EMPIRISMO
INTRODUÇÃO
A partir dos problemas
relativos ao conhecimento que surgiram no século XVII, nasceram duas grandes
correntes opostas: Racionalismo e o Empirismo. Analisando a etimologia da
palavra, Racionalismo é a doutrina baseada apenas na razão que consiste em
limitar o ser humano ao âmbito da própria razão. Já o Empirismo é a doutrina
que diz que todo conhecimento se origina na experiência e limita o ser humano
ao âmbito da experiência sensível.
Com
isso não queremos dizer que o racionalismo elimina a experiência, mas a mesma é
apenas a ocasião do conhecimento e também está sujeita a enganos.
EMPIRISMO
Esta
corrente filosófica nasce da devida acentuação que os filósofos dão para a
experiência ao invés da razão, como na idade antiga e média. Assim nascem todas
as ciências experimentais e como conseqüência dessa maneira de refletir e de
trabalhar o pensamento através da experiência nasce o empirismo.
Os
defensores do empirismo afirmam que a razão, a verdade e as idéias racionais
são adquiridas por nós através de nossas experiências sensoriais. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão
é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tabula rasa”, onde
nada foi gravado. Segundo eles, nossos conhecimentos começam com a experiência
dos sentidos, através de nossas sensações. Assim, as sensações que temos se
reúnem e formam uma percepção, ou seja, o que vemos é uma única coisa ou um
único objeto que nos chegou através de diferentes sensações.
De
acordo com a tese empirista, as percepções se combinam ou se associam, e esse
ato de associar-se pode acontecer por três motivos, sendo eles: por semelhança,
por proximidade ou por contigüidade espacial e por sucessão temporal.
Para
os empiristas a razão escreve e grava em nosso espírito as idéias. E a razão
irá associá-las, combiná-las ou ainda separá-las, originando assim os nossos
pensamentos. O empirismo está ligado sempre à questão epistemológica: o que o
ser humano pode conhecer? Qual a importância, o valor desse conhecimento?
Muitos
filósofos defenderam a tese do empirismo, mas os que mais se destacam são: John
Locke, George Berkeley e David Hume.
PROBLEMAS DO EMPIRISMO
Suponhamos
que as ciências são apenas hábitos de associar percepções e idéias por
semelhança e diferença, bem como por contigüidade espacial ou sucessão
temporal. Então, as ciências não possuem verdade alguma, não nos explicam a
realidade que nos cerca.
Mas
o ideal racional da objetividade nos diz que uma verdade só é verdade porque
ela corresponde à realidade de alguma coisa. Ela não depende do nosso gosto ou
de nossas preferências. Logo ela não é subjetiva, porque não depende de nossa
vida pessoal. Assim, segundo os empiristas, a ciência não nos pode garantir
essa objetividade.
RACIONALISMO
Existem vários sentidos da palavra razão, usamos razão para nos
referirmos a motivos ou causas de alguma coisa, de modo que tanto nós quanto as
coisas parecemos dotados de “razão”, mas em sentido diferente.
Por identificar razão e certeza, a
Filosofia afirma que a verdade é racional; por identificar razão e lucidez, a
Filosofia chama a nossa razão de luz, e luz natural; por identificar razão e
motivo, por considerar que sempre agimos e falamos movidos por motivos, a
Filosofia afirma que somos seres racionais e que a nossa vontade é racional; por
identificar razão e causa e por julgar que a realidade opera de acordo com
relações causais, a Filosofia afirma que a realidade é racional.
Racionalismo
é a doutrina que define a razão como elemento fundamental da especulação filosófica.
A razão independe da experiência sensível valendo-se apenas de princípios
lógicos inatos, aprioristicos, para formular suas proposições abstratas.
A filosofia de Descartes, Spinoza e
Leibniz. A idéia de que a mente pode conhecer as coisas sem as ter de fato
experienciado. Eles acreditavam que existiam idéias inatas na mente e que nem
todo o nosso conhecimento precisaria ser adquirido pela experiência sensorial.
DESTAQUES DO EMPIRISMO
JOHN LOCKE
Acreditava que todo o
conhecimento era adquirido por meio da experiência. Enquanto Descartes e outros
racionalistas sustentavam que as idéias poderiam ser geradas pela mente ou
inspiradas pela alma, independentemente de experiências práticas, Locke
rejeitou tais noções por serem improváveis. Não existiam idéias inatas. Ele
apresentou sua filosofia em um livro chamado “Um ensaio sobre o entendimento
humano”.
