamos com as mesmas situações várias vezes e é isso que nos possibilita atingir uma crença.
Podemos dizer que quando duvidamos estamos formulando uma pergunta e esta sensação sempre nos causa desprazer e incomodo. E a crença é uma indicação de como devemos agir sendo ela mais ou menos segura nos causa tranqüilidade e satisfação. Por isso lutamos por alcançar as nossas crenças até mesmo por que elas se manifestam como repouso e acomodação.
Mas também podemos afirmar que nem sempre acomodamos o que é cabível, pois independente de nós os fatos vão continuar a existir dando nós ou não as soluções certas. Novamente encontramos PEIRCE citado por SANTAELLA (1983: 68) que fundamenta nosso pensamento ao afirmar que “Nossas falhas e a de outros podem adiar indefinidamente o estabelecimento da opinião”.
Desta forma Peirce vê na pesquisa científica um método eficiente para fixar a crença, sendo que a princípio pode ser que encontremos resultados diferentes, mas a medida que se a aperfeiçoe o método verificar-se-á que os resultados caminham conjunta e continuadamente para um centro comum (cf. SANTAELLA, 1983: 67). Todavia ele aponta outros métodos, porém estes com mais falhas do que o científico.
O primeiro é o método da tenacidade, o indivíduo “com instintivo desagrado que se tem pela indecisão de espírito” opta pela crença já estabelecida pela comunidade antes de concordar com outra.
Peirce compara esta atitude com a atitude de uma avestruz que ao perceber o perigo enterra a cabeça na areia escolhendo assim o caminho mais fácil. Contudo, logo este homem poderá perceber que existem homens que pensam de maneira diferente e acreditam em crenças tão boas quanto a sua e isso abalará a confiança na crença que tem. Por isso o autor afirma ter que existir um método de transmitir a crença para toda a comunidade.
O segundo é o método da autoridade onde toda crença depende da imposição de um grupo, “onde quer que haja uma aristocracia, grêmio profissional ou associação de classe, cujos interesses dependam ou suponha-se que dependam de certas proposições, encontram-se, inevitavelmente, traços desse produto natural do sentimento coletivo” (SANTAELLA, 1983:.81). Este é um método onde a superioridade mental e moral se sobressaem.
O método a priori é o outro método que possui falhas, pois consiste em pensar da forma como se está inclinado a pensar sem ter as noções empíricas como referência ao modo de pensar.
De acordo com Peirce o método mais perfeito é o da ciência que parte de algo estável e externo e não de algo humano levado pêlos sentidos. Também a ciência parte de fatos conhecidos e observados para caminhar em direção ao desconhecido. Dessa forma todas as pessoas são levadas a terem as mesmas conclusões acerca de determinados assuntos por mais que a razão consiga nos apresentar resultados diferentes.
Mas então o que é pragmatismo? Pragmatismo trata de uma regra para “clarear idéias”, atentando para seus resultados práticos. Se duas idéias tiverem as mesmas conseqüências práticas, então elas são equivalentes. Assim, a ação passa a ser um critério lógico relevante. No entanto, a ação não é o objetivo, mas apenas um meio para clarearas idéias.
Este princípio peirceano foi mal interpretado por alguns filósofos, entre eles William James e John Dewey. Eles popularizaram o termo, mas equivocadamente, sobretudo o primeiro.
Peirce compara a idéia de pragmatismo estabelecida por James a um axioma estóico, pois para eles a ação é o fim do homem. Com isso o termo passou a ser conhecido relacionado à prática, como o que tem valor é que é útil. A filosofia pragmática aparece vinculada normalmente a questões psicológicas ou morais esquecendo-se que a discussão proposta por Peirce gira em tomo da lógica e da epistemologia.
Contudo, para Peirce a idéia é o fim da ação e isso ele denominou como sendo pragmatismo. As Categorias do pensamento, em especial a terceiridade vinculada ao fluxo do tempo dá à teoria peirceana sua base e sustentação.
A máxima pragmática então se formulou através do pensamento que se deve considerar quais efeitos, que concebivelmente poderiam haver conseqüências práticas, concebemos ter o objeto de nossa concepção. Então, a concepção desses efeitos é todo de nossa concepção do objeto.

