CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRUSQUE
FILOSOFIA
PRAGMATISMO
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indíce
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 4
1. noção............................................................................................................................................................ 5
2. origem filosófica e geográfica........................................................................................... 6
3. principais pensadores..................................................................................................................... 7
3.1 CHARLES SANDERS PEIRCE............................................................................................................. 8
3.2 william james.................................................................................................................................. 16
3.3 JOHN DEWEY......................................................................................................................................... 21
4. o pragmatismo contemporâneo.......................................................................................... 27
5. CONsiderações finais..................................................................................................................... 29
Referência bibliográfica............................................................................................................. 30
Este trabalho tem por objetivo apresentar os
principais tópicos a cerca do pragmatismo, partindo do pensamento de Charles
Sanders Peirce, além de William James, e John Dewey. Far-se-á um breve
comentário a respeito do pragmatismo a partir da Segunda metade do século XX,
onde alguns comentadores chama de “neopragmatismo” (cf. GHIRARDELI, 2004).
Um dos grandes estudiosos de lógica que se
destacara através da observação dos fenômenos tentou, por meio deles, descobrir
como eles chegavam até a mente. Peirce descobriu que estes fenômenos se davam
através de um processo, da qual ele denominou como sendo categorias do
pensamento e da natureza, que se subdivide em: primeiridade, que é uma
qualidade de sentimento; segundidade, que acolhe a característica de resistência
e confronto; e a terceiridade, que é o estabelecimento de uma regra de agir.
Para podermos entender com clareza o pragmatismo
devemos ter claras tais categorias, pois são elas que dão sustento para sua
teoria que tem sido vítima de má interpretação. O termo pragmatismo é usado
como sinônimo do que é prático e útil. Esta banalização tem como responsáveis
William James e John Dewey que popularizaram o termo com estas características
distorcendo o seu real significado lógico e epistemológico. Estes pensadores
serão tratados ao longo deste trabalho.
Segundo Peirce, são as conseqüências práticas que
dão ao pensamento a possibilidade de estabelecer crenças, e a obtenção da
crença é o fim último do pensamento (cf. REALE, 1991: 486-492). Por isso com
seu pragmatismo, Peirce estabelece um método para clarear conceitos e crenças
estabelecidas. Nos textos analisados para a formulação deste trabalho estes
dois pontos foram levantados e discutidos.
O trabalho segue o esquema de redação apresentado
pelo professor salvaguardando o quinto capítulo onde apresentaremos as
influências deixadas por esta corrente – o pragmatismo na contexto pós-moderno
– e não dentro de cada autor.
pragmatismo
Se houver
qualquer vida que seja realmente melhor levarmos e qualquer idéia que aceita
por nós, nos ajude a vive-la, será realmente melhor para nós acreditar em tal
idéia, a menos que isso se choque incidentalmente com outros benefícios vitais
maiores.
JAMES, William. Pragmatismo, 1907.
A palavra pragmatismo tem origem do grego pragmatikós que quer dizer relativo aos
atos que se devem praticar, ou pragma,
que significa ação, de onde a palavra prática procede. O termo inglês utilizado
é pragmatism que possuí o significado
de natureza prática ou concepção positiva da realidade. Veremos mais adiante
neste trabalho que esta corrente da filosofia contemporânea surgiu nos Estados
Unidos, país de origem britânica. Usamos a palavra pragmatismo em nosso
cotidiano como algo que define aquilo que é útil ou propicie uma espécie de
êxito ou satisfação. Vamos nos deter a compreensão filosófica do termo.
O pragmatismo representa uma noção de uma filosofia
voltada com confiança para o futuro, uma filosofia genuinamente americana. Este
termo foi introduzido por William James na revista Califórina Union, em 1897 ao comentar um ensaio de Peirce
entitulado The Fixation of Belief[1].
O termo pretende descrever que a verdade para os pragmatistas representa uma
relação inteiramente imanente à experiência humana; o conhecimento é um
instrumento e está a serviço da atividade e o pensamento tem um caráter
essencialmente teleológico[2].
A verdade de uma proposição consiste, portanto, no fato de “ser útil”, ou ser
“bem sucedida”. Estas fórmulas estão bem sucedidas na obra de James A vontade de crer (1897), Humanismo e Verdade (1904) e na obra Pragmatismo (1907).
O pragmatismo não pretende definir a verdade
(propriamente em si) ou a realidade, mas compreende-se a verdade de uma
proposição como apenas um procedimento para determinar o significado dos termos
e da própria proposições.
