quinta-feira, 13 de junho de 2013

O SUICÍDIO COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE


O campo da bioética é por essência conflitante, sendo que, o alvo que se tem em mira é sempre a vida. E, todos os questionamentos referentes à vida causam inquietação nos seres humanos, e principalmente quando se trata de optar pela morte, como é o caso do suicídio.
O suicídio quebra a ordem natural da vida, e isso faz com que surjam discussões acerca do mesmo. Trata-se de um ato que não se restringe a uma faixa etária, uma classe ou cultura, más, trata-se de algo que está presente desde a infância até a velhice e, em todas as classes e culturas. Desde que o homem deu-se conta do seu existir, enquanto ser pensante e dono de seus atos passou a existir o suicídio. Partindo dos primórdios da humanidade até a contemporaneidade.
            Atualmente, o suicídio se tornou algo de extrema preocupação, pois dados estatísticos mostram que, a cada dia vem aumentando a morte causada pelo ato suicida. Sendo assim, além do suicídio se tornar um problema de ordem política, social, religiosa, se tornou também um grande problema de saúde.

1.1 ESTATÍSTICAS

Estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estimaram um número elevadíssimo no ano 2000 de mortes causadas pelo ato suicida. Concretizaram o ato suicida cerca de 1 milhão de pessoas. Segundo a OMS em 1950 a média anual de suicídios era de 10,1 a cada 100, 000 habitantes. Em 1995 passou para 16 a cada 100, 000 habitantes. Percebe-se que houve um aumento relevante, de 60% em relação ao ano de 1950 e 1995. “Países do leste Europeu são os recordistas em média de suicídio por 100,000 habitantes. A Lituânia (41,9), Estônia (40,1), Rússia (37,6), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Guatemala, Filipinas e Albânia estão no lado oposto, com a menor taxa, variando entre 0,5 e 2. Os demais estão na faixa de 10 a 16”.(GREGÓRIO, 2005).
Estatísticas publicadas no ano de 2000 mostram que a China lidera com o maior índices de suicídio. “Foram 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Alemanha com 12,5 mil” (GREGÓRIO, 2005). Estes índices são alarmantes, preocupantes, más, no entanto, estes índices já se tornaram ultrapassados. E o que parecia sério se tornou ainda mais sério.

Nesta década, o numero de suicidas tem crescido a razão de10% ao ano. Em 2003, 34,000 se mataram no Japão. É o maior índice em relação à população, (25 em cada 100,000 habitantes) entre países desenvolvidos, mais que o dobro que verificamos nos Estados Unidos e seis vezes o Brasileiro.(KOSTMAN, 2005).

Aqui se percebe como o suicídio vem crescendo em escala abrangente, ao compararmos o ano de 2000 em relação ao de 2003. “Na Ásia e no Oriente a taxa de suicídio por 100,000 habitantes é mais do que 16, na América do Norte situa-se em 8 e 16, América do Sul apresenta-se com menos de 8 e, na África não há dados disponíveis”( GREGÓRIO, 2005).
É bom se ter em mente que o que se entende por morrer por suicídio, varia de nação para nação, cultura para cultura.Os conceitos mudam, por isso se propõe mais adiante trabalhar e tentar definir numa visão geral o conceito de suicídio.
Ver-se-á agora alguns índices a respeito das mortes por suicídio:

Entre 1989 e 1998 os suicídios aumentaram 56,9%.
- O índice brasileiro é de 4,9 suicídios para cada 100,000 habitantes.
- O Rio Grande do Sul possui índices mais altos: 11 para cada grupo de 100,000 mil habitantes.
- Porto Alegre é a capital com maior taxa de suicídios (11,9/ 100,000).
- Entre 1993 e 1998, o numero de jovens que tentaram o suicídio aumentou 40%.
-Em 1997 quase 1,500 jovens tentaram se matar no Brasil “(SUICÍDIO, 2005)”.

      Estes índices apontados produzem na humanidade uma inquietação, e esta inquietação leva a uma reflexão. Pois, se está diante de um grande problema, e por isso, é que em 1994 a OMS, advertiu que o suicídio ocupa o terceiro lugar entre as principais causas de morte no mundo. Seguidamente analisar-se-á as probabilidades referentes ao dano autodestrutivo, o suicídio. 