William James, filósofo  e psicólogo. Foi o mais influente dos pensadores dos EUA, criador do pragmatismo. Nasceu e, Nova Iorque, a 11 de Janeiro de 1842. O seu pai, Henru James, era um teólogo seguidor de Emanuel Swedenborg. Um dos seus irmãos foi o conhecido novelista Henry James. Concluiu os seus estudos de medicina, em 1870, na Universidade de Harvard, onde iniciou a sua carreira como professor de fisiologia em 1872. A partir de 1880 ensinou psicologia e filosofia em Harvard, universidade que abandonou em 1907, proferindo conferências nas universidades de Columbia e Oxford. Morreu em Chocorua, New Hampshire, a 26 de Agosto de 1910.                                                                
Principais obras

Princípios de psicologia – dois volumes(1890); O filósofo moral e a vida moral (1891); A vontade de crer (1897); A Imortalidade Humana (1898); As várias formas da experiência religiosa (1902); Pragmatismo (1907); O significado da verdade (1909); Ensaios sobre o Empirismo Radical (1912); As cartas de William James – obra organizada e publicado por seu filho Henry James (1929); Como estabeleceu metas de ensino? (publicada no Brasil em 1978)[8].

Influências recebidas

Influência de maneira especial por seu pai, Henry James, defensor de um socialismo de cunho religioso é levado a buscar uma concialiação entre a ciência e o problema da fé em Deus juntamente com a liberdade humana.
Influências do empirismo inglês e como não poderia deixar de ser de Charles Peirce. Acerca do primeiro – o empirismo – afirmar que é a forma mais radical e menos criticável das correntes filosóficas (cf. REALE, 1991: 492). Também é possível observar traços racionalistas cartesianos quando ele comente a respeito de Deus e da lógica. Segundo James a definição que toma do pragmatismo é que seja um método para alcançar a clareza das idéias que temos dos objetos.