É impossível ter na mente uma idéia que se
refira a outra coisa que não os efeitos sensíveis das coisas. Nossa idéia de um
objeto é a idéia de seus efeitos sensíveis. (...) Assim, a regra para atingir o
último grau de clareza na apreensão das idéias é a seguinte: considerar quais
são os efeitos que concebivelmente terão o alcance prático que atribuímos ao
objeto da nossa compreensão. A concepção destes efeitos é a nossa concepção de
objeto (PEIRCE[3]
citado por LALANDE, 1999: 838).
A função desta regra metodológica transcrita acima
é de que a função do pensamento é de produzir hábitos de ação. A regra proposta
por Peirce era, portanto, sugerida pela exigência de achar critérios racionais
experimentais ou científicos que dessem conta do problema das crenças. Outro
pensador que segue esta mesma linha de pensamento é Dewey que define
pragmatismo como o ato de “conceber o conhecimento e a prática como meios para
tornar seguros, na experiência, os bens que são as coisas excelentes de
qualquer espécie” (DEWEY[4]
citado por ABBAGNANO, 1999: 784).
Partindo desta citação encontramos um ponto comum entre Dewey e Pierce
onde compartilham da idéia do experimentalismo evidenciando um caráter
instrumental e operacional de todos os procedimentos do conhecer.
Pode-se afirmar que o pragmatismo é a forma que o
empirismo tradicional assumiu nos Estados Unidos (cf. REALE, 1991: 485). A
primeira obra publicada desta corrente foi o artigo de Pierce titulada How to Make our Ideas Clear,[5]
publicado em 1878 e posteriormente James a critica utilizando pela primeira vez
o termo pragmatismo. Estes acontecimentos se deram nos Estados Unidos.
Como podemos perceber no parágrafo anterior esta
corrente surgiu nos Estados Unidos no final do século XX e no início do século
XXI teve várias obras publicadas. Chegou a sua força máxima nos primeiros
quinze anos do século XXI. O pragmatismo representa uma noção voltada com
confiança no futuro enquanto que o ponto de vista da história das idéias se configura
como a contribuição mais significativa dos Estados Unidos à filosofia
ocidental.
O surgimento do pragmatismo nos Estados Unidos
representa o alcance a plena autonomia no campo do saber e a ele juntam-se a
política, a economia além da ciência e da técnica. O pragmatismo representa o
modo fiel de pensar e agir do povo americano.
Destacam-se os pensadores americanos Charles Pierce
(1839-1914), William James (1842-1910), George Mead (1863-1931) e John Dewey
(1859-1952), além do alemão Schiller (1864-1937) que concluiria os seus estudos
em Los Angeles. Na Europa na passagem do
século sobressaíram Giovanni Pappini (1881-1956), Giovanni Vailati (1863-1909)
e Mario Calderoni (1879-1914) na Itália; Hans Vahinger na Alemanha e Miguel de
Unamuno (1864-1936) na Espanha que surgira como uma reação ao positivismo e ao
materialismo positivismo conduzido pela insígnia do espiritualismo[6].
Charles Sanders Peirce, nasceu em 1839 e sua morte
é datada em 1914, ano de início da Primeira Grande Guerra Mundial. Físico e filósofo norte-americano.
Estudou na Universidade de Harvard. Doutorado em química, 1963. Por 30 anos
trabalhou na Comissão de Estudos Geodésicos dos Estados Unidos da América. Por
isso seu primeiro livro, publicado em 1878, se ocupará com esta área temática.
Entretanto suas ocupações mentais se haviam dirigido também para a lógica e a
filosofia em geral. Foi professor de filosofia sem título permanente da
Universidade de Harvard (Cambridge, Massachussets) de 1864 a1865, e novamente
no período de 1869 a 1870; por último,
de lógica, de 1879 a 1884, na Universidade de John Hopkins (Baltimore).
Demitido por razões pouco claras, se sabe que foi um homem de temperamento
difícil. Apoiado com uma pequena herança, retirou-se em 1887 à Milfort,
Pensilvânia, dedicando-se no restante de sua vida à filosofia, escrevendo e
eventualmente também fazendo conferências.
Não
obstante sua atuação contemporânea, Peirce foi sobretudo um filósofo de
repercussão tardia, e o foi em vários campos da filosofia; alias pouco publicou
em vida. Importa Peirce ainda como filósofo da fase formativa da história da
filosofia dos Estados Unidos da América.