1.2 PROBABILIDADES

São vários os fatores que, estimulam nos indivíduos a busca pela morte. E, por outro lado, existe fatores que condicionam os indivíduos a praticar o ato suicida, mesmo às vezes não sendo a morte o desejado como fim último. A seguir, serão apontados os tais fatores que aumentam o risco de suicídio.
As tentativas de suicídio ocorrem cerca de 10 a 15 vezes a mais do que o ato em si. Por exemplo, nos Estados Unidos 30,000 mil pessoas concretizam o ato suicida a cada ano, e as tentativas de suicídio são estimadas em 8 a 10 vezes mais este número.

Através da observação dos casos de suicídio, pode-se constatar que há certos fatores que estão relacionados a uma maior ou menor probabilidade de cometer o suicídio. Por exemplo, as mulheres tentam o suicídio 4 vezes mais que os homens, más os homens o cometem ( isto é, morrem devido a tentativa) 3 vezes mais do que as mulheres (SUICÍDIO, 2005).
           
O que mostra que estes dados são coerentes é que, as mulheres utilizam meios, métodos mais brandos que os homens. Enquanto as mulheres buscam cometer o ato suicida tomando uma superdose de remédios ou venenos, os homens buscam métodos mais agressivos e fatais, tais como: arma de fogo, enforcamentos e etc.
Freqüentemente acredita-se que o suicídio acontece entre os 15 e 44 (Quinze e quarenta e quatro) anos, sendo que os períodos perigosos são os de transição de fases, ou seja, de mudanças de estados psicológicos. Desta forma o “adolescente-jovem” está num período de busca de algo que o satisfaça e conseqüentemente neste período, qualquer desencontro pode levá-lo a um grande transtorno que ocasionalmente o conduz a prática do ato suicida.
Portanto, suponha-se tal exemplo: Durante o percurso de viagem um jovem que sonhava ser jogador de futebol sofre um acidente e suas pernas sofrem grandes danos, perdas irreparáveis por conseqüência do mesmo. Dada tal situação é notório o fato de seu sonho (desejo) foi destruído.
Segue-se então, que para ele o que antes era objetivo (sonho), torno-se agora algo inalcançável.
Perante tal situação a frustração é inevitável, sentindo-se um derrotado escolhe a morte, ou melhor, o suicídio como forma de alívio para seu sofrimento.
Percebam que estas idades que delineiam as fronteiras da vida são, portanto, perigosas.
Ao tratar-se do suicídio, faz importante notar que a depressão também é uma das grandes causadoras do mesmo, cerca de 70% dos suicídios são decorrentes de uma fase depressiva.

A depressão é um transtorno psiquiátrico comum que pode prejudicar a saúde, o trabalho e os relacionamentos de uma pessoa e em alguns casos levar ao suicídio. A sua prevalência em análises verticais das populações é de cerca de 1,9% e, em análises horizontais, com seguimento no decorrente da vida, é de cera de 17,1% . Porém, menos de 40% dos pacientes com transtornos psiquiátricos procuram por auxilio médico, e menos de 20% com transtornos psiquiátricos e em atividade se encontra em tratamento com um especialista. (BALLONE, 1999, p.1).