Ele faz uma critica a
Descartes, pois Descartes afirma a existência de idéias inatas, mas Locke nega
esta possibilidade no intelecto humano. Segundo ele se houvesse idéias inatas,
então todos poderiam pensar alguma coisa. Mas a experiência comprova que tudo é
fruto da sensação.
GEORGE BERKELEY
Era um navegador do mundo
das idéias. Acreditava que tudo era uma idéia, até mesmo a matéria física.
Apenas as mentes e as idéias que elas geram, são reais, de acordo com esse
clérigo irlandês. Ele é considerado como fundador da versão moderna do
idealismo, uma crença que remonta a Platão em sua apresentação original
diferente do ateísmo de Locke, Berkeley afirma simplesmente que Deus é
responsável pela introdução e disseminação das percepções no cérebro humano. As
coisas que percebemos não existem fora da mente. Elas não têm realidades
substanciais por si mesmas.
O maior trabalho de Berkeley é o
Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano.
Em
relação à idéia primordial e secundária de Descartes (a mente e o mundo
físico), Berkeley afirmava que o único meio de entender as qualidades originais
é através das qualidades secundárias. E não importava como você olhasse tudo
estava na sua mente.
Berkeley
fez a distinção entre a percepção direta e a percepção indireta. Percepção
direta é informação sensorial das coisas, e percepção indireta é como elas são
interpretadas pela mente. Ele insiste que todos nós existimos em nossas
realidades subjetivas com a linguagem sendo a única coisa que pode ligar as
realidades isoladas. Por esse motivo, experiências sensoriais e a comunicação
pela linguagem são o único meio pelo qual podemos conhecer as coisas. Mas,
obviamente há uma exceção para a regra: Deus. Segundo ele, Deus está em todo
lugar e mesmo se acontecer algo onde não tenham ninguém no momento, Deus
certamente estará lá para presenciar o fato.
DAVID HUME
Ele
foi influenciado por Locke e Berkeley e ampliou as idéias de ambos. Hume não
apenas negou a existência das substâncias materiais de Locke, como também o
mundo espiritual das idéias de Berkeley. Hume também rejeitou a existência do
eu individual. De acordo com o filósofo, você nada mais é do que ele chamou de
“uma coleção de diferentes percepções”. Ele rejeitou o principio científico da
causa e efeito e afirmou que a certeza do conhecimento de qualquer coisa é
simplesmente impossível, exceto talvez a matemática.
Hume
explicou sua posição da seguinte maneira: “A razão nunca pode nos mostrar a
conexão de um objeto com outro, a não ser através da experiência, e pela
observação da conjunção deles em todas as ocorrências passadas. Contudo, quando
a mente passa da idéia ou impressão de um objeto para a idéia ou crença de
outro, esse processo não é determinado pela razão, mas por certos princípios
que associam as idéias desses objetos e reúne-os na imaginação”.
DESTAQUES DO RACIONALISMO
DESCARTES
Era um racionalista,
significando que ele acreditava que você pode conhecer as coisas sem ter de
confiar nas experiências sensoriais. Essas são as chamadas idéias primordiais.
Outras informações reunidas da experiência são chamadas secundárias.
Sua grande contribuição é
o questionamento sobre o valor do conhecimento, do produto da mente humana. Sua
metodologia também foi de grande contribuição, juntando a epistemologia com a
metodologia pouco a pouco vai se formando um novo enfoque de estudo para a
filosofia.
Seu método clarificado na
obra: “Discurso sobre o método” chega à conclusão que não é a falta de
capacidade, de raciocínio. Mas o que falta é o método. Descartes afirma que o
homem é essencialmente, um animal racional. No seu Discurso sobre o método,
afirma a igualdade, de direito, do bom senso ou razão: todos nós possuímos a
razão, ou seja, essa capacidade de bem julgar e de discernir o verdadeiro do
falso. Porém, nem todos os homens utilizam corretamente sua razão.
Para Descartes, clareza e
distinção são critérios de verdade. E ele entende clareza sendo uma percepção
que está presente à mente e que presta atenção. E por distinção entende também
como uma percepção sendo clara e de todas as outras diversas. Ex.: “Se eu tenho
clareza do que é um pincel, eu saberei distinguir o que é um copo e o que é um
pincel”.
Em sua metafísica diz que
o ser humano se define, se resume no pensamento. O ser humano é composto de
duas substancias autônomas,a alma, e o corpo e tanto o corpo como a alma são
semoventes, ou seja,não precisa de algo para move-los,se movem sozinhos. Com
essas idéias nós podemos pensar, e para Descartes, pensar é pensar com as
idéias inatas.