Principais idéias

O “Philosophical Conceptions and Practical Results[9] constituiu o texto da conferência de James, no qual o Pragmatismo foi anunciado a comunidade filosófica. É neste texto que James atribui a Peirce “o princípio do praticismo ou pragmatismo”. Foi em 1898, quando James pensava que o praticismo era um termo tão bom quanto pragmatismo, sendo este último derivado da palavra grega “pragma”, que significa ação, de onde a palavra prática procede.                                                                                                     Peirce usa o termo “pragmatismo” para denotar a doutrina segundo a qual, se puder definir os com exatidão todos os critérios governando usos de um predicado, teremos uma definição completa do que ele predica. Este é o princípio de Peirce, o princípio do pragmatismo.
James começa no lugar certo, face à concepção de Peirce o pensamento em ação como inquérito, e do pensamento em repouso como crença. De acordo com essa concepção, o único motivo possível para o pensamento em ação é a consecução da crença. A questão em James é que a crença existe com vista à ação. Permite-nos agir com convicção e permite-nos agir com segurança.
Para ilustrar sua doutrina com exemplos, Peirce usa atributos como: dureza, peso, forca e realidade. James usa exemplos de forma diferente com frases como estas:
·        Por favor, abra a porta.
·        Raios te partam, abre-me esta porta.
·        Na primeira eu tentarei corresponder ao seu pedido, já na segunda recusar-me-ei a corresponder seu pedido.
Há regras pragmáticas governando o uso de frases em modos diferentes do imperativo.
Os lógicos do século XI, deram muita importância à clareza e distinção de idéias. Quando Peirce submeteu a análise os seus pontos de vista, descobriu que a clareza se reduzia à familiaridade.
James, tal como Peirce e os cartesianos, queriam que as suas idéias fossem cognições racionais. Mas ele percebe que era simplesmente uma questão de ser claro a respeito de tais idéias, de se conhecer os seus propósitos práticos, de se dispor a regras pragmáticas. E parece pensar também que a aquisição de regras pragmáticas é bem mais um processo de autoconsciência do que pensa Peirce. Por exemplo, James escreve assim, “o pensamento em movimento tem por único motivo possível a consecução do pensamento em repouso. Mas quando o nosso pensamento sobre um objeto encontrou o seu repouso na crença, então a nossa ação a seu respeito pode começar com firmeza e segurança”(JAMES[10] citado por REALE, 1991: 494).
O princípio que James atribui a Peirce é de que para atingir clareza perfeita no nosso pensamento sobre uma frase, precisamos apenas de considerar os mundos fenomenais possíveis nos quais ela é verdadeira, e a que é que se assemelharia a vida de tais mundos.
Peirce apresentou um método para determinação do sentido de um termo abstrato para nós a que vamos chamá-lo de “Princípio do Sentido de Peirce” que é “se puder definir os com exatidão todos os critérios governando usos de um predicado, teremos uma definição completa do que ele predica”. James formula um método para determinar que a credibilidade tem uma proposição filosófica para nós. Chamaremos de “Princípio de Credibilidade de James” que é o seguinte: Se alguém puder definir com precisão todos os mundos possíveis e todas as vidas possíveis nos quais uma frase é verdadeira, teremos um cômputo (cálculo) completo da credibilidade do que a frase diz.
De acordo com James, toda função da filosofia deveria ser a de encontrar que diferença definida fará para cada um de nós, em momentos definidos da nossa vida, que esta fórmula-mundo ou aquela fórmula-mundo seja a que efetivamente é verdadeira.
Em Pragmatismo, James reagiu contra a teoria da verdade Peirce “A verdade é aquilo a que todos os investigadores científicos estão destinados a dar finalmente acordo”. (JAMES[11] citado por ROVIGHI, 1999: 464)O que James faz é levantar a questão da verdade, tal como Kierkegaard diria, subjetivamente e como diria James pragmaticamente.
Schiller e Dewey, com a sua visão pragmatista do que significa verdade, dizem que seria o seguinte: as idéias se tornam verdadeiras, na medida em que nos ajudam a entrar em relações satisfatórias com outras partes da nossa experiência. Esta é a visão “instrumental” da verdade. Temos então um termo técnico, o termo “verdade instrumental”. A definição de verdade instrumental é de que seja uma idéia instrumentalmente verdadeira na medida exata em que nos ajuda a entrar em relações satisfatórias com outras partes de nossa experiência. Uma idéia está a tornar-se verdadeira, se e só se é instrumentalmente verdadeira. James refere-se a idéias que estão num processo de se tornarem verdadeiras como verdades temporárias, ou como apenas relativamente verdadeira; ou como apenas verdadeiras no interior de certas fronteiras da experiência.
As crenças de pessoas para James têm muito de experiência fundada. E essa experiência desempenha papel decisivo no processo-de-verdade. A verdade é amplamente feita a partir de verdades prévias. Estar nesse processo é estar lançando no corpo de verdades fundadas e as coerções do mundo dos sentidos à sua volta. E a idéia é salvar tanto quanto possível do velho enquanto se acomoda o novo.
James diz que as idéias verdadeiras do ponto de vista instrumental obtêm para si próprias a classificação de verdadeiras, fazendo-se verdadeiras pela forma como trabalham. Este é o processo de verificação, pois as idéias verificam-se a si próprias pela sua habilidade para acomodarem experiências novas na experiência fundada. De acordo com James, as idéias verificam-se a si próprias pela sua habilidade para acomodarem experiências novas na experiência fundada de um modo mais apropriado e expedito.
·        Verificar algo pode ter qualquer um dos seguintes sentidos:
·        Provar a verdade de tal coisa confirma-la;
·        Certificar a verdade, a autenticidade ou correção disso;
·        Agir como prova última ou evidência disso;
·        Substanciar isso por juramento.
Se as idéias verificam-se a si próprias pela sua habilidade para acomodarem experiências novas na experiência fundada de um modo mais apropriado e expedito. E é a verificação neste sentido que ancora a verdade no pragmatismo de James. A verdade de uma idéia não é uma propriedade estagnante, inerente. A verdade acontece a uma idéia. Ela torna-se verdadeira, é feita verdadeira pelos acontecimentos. A sua veracidade é de fato um acontecimento, um processo: o processo designadamente, de ela se verificar a si própria, da sua verificação.
O princípio é o seguinte:
Primeiro princípio: O que é verdadeiro no nosso modo de pensar é o que é expediente na globalidade e a longo prazo. Se o nosso modo de pensar não é senão sua própria direção para a produção de crença, poderíamos sublimar a James.
Segunda princípio: O que é expediente na globalidade e a longo prazo no nosso modo de pensar é a produção de crenças que são verdadeiras.
James apresenta ainda um terceiro princípio que consiste em as crenças que se provam a si próprias serem boas, e boas por razoes definidas, determináveis, são as verdadeiras. A teoria da verdade de James é uma conseqüência desse terceiro princípio ao afirmar que é verdadeiro no nosso modo de pensar é a produção de crenças que se provam a si próprias serem boas, e boas por razoes definidas, determináveis. Então podemos dizer que é o princípio de James, um princípio do pragmatismo.