Principais
obras
Investigações
fotométricas (Photometric researches), em 1878; Estudos de lógica (Studies in
logic) em 1883 – sua obra
principal; A grande lógica (The great logic, deixada inédita. O mais
que publicou em revistas ou deixou inédito, foi reordenado postumamente.
Publicado como obra póstuma: Papéis coletados de Charles Sanders Peirce (Collected papers of Charles Peirce, oito volumes, 1931-1958): I - Princípios de filosofia (Principles of philosophy, 1931), II- Elementos de lógica (Elements of logic, 1932), III - Lógica exata (Exact logic, 1933), IV - A
matemática mais simples (The simplest
mathematics, 1933), V - Pragmatismo e
pragmaticismo (Pragmatism and
pragmaticism, 1934), VI Metafísica
científica (Scientifics metaphysics, 1935),
VII - Ciência e filosofia (Science and philosophy, 1958); VIII - Revisões. Correspondência e bibliografia (Reviews. Correspondence and
bibliography, 1958). Estas obras foram organizadas
por Ch.Hartshorne, P. Weiss e A. W. Buks publicadas entre o período de 1931 a
1958. Ainda a obra: Novos elementos de
matemática (News elements of
mathematics, quatro volumes, 1976): I - Elementos
de aritmética (Elements of arithmtic),
II - Elementos de álgebra e geometria, III
- Miscelânea matemática (Mathematical miscellanea), IV - Filosofia matemática (Mathematical philosophy)
Destacam-se os artigos: The Works of George Berkely (O
trabalho de George Berkeley) em
1871; Como tornar claras as nossas idéias
(How to make our ideas clear, 1878),
publicado em Popular Science Montly, sendo
considerado marco inicial do pragmatismo; A
fixação das crenças (The fixation of
belief, 1879); O que é o pragmatismo (What pragmatism is, 1905), em The Monist.
Influências
Recebidas
Estabeleceu uma Peirce uma atitude crítica em
relação ao pensamento tradicional, ao qual estudou nas fontes principais, como o
empirismo inglês estudando de modo particular Berkeley onde está fundamentada a
primeira formulação do pragmatismo; o
pensamento alemão, e de modo particular Kant; e buscou elementos na filosofia medieval
de Duns Scoto.
Principais
Idéias
As Categorias
Algo que merece ser destacado com uma contribuição
significativa deixada pelo pragmatismo e de modo especial por Peirce é questão
das categorias. Estas categorias chegaram até ele pelo estudo da lógica através
da "observação direta dos fenômenos, nos modos como eles se apresentam à
mente" (SANTAELLA, 1983: 45). Mais tarde através de rigorosos estudos ele
descobre as categorias nas diversas áreas da ciência: da psicologia à
fisiologia do sistema nervoso e na teoria das células, logo na evolução
biológica e no cosmos físico como um todo. Antes disso, sua fenomenologia foi
quase que rejeitada pelo fato de resumir uma vasta qualidade de fenômenos ao
número de três categorias. As categorias foram classificadas pelo modo como o
fenômeno aparece à consciência como: Primeiridade, Segundidade e Terceiridade.
Primeiridade
A Primeiridade é o fenômeno no presente momento em
que vivemos. É um primeiro contato com a realidade que transfere os movimentos
à consciência imediata que é a pura qualidade de sentimento. Sendo que tudo
isso acontece no presente e este é muito rápido, quando queremos percebê-lo já
se tomou passado.
Qualidade de sentimento é a primeira forma de
percepção do mundo, sendo também, potencialidade de vir a ser comparando aqui
com o termo aristotélico de ato e potência, podemos afirmar que esta qualidade
de sentimento tem a capacidade de tomar-se. Um exemplo vai clarear tal conceito
é que tenho em mim um desejo, à vontade de comer uma torta de chocolate,
enquanto este desejo está em mim é primeiro, quando realizo a vontade de comer
a torta, quando tenho o contato direto com ela, então tal desejo se toma um
segundo. Como primeiridade esta potência é apenas sentimento e se toma uma
segundidade quando a capacidade que existia no primeiro se tomou ato.
Como puro sentimento a primeiridade possui como
características fundamentais à liberdade, a intimidade e a
"subjetividade", podendo assim ser compreendida e transposta de
vários modos, por exemplo, através da música, da arte, do devaneio, da fantasia
etc... Isso porque "trata-se de estados de disponibilidade, percepção
cândida, consciência esgarçada, desprendida e porosa, aberta ao mundo sem lhe
opor resistência, consciência passiva, sem eu, liberta dos policiamentos do
autocontrole e de qualquer esforço de comparação, interpretação ou análise"
(SANTAELLA, 1983: 46).