Em sua teodicéia diz que
Deus é um ser perfeitissimo. Deus é a fonte de todas as verdades eternas.
Descartes prova a existência de Deus com um argumento ontológico por definição,
o ser perfeito é aquele que possui todas as perfeições; ora,a existência é uma
perfeição;logo, o ser perfeito existe.Se Deus existe não pode me enganar,
porque é perfeito.
Para ele, a matéria é
extensão e movimento.
SPINOZA
Da mesma forma que
Descartes, Spinoza lutava com a idéia de substância. Descarte chamava a
substância infinita de Deus; Spinoza a chamava de natureza. Sua crença de que
Deus é Natureza e que a natureza é uma substância que poderia assumir
diferentes formas denominadas modos. O Panteísmo é a crença de que Deus é a
Natureza e está em tudo que nos cerca o tempo todo. Ele nega a existência da
alma depois da morte, mas ainda assim o mundo era governado pela predestinação.
Como
Descartes, Spinoza evitou as paixões acreditando impediam o caminho para uma
paz interior. Ele acreditava na aceitação do nosso destino na vida; acreditava
que éramos parte (ainda que inconseqüente) de um todo cosmo (mesmo que
impessoal) e que seriamos, de modo anônimo, felizes entre uma variedade de
outros modos.
LEIBNIZ
Rejeitou o panteísmo de Spinoza e a negação do
homem como uma mera forma no universo. Enquanto Spinoza falava sobre modos,
Leibniz acreditava que a realidade fosse formada do que ele chamava de mônadas.
Leibniz propôs que a única entidade que tinha acesso a todas as mônadas era
Deus. Por essa razão, Deus tem todas as respostas e a vida é um mistério amargo
para os humanos. Nós somente temos acesso a um pedaço do elaborado
quebra-cabeça que é a realidade, mas Deus tem uma visão global de tudo.
Como
Descartes e Spinoza, Leibniz tinha uma tendência matemática e considerava as
paixões animais como um obstáculo. Descartes, Spinoza e Leibniz reverenciavam a
lógica.
RACIONALISMO E EMPIRISMO
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
Racionalismo
e empirismo se opõe, uma vez que esse ultimo encara a razão como derivado da
sensação:” nada chega a razão sem ter antes passado pelos sentidos”. Além
disso, o racionalismo pressupõe o estabelecimento de princípios gerais que
formam o ponto de partida para se alcançar o conhecimento de outros princípios
já de caráter particular.
Os
empiristas pretenderam dar uma explicação do conhecimento a partir da
experiência, eliminando assim a noção de idéia inata, considerada obscura e
problemática. Para os empiristas todo o nosso conhecimento provém de nossa
percepção do mundo externo, ou do exame da atividade de nossa própria mente.
Enfim,
existe um ponto de coincidência entre as duas correntes: o cepticismo de ambas
em relação à racionalidade da tradição e do sobrenatural. Apenas divergem na
maneira de encarar esta razão: “sensível” ou “intelectual”.
Na
parte epistemológica o empirismo explica a origem das idéias a partir de um
processo de abstração que se inicia com a percepção que temos das coisas
através de nossos sentidos. “Nada está no intelecto que não tenha estado antes
nos sentidos” – eis um dos lemas do empirismo.
Já
os racionalistas sustentavam que as idéias poderiam ser geradas pela mente ou
inspiradas pela alma, independentemente de experiências praticas.
O empirismo na política defende que o estado
existe para proteger os interesses dos cidadãos e lhes garantir a sobrevivência
e a propriedade. O individuo é portanto, nesta visão sempre mais importante que
a sociedade; sendo que o direito, as leis que governam uma sociedade são, em
sua origem, convencionais.
Na
visão política racionalista de Spinoza, ele
diz que a humanidade passa por duas etapas: o estado de natureza ( onde os
seres humanos tem os seus direitos e a sua maneira de viver segundo cada um as
suas paixões.). O estado político é fruto de um contrato que tem a função de
organizar um governo que usando da racionalidade facilite a convivência através
de leis, de organismos que possibilitam a educação dessas paixões. O contrato é
então uma espécie de renuncia dos meus direitos.
RACIONALISMO E EMPIRISMO
Trabalho de graduação apresentado à disciplina de História da
Filosofia Moderna da III fase do Curso de Filosofia do Centro Universitário de
Brusque – UNIFEBE, solicitado pelo Professor Pe. Adilson Colombi.
BRUSQUE
2005
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