Filósofo e pedagogo americano, nasceu em 1859, em Burlington, Estado de Vermont. Em 1875 ingressou na Universidade de Vermont, com apenas dezesseis anos, estudando lá filosofia e fisiologia. Em 1884, obteve o grau de doutor na Universidade John Hopkins, sendo nesta aluno do filósofo Charles Sanders Peirce. Lecionou na Universidade de Michigan entre 1884 e 1888. Atuou como professor nas universidades de Minnesota, novamente em Michigan, Chicago e na Columbus University, até 1929. Na Universidade de Chicago, lecionou filosofia, psicologia e pedagogia, organizando uma escola experimental. Começou ensinando em uma escola de aldeia, fazendo sua primeira tentativa publicando um informativo com o título: "As Suposições Metafísicas de Materialismo”. Conheceu Alice Chipman que teve influência profunda no seu trabalho. Casa-se com Alice em 1886. Em 1896, Dewey realiza seu famoso projeto, a “escola de laboratório”. Foi discípulo do filósofo Charles Peirce, e admirador de William James. Foi considerado como pedagogo avançado para a sua época. Faleceu em Nova York em 1952.

Principais Obras

Crítica Teórica da Ética (1891);Escola e Sociedade (1900); Estudo da Teoria Lógica (1903); Condições Lógicas para o tratamento científico da moral (1903); Ética (1908); Democracia e Educação (1916); Ensaio Experimental de Lógica (1916); Reconstrução em Filosofia (1920); Natureza Humana e Conduta (1922); Experiência e Natureza (1925); O Público e Seus Problemas (1927); A Indagação para Certeza (1929); A Arte como Experiência e Uma Fé Comum (1934); Liberalismo e Ação Social (1935);Experiência e Educação (1938); Cultura e Liberdade (1939); Problemas do Homem (1946).

Influência Recebidas

Como podemos notar nos parágrafos acima quando comentamos a respeito da vida de Dewey nota-se que foi aluno de Peirce, portanto carrega consigo grande influência do pensamento do primeiro grande pragmatista e também pelas idéias educacionais de William James. Influenciado na sua juventude também pelo naturalismo evolucionista e também pelo idealismo hegeliano.