Pessoas com idade mais avançada praticam o suicídio com mais freqüência que os jovens, muitas vezes por acharem-se inválidas. Claro que isso é relativo e varia de pessoa para pessoa. Quando chegam em uma determinada idade, dizem que são incômodos para os filhos e que não tem mais possibilidade de contribuir em nada e, assim, buscam a morte como forma de não dar trabalho aos mesmos. Tomam esta alternativa muitas vezes com medo de uma vida vegetativa.
Há ainda outros fatores que aumentam a probabilidade de um indivíduo cometer suicídio, como, por exemplo, o que trata a seguinte citação: “Qualquer distúrbio (depressão, ansiedade, psicose, etc.) mais os seguintes fatores aumentam o risco de suicídio: Isolamento social, falta de amigos, não ser casado, não morar com uma outra pessoa, não ter filhos, não ser religioso” (SUICIDIO, 2005).
Na medida em que o suicídio é calculado, planejado, e por ventura ocorre de forma contrária o que tinha se pensado, pode se aumentar o risco te ocorrer novas tentativas na busca de um acerto, que seria a concretização do ato suicida.
A doença física também é uma motivadora para o suicídio. “Ela é um fator significativo em cerca de 25% dos suicídios, aumentando em conjunto com o fator idade: cerca de 50% dos suicídios em pacientes com mais de 50 anos e, 70% dos suicídios em maiores de 70 anos estão relacionados com o sofrimento por doenças físicas” (BALLONE, 1999, p.1)
Doenças como câncer, AIDS também podem ser pontuadas como agentes motivadores do suicídio. Por exemplo, uma jovem de 17 anos, filha única, repleta de sonhos, sente fortes dores no estômago. Resolve fazer uma consulta para ver o que está acontecendo. Dias depois de ter feito um exame, o resultado consta que esta jovem tem câncer galopante no estômago. Para ela o mundo desaba, sente que a morte está se aproximando. Assim, o medo de fazer seus pais sofrerem provocam nela um certo sentimento de culpa. E com esse sentimento de culpa vem também o medo de ficar sofrendo. Após ter ficado dias a pensar a respeito de sua vida, resolve por fim se suicidando. Esta jovem que tinha diversos sonhos, tira a vida por saber que o sofrimento estava perto, e para não ver também o sofrimento de seus pais, finalmente resolve-se por concretizar o ato suicida. Este é um simples exemplo, mais muitos casos como este acontecem no cotidiano.
Dentre tantos fatos probabilísticos que podem levar ao suicídio foram elencados alguns acima, ver-se-á outros no decorrer deste trabalho.

2 ANALISE DA LINGUAGEM REFERENTE AO SUICÍDIO

Muitas pessoas buscam causar danos em si próprias, sendo que as razões e as formas variam de pessoa para pessoa. E, em muitos casos esta busca desenfreada pelo “dano a si próprias” tem como resultado a morte. Há quem diga que a morte provocada, ou auto-infligida, ocorra conscientemente ou inconscientemente, como é o caso do fumante, por exemplo. Este muitas vezes tem consciência que o cigarro pode o levar a morte, más, mesmo assim prefere continuar fumando. Por outro lado temos o suicida inconsciente, que acredita que o cigarro não lhe fará mal, por isso, fuma normalmente, e aos poucos vai causando para si a morte parcial. Pois aos poucos o seu organismo vai sentindo o efeito arrasador da toxina. Perceba que aqui já se está entrando em uma problemática. Será que o suicida, que não tem a intenção causar a morte para si, pode ser qualificado como suicida?
      As pessoas muitas vezes, planejam a morte milimétricamente, ou seja, calculam tudo nos mínimos detalhes. Neste caso, quando o suicídio é planejado, a princípio parece ser um suicídio, pois a pessoa deseja a morte. Más, por outro lado, existem indivíduos que buscam a morte como uma forma de sensibilizar, e até de castigar a outros. Contudo, neste segundo caso, o ato praticado não pode ser caracterizado como suicídio. Pois, o indivíduo não tinha a intencionalidade de morrer. Foi um ato insensato, uma tentativa de sensibilizar a outras pessoas. Um exemplo de suicídio planejado:
     
A família de Paula vivia alvoroçada por causa dos problemas por que estava passando o filho dela. Em razão disso, estavam recebendo uma ajuda regular dos serviços psiquiátricos da comunidade. Embora ela própria tivesse recebido um tratamento para a depressão muito anos antes, Paula não estava recebendo nenhum tratamento no momento presente. Certo dia foi até a banca de jornal e comprou um isqueiro, apesar de não ser fumante. No dia seguinte, foi até um posto de gasolina e comprou um litro de gasolina, apesar de não guiar nenhum veículo. No dia seguinte, após o almoço da família, entrou na garagem, derramou gasolina sobre as próprias vestes e ateou fogo em si mesma. Após a morte foi encontrado um bilhete dentro da sua escrivaninha, no qual pedia desculpas por ter sido uma péssima mãe (FAIRBAIRN, pág.15).
     