Segundidade
A segundidade tem como característica a sensação
que segundo SANTAELLA é composta por duas partes: o sentimento e a força da
inerência desse sentimento num sujeito (1983: 48).
Á qualidade de sentimento, que é primeiro, se
diferencia, pois esta é simples e positiva, não se defronta com outro. Sendo
que a categoria da primeiridade antecede a da segundidade, pois como tem o puro
sentimento ou a potencialidade de tornar-se ela se concretiza ou se torna ato
com a experiência do segundo.
A segundidade como sensação encontra oposição e
resistência nestas experiências que são feitas com o outro que age por si
mesmo. Nesta experiência encontramos ação e reação que marcam também a lista de
características da segundidade, pois afinal quando estabelecemos relações os
objetos envolvidos agem independentes de nossas vontades e preferências,
podemos aqui voltar ao exemplo da torta de chocolate, quando sentimos vontade
de comer uma torta de chocolate imaginamos comer uma deliciosa torta, a delícia
da torta independe do nosso querer ou do nosso imaginar, pois nem sempre
encontramos aquela torta que desejamos ou esperávamos comer, ela é uma torta de
chocolate independente de nossa preferência por mais ou menos chantilly. A
torta real desafia nosso desejo, resiste a ele, e essa sensação de resistência
é uma das características da segundidade.
Contudo, dificilmente conseguimos perceber a
presença dos sentimentos, que são ou fazem parte da primeiridade, pois mais
facilmente conseguimos perceber aquilo que para nós são obstáculos, que a nós
resistem e existem no mundo.
Terceiridade
Com a terceiridade está completo o que Peirce
chamou de Categorias do pensamento e da natureza. Entendemos que a categoria da
primeiridade nos possibilita a percepção imediata dos fenômenos através dos
sentimentos e que a segundidade "é aquilo que dá à experiência seu caráter
factual de luta e confronto" (SANTAELLA, 1983: 52). Desse modo podemos
afirmar com as mesmas palavras de Santaella que a terceiridade é uma "síntese
intelectual" dessas duas categorias e sendo síntese intelectual ela é a
generalização dos fenômenos através das experiências individuais que necessitam
de tempo para chegar a tal universalidade, estes individuais acontecem e ao
longo das observações estabelecemos conceitos gerais e os representamos por
signos.
Tendo esta última categoria a característica de
generalidade ela aproxima o primeiro e o segundo para dar ao conceito um número
maior de fenômenos.
Podemos então, entender que a partir desta generalização
representamos regras gerais e passamos a entender o mundo através de signos.
Sendo que o signo que representa uma regra geral é chamado de símbolo, embora
cada signo dependa de um outro para que possamos entender seu significado.
A Formulação
Do Pragmatismo
Depois de termos compreendidos o que Peirce chamou
de "Categorias do pensamento" voltemos nossos estudos ao que ele
denominou como sendo Pragmatismo. Analisaremos o termo com base em dois de seus
artigos How to make our ideas clear e
The fixation of belief. [7]
Sendo que em primeiro lugar devemos citar a
oposição de Peirce a Descartes que com sua filosofia tenta romper a autoridade
escolástica e com isso assume como método filosófico o ceticismo e o
apriorismo. O termo a priori que também foi usado pelos
escolásticos adquire no cartesianismo um novo conceito. Ele passa a ser usado
como sinônimo dos conhecimentos que podem ser obtidos apenas através da razão.
Assim a união do ceticismo com o já explícito
apriorismo denota a filosofia cartesiana como uma doutrina filosófica que
duvida de todo o conhecimento sensível e adota como verdade somente o
conhecimento racional.
Contudo Peirce critica Descartes não por sua
filosofia partir da dúvida, mas por sua filosofia não partir de uma dúvida real
e distinta e por consequentemente colocar também em dúvida crenças já
estabelecidas e distintas, ou seja, crenças que de fato nós não duvidamos, pois
agimos segundo elas. A dúvida é um estado de mente, que a incita e a excita a
buscar a crença. E uma crença para ser clara e distinta parte de dúvidas reais
em relação ao modo de agir. PEIRCE citado por SANTAELLA (1983: 56) encontramos
que "A essência da crença é a criação de um hábito e diferentes crenças se
distinguem pêlos diferentes tipos de ação a que dão lugar. Se duas crenças não
diferem quanto a esse aspecto, se aplacam a mesma dúvida.”