Principais Idéias

A Educação em Dewey
Para Dewey a escola deveria preparar a criança para participar na vida da comunidade, acreditou que a educação deveria agir de tal forma que proporcionasse uma abertura entre a experiência de educar e as necessidades, participando do processo democraticamente.
Em seu projeto a “escola de laboratório” tem a pretensão de facilitar a pesquisa e experimentos. Quer ele uma aproximação entre a parte experimental e a sua aprendizagem. Proporcionar aos estudantes a oportunidade de criar e investigar suas próprias experiências. Segundo ele uma sala de aula deveria ser um local onde as crianças pudessem formar grupos, criar planos e executar suas atividades sob orientação do professor.
Para Dewey o professor deve habilitar o aluno para que tenha consciência e condições de enfrentar os obstáculos, seja envolvido em situações ou resolvendo problemas. Em seu método o aluno era o centro da educação, um agente ativo no processo de aprendizagem. Educação é o laboratório no qual distinções filosóficas ficam concretas e são testadas. De acordo com a filosofia educacional de Dewey a "escola de laboratório" se engajou em três princípios:
Primeiro: A função da escola é treinar as crianças, desenvolvendo a solidariedade na forma de ser útil ao próximo e a si mesmo. Isso fortaleceria seu crescimento intelectual e social. Essas situações estimulam o aluno a agir, integrando-se ao grupo, apresentando sua proposta para solução e bem estar do grupo.
Segundo: As atividades educativas deveriam ser instintivas, partir da própria criança, pois este fornece subsídios e apresenta o caminho para sua educação. É a criança e não o assunto em questão que determina a quantidade e qualidade do que se deve aprender. Esta aprendizagem deve estar fundamentada na comunidade, onde indivíduo e sociedade devem fazer parte de um único conjunto.
Terceiro: Através da "escola de laboratório", seria a promoção das tendências individuais da criança em suas atividades, voltadas para a cooperação e sua formação como cidadão.
Dewey rejeita métodos pedagógicos autoritários. A educação deveria integrar o indivíduo a ele e sua própria cultura. Ele percebe em seus alunos que, apesar de formados adequadamente, deixavam transparecer um vazio na sua aprendizagem. Nota que a aplicação de métodos pedagógicos tradicionais faziam com que os princípios desenvolvidos fossem ignorados.
A filosofia era a base teórica para a pedagogia, e a pedagogia à aplicação prática da filosofia. Dewey através de sua filosofia considerou as éticas de uma sociedade democrática, e, viu a educação como os meios práticos pelos quais as crianças poderiam se tornar cidadãs de ajuste de uma democracia.
Segundo Dewey o processo do pensamento está no trabalho quando há um problema a ser resolvido, uma pergunta a ser respondida, uma dúvida a ser solucionada. Nessa linha de pensamento ele propõe cinco determinações: - ocorrência de um problema, análise do problema, formulação de hipótese, experimentação e elaboração de idéias, confirmação das idéias.
Em seu trabalho combina seu pragmatismo filosófico e suas idéias pedagógicas progressistas. Dewey demonstra claramente o papel social da educação dos jovens para o futuro da sociedade. Define educação como um processo de crescimento, baseado nessa definição ele interliga educação com democracia.
Outro conceito importante proposto por ele é que a liberdade não é só habilidade de agir por conveniência, mas significa iniciativa intelectual, independência em observação, intervenção judiciosa  e previsão de conseqüências.
Em seu método Dewey, fala que educação democrática é um processo experimental no qual são aplicados pensamento e razão à atividade, buscando a melhor alternativa para a solução de um problema, permitindo a criação de um novo conhecimento. A experiência é, para a concepção de Dewey, o ponto de relação entre o ser vivo e seu ambiente, tanto físico quanto social.
Toda experiência modifica e é modificada pelo meio, constituindo um processo perpétuo de criação de conexões e continuidades, onde impera a constante recriação do dado. A experiência é o fator fundamental de mudança nas relações do homem com o meio;
Influenciado pela filosofia de William James, Dewey desenvolve um método de compreensão da realidade, denominado instrumentalismo. O impulso que conduz o homem ao conhecimento não constitui um fim em si mesmo; antes, ele se encontra calcado em uma necessidade mais primordial, de apropriação da realidade. O pensamento não visa, em última análise, o “saber”. Seu propósito central é, antes, dominar. Deste modo, ele constitui um instrumento de adaptação ao meio, frente às dificuldades por este impostas. Assim, a verdade deve corresponder ao fundamento instrumental do pensamento, sendo compreendida como aquilo que leva ao homem a superar os problemas impostos, de maneira a prepará-lo para a resolução de problemas futuros.
O pensamento de Dewey procura integrar sua compreensão instrumental da realidade a uma prática de ensino, que possa conciliar as questões postuladas pela razão aos problemas impostos pela vida. Sua filosofia, bem como sua concepção pedagógica, volta-se para a superação da dicotomia, existente em todo o pensamento clássico, entre teoria e prática.