                  Note que, neste caso, temos três evidências que nos levam acreditar que o suicídio foi programado: a compra do isqueiro, da gasolina e o bilhete deixado. Nesta circunstância, podemos caracterizar tal ato, como suicídio, pois era o que Paula tencionava, ou melhor, desejava. Assim, não importa como a pessoa pratica o ato suicida, ou o local onde pratica, ou em que circunstância que ela o realiza. O que importa é a intenção que a pessoa teve ao cometer o ato suicida.
                  Muitas pessoas gostam de além de sensibilizar, enganar os outros. Sendo que uma ação praticada, pode representar diversos atos. “Às vezes, as pessoas se põem a ludibriar os outros com suas atitudes, dando a entender que devem ser considerados como determinado ato, quando, na realidade, representam outro ato” (FAIRBAIRN, pág. 18).
                  Neste sentido, pessoas propensas ao suicídio, podem de certa forma, gesticular o ato. Que por sua vez pode ter diversos “sentidos”, ou até mesmo, diferentes significados. Aqui novamente há a defrontação com outro problema: saber quando o ato é gesticulado, ou real.

1.2 QUANDO UM SUICÍDIO É REAL? E QUANDO É GESTICULADO?

Viu-se anteriormente que existem grandes diversidades de atos, a respeito de como infligir um dano pessoal a si mesmo, tais como, o enforcamento, drogas, o uso de armas, o corte nos punhos, o afogamento, o envenenamento e etc. No entanto, o que importa no momento, é ter-se em mente que uma ação pode caracterizar diversos atos. Assim, para pontuar que o suicídio é real ou gesticulado, tem-se que saber qual era a ação que o suicida visava, a morte, ou apenas sensibilizar, ou enganar alguém.
Traz-se como exemplo, uma mulher que foi informada por uma vizinha que seu marido estava lhe traindo com a sua melhor amiga. É obvio que a revolta que esta mulher sente é enorme. E diante de tal problema resolve tomar uma superdose de remédios. Neste caso, o que interessa é captar o que esta por traz de cada ação realizada. Assim ver se a mulher tinha a intenção de morrer ou continuar viva, ou de brincar com a própria vida. Perceba que cada uma destas supostas alternativas constituiria um ato visivelmente diferente.
Dentre o que foi visto, pode-se claramente destacar que é de extrema necessidade fazer as seguintes considerações diante de um ato suicida: Se o indivíduo tinha a intenção de morrer ou continuar vivo; e quais foram às intenções particulares e, também as sociais que o motivaram a praticar o ato suicida.
“Por isso é importante decidir quais eram as intenções físicas de quem praticou um dano suicida, a fim de que sejam tomadas decisões a respeito do modo como ele deve ser tratado, a respeito do que será útil para ele e, por exemplo, a respeito do que pode diminuir as possibilidades de ele vir a agir de forma semelhante no futuro”.(FAIRBAIRN, pág. 22).