Bases da teoria lógica de Dewey
 A filosofia, para John Dewey, é um esforço de continuada conciliação (ou reconciliação) e ajustamento (ou reajustamento) entre a tradição e o conhecimento científico, entre as bases culturais do passado e, o presente que flui, cada vez mais rápido e rico, ou seja, entre o que já foi e o vir a ser.
A lógica ou teoria do conhecimento de Dewey funda-se, com efeito, no exame do processo de adquirir o conhecimento. Como conseguimos nós o conhecimento? Não parte ele do conhecimento como um produto acabado, para indagar de sua validez ou de sua possibilidade, mas dos fatos crus da existência: que faz e como faz o homem para obter o conhecimento? Se for possível descrever a experiência humana do conhecimento, ai se deverão encontrar os elementos para uma teoria dessa experiência, isto é, a teoria da investigação, da busca do conhecimento, que seria a própria lógica, no seu objetivo último.
Segundo Dewey, o conhecimento, é o resultado de uma atividade que se origina em uma situação de perplexidade e que se encerra com a resolução desta situação. A perplexidade é uma situação indeterminada e o conhecimento é o elemento de controle, de determinação da situação. Se tudo, na existência, transcorre em perfeito equilíbrio, não há, propriamente, que buscar saber ou conhecer, mas, quando muito, um re-conhecer automático.
O conhecimento, pois, é o resultado de um processo de indagação. E a marcha deste processo de pesquisa é o que Dewey chama de lógica. Vale dizer que a lógica é o processo do pensamento reflexivo; “conhecimento” é o resultado deste processo; o “já conhecido” é o “material”, que usamos no operar a investigação ou a pesquisa. Dewey identifica, assim, a lógica com a metodologia e com o método científico. Sua hipótese é a de que o método experimental ou científico de pesquisa é a própria lógica.
Usar a linguagem, diz Dewey, é usar um código e usar um código envolve operações do mais alto caráter lógico. A linguagem compreende sinais, ou sejam sinais naturais, e símbolos, ou sejam sinais artificiais. Os sinais naturais existem na vida animal: “isto” significa “aquilo”, “disto” se infere “aquilo”; fumo significa fogo. . . Mas, os símbolos ou sinais artificiais só existem na linguagem humana. "Isto" representa, “quer dizer” “aquilo”... A linguagem não originou o comportamento associado e inteligente, mas deu-lhe novas “formas”, de modo a dar à experiência uma nova dimensão e um novo nível. Dewey afirma então que o ato de investigação, isto é, o ato de conhecer e sua teoria lógica, tem na cultura, que caracteriza o ambiente humano, a sua outra ou nova, matriz – sua matriz cultural. Resumindo o argumento, podemos notar que:
“Cultura”, em oposição à “natureza”, é, sobretudo uma condição e um produto da linguagem. Como por ela é que se retêm e se transmitem às gerações subseqüentes as habilidades, informações e hábitos adquiridos, é uma condição da cultura. Mas, como os significados e sentidos das palavras diferem de cultura para cultura, a linguagem também é um produto da cultura.
Graças à cultura, as atividades orgânicas ou biológicas, já humanas a esta altura, ganham novas características. Comer faz-se festa; buscar alimento, a arte da agricultura e da troca; o amor, a instituição da família.
Sem a linguagem ou os símbolos-significantes, os resultados da experiência anterior ficariam apenas retidos nas modificações orgânicas. Estas que uma vez processadas tendem a se fixar. A existência de símbolos (da linguagem) permite recordar e esperar deliberadamente e, deste modo, criar novas combinações dos elementos componentes da experiência, revivida sob forma simbólica ou verbal.
As atividades orgânicas terminam em ação, que é irreversível. Mas, se uma atividade pode ser figurada em representação simbólica, não há um compromisso final. E se a representação da conseqüência não for agradável, pode-se evitar a ação ou replanejá-la, de modo a evitar o resultado indesejável.
A linguagem e o meio cultural fazem, por fim e assim, do homem o ser raciocinante, o animal racional de que falava Aristóteles. As suas necessidades e as suas dificuldades fazem-se problemas, que são resolvidos pelas instituições, pelos hábitos, pelas crenças, pelas artes e pelos conhecimentos, que construiu e obteve no seu processo de experiência, de tal modo transformado em um processo contínuo de investigação, aprendizagem e descoberta.
Certamente pode-se afirmar que John Dewey, educador e filósofo, foi o intelectual mais importante dos Estados Unidos no século XX.

4. o pragmatismo contemporâneo
Em termos históricos, é possível estabelecer uma periodização para o pragmatismo. O professor norte americano John Murphy (cf. MURPHY, 1993: 9), falecido antes de terminar completamente seu livro, fez uma periodização interessante. Ele contou três fases para o pragmatismo. Em um primeiro momento, que vai de meados do século XIX até as duas primeiras décadas do século XX, a fase dos "pioneiros". A época de Charles Peirce, William James e John Dewey. Em segundo lugar, o casamento do pragmatismo com a filosofia analítica vinda da Europa (os refugiados do nazismo, isto é, os membros do Círculo de Viena que aportaram nos Estados Unidos e que praticamente dominaram uma boa parte dos departamentos de filosofia norte-americanos). Deste casamento surgiu uma legião de filósofos dentro da comunidade de língua inglesa, principalmente nos Estados Unidos, entre eles os nomes célebres de Willard Quine após a Segunda Guerra Mundial e, nos últimos quarenta anos, o nome de Donald Davidson. Em terceiro lugar o "boom" do pragmatismo na década de oitenta e noventa - a volta do pragmatismo como uma corrente apta a enfrentar os mais variados campos de discussão (quase que como nos tempo de Dewey): filosofia da mente, lógica, filosofia da linguagem e epistemologia, filosofia social e política, filosofia da educação, filosofia do direito e filosofia das religiões e temas da mídia, como as discussões de gênero, o "politicamente correto" e assim por diante. Não há dúvida que nesta terceira fase uma série de pensadores brilhantes e bastante diferentes empunharam a bandeira do pragmatismo: Hilary Putnam, Richard Rorty, Susan Haack, Charles Taylor, Richard Bernstein, Quine, Davidson (por que não dizer, também, Thomas Kuhn?) e uma série de outros não menos instigantes e não menos eruditos.
Vivemos uma nova fase no pragmatismo, é certo, mas não é exagero falar que vivemos uma nova fase em toda a filosofia ocidental e que isso deve muito ao pragmatismo. Gary Gutting , em seu Pragmatic Liberalism and the Critique of Modernity (1999), escreve belas e exatas linhas sobre isso: 
Eles oferecem [Rorty, MacIntyre e Taylor] a clareza conceitual e respeitoso cuidado pelos argumentos como bons filósofos analíticos, mas sem a dura frieza de detalhamentos técnicos, a claustrofóbica restrição para com alguns tópicos e o depressivo isolamento da cultura não filosófica. Ao mesmo tempo, eles fornecem o fôlego cultural e histórico da boa filosofia continental sem a pretensão de obscuridade. Por que, eu penso, a filosofia não pode ser sempre assim? (GARY[12] citado por GHIRARDELI, 1999).
Gutting está entusiasmado. Se há mesmo razões para o seu entusiasmo, isto é, se chegamos no que ele diz - frutos bons de um casamento entre filosofia analítica e continental - e se isto é realmente algo que podemos comemorar como um avanço, há de se considerar que o caminho percorrido não foi fácil. Foi um caminho bonito, eu avalio, e vou lembrá-lo em alguns pontos.