Em meio a um problema social, o indivíduo pode praticar o ato suicida sem ter em mente a morte. Por exemplo, um cidadão com quatro filhos para alimentar. Sendo que sempre esteve empregado e, este emprego garantia o sustento e a educação de seus filhos. De repente, se defronta com o desemprego. Entra numa situação nunca vivida antes. Este cidadão faz de tudo para conseguir um novo emprego, porém ninguém quer empregá-lo por que tem idade avançada. Ele se sente totalmente inútil, desprezado. E além de ser rejeitado pelos setores empresariais, a sua própria família começa a rejeita-lo. E, em um determinado dia resolve por fim a sua própria vida. Neste caso dá-se a entender que o cidadão não desejava a morte, até por que lutou para conseguir emprego. Buscou a morte como uma forma de fugir da realidade que estava vivendo: da inutilidade, do desprezo, de ver os filhos passando necessidades, e da própria rejeição da família. Contudo, a intenção de tal indivíduo não era a morte e, isso não pode ser pontuado como suicídio.
No entanto, existem alguns métodos suicidas que mostram claramente que a ação de fato seria um suicídio. Como por exemplo, o uso de armas, o enforcamento, o colocar-se fogo, e assim por diante. Estes métodos evidentemente apontam que o indivíduo tinha como intenção à morte, pois são métodos praticamente fatais, quando não visto por alguém momentos antes da realização. Assim pode-se perceber a importância que o método tem para declarar se o suicídio é rel ou gesticulado.
Existem casos que as pessoas fazem da viva uma grande “brincadeira”. Ou seja, usam meios que podem levá-las a morte. Como por exemplo, um jovem que se põe em um “racha” de carro. Mesmo sabendo do perigo, do risco de morrer, pratica a ação. Neste caso, se por um erro de calculo dê um acidente pode ser considerado um suicídio? A partir do ponto de vista visto anteriormente, não pode ser considerado suicídio, pois tal jovem não tinha a intenção de morrer, e sim de apenas praticar uma aventura de grande risco.
Várias vezes por não se saber o que o indivíduo pretende com aquilo que realiza, faz-se uma má interpretação do ato suicida. Diversos suicídios são classificados de forma errada, muitos são classificados como acidente, enquanto na verdade são evidentemente suicídios. Esses erros acontecem porque é difícil dar uma determinação correta a respeito da natureza do suicídio, pois, depois do ato ocorrido não é fácil decidir qual era a intenção do concretizador do ato suicida, se erra de morrer ou continuar vivo. Percebe-se a aqui a complexidade que decorre a respeito do ato suicida.
O suicídio muitas vezes é acobertado pelos investigadores, pois, queira ou não, o suicídio é causa de repulsa diante da humanidade. E, em uma forma de proteger a família de tal “vergonha”, preferem abafar o ato suicida, dando uma resposta menos plausível a respeito do mesmo. E, também fazem este tipo de “acobertamento” porque se não a família não tem o direito de se beneficiar com as apólices de seguro.
“O suicídio é arrasador. É um assalto contra as nossas idéias a respeito daquilo que se apresenta a vida” (FAIRBAIRN, pág. 29).
FAIRBAIRN (1999) pontua o que é o suicídio para grande parte da humanidade, sendo que existem pessoas que acham o suicídio um espetáculo, bonito de se ver, e que causa emoção.