5. CONsiderações finais
Depois de elucidarmos em nosso trabalho o que Peirce chamou de Pragmatismo, concluímos que o autor considera como verdadeiro somente o conhecimento científico, sendo que é este conhecimento que deve ser fixado em nossa mente, pois este conhecimento é calçado nas experiências práticas comprovadas.
Entendemos que em Charles Peirce pragmático não é sinônimo de prático, mas sim que as conseqüências práticas nos dão a base necessária para atingirmos crenças verdadeiras. Podemos ainda dizer que quando uma experiência prática não sustenta mais uma teoria, esta deve ser revista, pois o que a faz ser verdadeira é a sua conseqüência prática.
Tomemos como exemplo a hipótese científica da "impenetrabilidade da matéria" que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. As nossas experiências práticas conseguem sustentar esta teoria, se de repente duas matérias começarem a ocupar o mesmo lugar no espaço a teoria foi refutada e deverá ser revista por conta das suas conseqüências práticas não condizerem mais com o que foi estabelecido.
A realidade se apresenta independente de nós mesmos, por isso "nossas falhas e as de outros podem adiar indefinidamente o estabelecimento da opinião", sendo que um dia a verdade esmagadora se levantará.


ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4a edição. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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_________. Experiência e Educação. 2a Edição. São Paulo: Editora Nacional, 1976.
GHIRARDELI Jr., Paulo. O que é pragmatismo? 2004.Disponível em . Acesso em 14 de outubro de 2004.
_________. O pragmatismo e o Neo-pragmatismo. 1999. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2004.
LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. 3a edição. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MONDIN, Batistta. Curso de Filosofia. Volume III, 6a edição. São Paulo: Paulus,1983.
MURPHY, John. O pragmatismo: de Peirce a Davidson. Porto: Edições Asa, 1993.
PAULI, Evaldo. Enciclopédia Simpozio. Disponível em Acesso em 18 de outubro de 2004.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. 3a Edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.
REALE, Giovanni, ALTISERI, Dano. História da Filosofia. Volume III,  3a edição.. São Paulo: Paulus, 1991.
ROVIGHI, Sonia Vanni. História da Filosofia Contemporânea: do século XIX à neoescolastica. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
SANTAELLA, Lúcia. O Que é semiótica? São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.
SANTOS, José Francisco. Peirce e o Pragmatismo. Revista da FEBE, Brusque, n.05, pp. 27-32, 2000.



[1] A fixação da crença.
[2] Diz-se do argumento, conhecimento ou explicação que relaciona um fato com a sua  causa final, ou constituí uma relação com a finalidade.
[3] PIERCE, Charles. Chance, Love and Logic, I, 2 § 1; trad. it., p. 39.
[4] DEWEY, John. The Quest for Certaubty, 1929, p. 37.
[5] Como tornar clara nossas idéias
[6] Dentre estes pensadores que não serão tratados ao longo deste trabalho destaca-se Mead que afirma que a função da filosofia é mostrar um universo não cindido (separado) do qual emerja a continuidade entre o universo e o ser humano, portanto existe uma relação de condicionante entre o presente e o passado, por exemplo.  Na Alemanha o pragmatismo assume uma tendência de que a filosofia e a ciência são ficções e não possuem um validade teórica. Outra linha de pensamento é a de Unamono ao afirmar que a verdade é aquilo que, impedindo-nos de agir, de um modo ou de outro, nos faz alcançar nosso objetivo. Já a corrente pragmatista italiana em suma procura demonstrar que existe um caráter utilitário e que devesse se desmascarar a inutilidade de determinadas questões que os filósofos se ocupam, como por exemplo questões sobre o tempo, substância, sobre o infinito, pois estas não nos levam a nenhum lugar.
[7] Como tornar clara nossas idéias, artigo publicado em 1878 e A fixação das crenças publicado no ano seguinte – 1879.
[8] Obra publicada pela Editora Globo, Porto Alegre/RS.
[9] “Conceitos Filosóficos e Resultados Práticos”. Periódico americano especializado em filosofia.
[10] Reale não cita a fonte da qual retira a seguinte frase de William James.
[11] JAMES, Willaim. Pragmatismo. Nova Iorque e Londres: longmans ad Co., 1907.
[12] 2. Gary, G. Pragmatic Liberlismo and the Critique of Modernity. Cambridge: Cambridge University Press, 1999, p. 5.

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