1.3 SUICÍDIO MEDIANTE A UMA AÇÃO

A esta altura, muitos questionamentos vêm à tona, pois, a cada passo dados problemas novos vão surgindo. Questionamentos do tipo: como pode alguém se suicidar? O suicídio é correto ou não? A cerca de tais questionamentos, sabe-se que o individuo pode dar fim a sua vida por meio de uma ação, ou de ações pessoais, exemplo: enforcamento, envenenamento, atear fogo sobre si, cortar a própria garganta.
Algo que soa estranho aos nossos sentidos é saber que uma pessoa pode se suicidar mediante a ação de uma outra pessoa. Por exemplo, implorar, ou até mesmo ordenar que alguém a mate. Contudo, um caso deste tipo pode ser caracterizado como suicídio assistido. E, mesmo sendo a morte concretizada por outra pessoa, o suicida continua sendo, nestas condições, agente da própria morte. Pois, foi ele que implorou e ordenou que o outro lhe matasse. Ele tencionava a morte. Nota -se que esta foi apenas uma extensão do ato suicida. Por exemplo: um homem que se atira na frente de uma carreta que vem em alta velocidade. O motorista não tem a intenção de matar tal homem. Quem tenciona e deseja a morte é o próprio homem. E, por isso se joga de repente na frente da carreta. Este seria claramente um suicídio realizado pela ação de outra pessoa, porém partindo do desejo, da intenção do suicida.
Outro caso que a principio parece estranho, más que acontece no cotidiano, é o suicídio por omissão. Costuma-se escutar que o suicídio é algo que a própria pessoa pratica. No entanto, esta prática do ato suicida pode ocorrer em conseqüência de uma omissão. E, sendo esta omissão partida do suicida, ela tem pelo menos duas possibilidades: - Se omitir de algo que o manterá vivo, ou que lhe trará algum benefício. Traz-se como exemplo, uma pessoa que por vaidade, resolve parar de comer. Ela já estando com grande risco, e não tendo mais condições de ficar sem se alimentar, pois, já está num estado avançado de desnutrição, podendo a qualquer momento morrer. Mesmo sabendo do perigo que passa, se põe à mercê de tal perigo. – A segunda possibilidade, seria evitar uma ação, na qual poderia continuar vivo, preferindo o que acabará sendo fatal. Por exemplo: uma adolescente que se dirige para o colégio, e derrepente, vem em sua direção um carro desgovernado. Ela tendo condições de desviar do carro prefere ficar parada esperando que o carro a atinja. Perceba que em ambas possibilidades, podemos claramente caracterizar como suicídio. Isso porque, a intenção pela morte partiu do individuo.
Outro caso ainda mais complexo seria o caso do suicídio pela omissão de outra pessoa, que por sinal também assume duas formas: - “O individuo pode suicidar-se pela omissão de outra pessoa em administrar-lhe um tratamento que era necessário para lhe preservar a vida” (FAIRBAIRN, p. 33). Por exemplo, uma pessoa que tem diabete. Ela sabe que todos os dias têm que receber insulina, para que o seu organismo funcione normalmente. Ela resolve em um determinado dia não tomar a dosagem de insulina e, para isso, ela implora, ordena que o enfermeiro, que a presta cuidados, não aplique a dose de insulina. Note que desta forma ela comete o suicídio, pois foi tencionado por ela. Porém, o suicídio ocorreu pela omissão do enfermeiro, em lhe aplicar a dosagem, mesmo que a intenção de não receber tal dosagem partisse dela. Uma outra forma, de acordo com FAIRBAIR (1999): - “Seria possível a pessoa suicidar-se fazendo com que outras pessoas deixassem de evitar que ela se lesasse por uma fonte externa, embora os exemplos deste caso sejam mais difícil de serem considerados” (FAIRBAIRN, p. 34). Aqui, tem-se uma forma bastante, difícil de se entender, algo complexo, e pouco comum. Para clarificar esta forma de suicídio pela omissão de outra pessoa, utiliza-se do seguinte exemplo: “... um soldado horrivelmente ferido e aterrorizado com a vida que iria enfrentar no futuro, em razão das lesões sofridas, pedem aos colegas que o deixem morrer no campo de batalha, em lugar de levá-lo consigo quando batem em retirada” (FAIRBAIRN, p.34). Em ambas as formas vistas, vê-se claramente que, a intenção, a vontade pela morte partiu do indivíduo, embora a omissão tivesse partido de uma segunda pessoa. Assim, a pessoa que realizou a omissão, fez isso por respeitar, e consentir o desejo do suicida. No entanto, estas duas formas podem ser consideradas suicídio.
Em meio ao caminho até aqui percorrido, despontam novas dificuldades em conseqüência da problemática que é o suicídio. A pergunta que supostamente perpassa na massa cognitiva neste momento é: Como considerar um suicídio correto ou não? Qual a possível definição mais plausível que se pode dar ao suicídio? Tais perguntas serão analisadas a seguir.
 















REFERÊNCIAS

GREGÓRIO, B. S. Suicídio. Disponível  em:<http://www.ceismael.com.br/artigo/artigo006.htm> Acesso em: 10 mar. 2005.


SUICÍDIO. Disponível em:<http://spectrungothic.com.br/goticismo/suicidio.htm >Aceso em: 10 mar. 2005.

FAIRBAIRN, G.J. Reflexões em torno do suicídio. São Paulo: Paulus, 1999;

BALLONE, G.J. Resumo do simpósio sobre suicídio. Disponível em: Acesso em: 10 mar. 2005.

KOSTMAN, A Japão o céu dos suicidas. Disponível em : http://www.iupe.org.br/ass/sociologia/soc-suicidio_sociologico.htm> acesso em: 01 de abr. 2005

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