Como tomar claras nossas idéias é o objetivo
estabelecido por Peirce em seu primeiro artigo citado, onde ele afirma que o
pensamento tem como finalidade a geração de hábitos de agir. Ele deixa claro
que ao pensamento é reservado o papel de estabelecer o nosso agir. E que se
existir em nós sensação que não produza ação não podemos chamar de pensamento,
pois "nossa idéia a respeito de algo é nossa idéia acerca de seus efeitos
sensíveis" (SANTAELLA, 1983: 59).
O exemplo ressaltado no texto para melhor
entendermos este princípio é a doutrina da transubstanciação, para a Igreja
Católica os elementos do sacramento são literalmente carne e sangue, embora
possua todas as qualidades sensíveis de hóstia e de vinho diluído. Assim
entendemos que esta crença está baseada tão somente em efeitos sensíveis, é
ilusão acreditar que vinho possa ser confundido com sangue, pois cada qual
possui suas características em especial.
Para alcançarmos uma crença, de acordo com o nosso
autor, temos quê passar por suas propriedades: primeiro é algo de que estamos
cientes; secundo aplaca a irritação da dúvida e terceiro envolve o surgimento
de um hábito. E o hábito acompanhado pela vontade encerra a função do
pensamento que é a produção de uma regra de ação que também podemos chamar de
crença.
Aqui se nos reportarmos ao que Peirce chamou de
categorias do pensamento podemos melhor compreender seu pragmatismo, pois são
elas que possibilitam a obtenção de um hábito e em particular podemos atribuir esta
responsabilidade a terceiridade que dependente da primeiridade e da segundidade
estabelece no pensamento modos de agir.
Como sabemos a primeiridade é a primeira forma de
percepção do mundo como qualidade de sentimento, a segundidade tem como
característica a sensação em encontro com a oposição e a resistência dos fatos
juntamente com o fluxo do tempo que possibilita assim a apreensão dos hábitos
que é terceiridade. Como podemos perceber, a dúvida se incita na segunda
categoria do pensamento com o confronto entre as diversas realidades que
encontramos independente de nossos desejos e assim somos quase que obrigados a
decidir como agiremos e resolveremos esta oposição. Quando decidimos como
devemos agir somos levados pelo nosso pensamento.
A terceiridade é a transformação dós fenômenos em
regra, pois além de nos defrontarmos como diversas situações, nos defrontamos
com as mesmas situações várias vezes e é isso que nos possibilita atingir uma
crença.
Podemos dizer que quando duvidamos estamos
formulando uma pergunta e esta sensação sempre nos causa desprazer e incomodo.
E a crença é uma indicação de como devemos agir sendo ela mais ou menos segura
nos causa tranqüilidade e satisfação. Por isso lutamos por alcançar as nossas
crenças até mesmo por que elas se manifestam como repouso e acomodação.
Mas também podemos afirmar que nem sempre
acomodamos o que é cabível, pois independente de nós os fatos vão continuar a
existir dando nós ou não as soluções certas. Novamente encontramos PEIRCE
citado por SANTAELLA (1983: 68) que fundamenta nosso pensamento ao afirmar que
“Nossas falhas e a de outros podem adiar indefinidamente o estabelecimento da
opinião”.
Desta forma Peirce vê na pesquisa científica um
método eficiente para fixar a crença, sendo que a princípio pode ser que
encontremos resultados diferentes, mas a medida que se a aperfeiçoe o método
verificar-se-á que os resultados caminham conjunta e continuadamente para um
centro comum (cf. SANTAELLA, 1983: 67). Todavia ele aponta outros métodos,
porém estes com mais falhas do que o científico.
O primeiro é o método da tenacidade, o indivíduo
“com instintivo desagrado que se tem pela indecisão de espírito” opta pela
crença já estabelecida pela comunidade antes de concordar com outra.
Peirce compara esta atitude com a atitude de uma
avestruz que ao perceber o perigo enterra a cabeça na areia escolhendo assim o
caminho mais fácil. Contudo, logo este homem poderá perceber que existem homens
que pensam de maneira diferente e acreditam em crenças tão boas quanto a sua e
isso abalará a confiança na crença que tem. Por isso o autor afirma ter que
existir um método de transmitir a crença para toda a comunidade.
O segundo é o método da autoridade onde toda crença
depende da imposição de um grupo, “onde quer que haja uma aristocracia, grêmio
profissional ou associação de classe, cujos interesses dependam ou suponha-se
que dependam de certas proposições, encontram-se, inevitavelmente, traços desse
produto natural do sentimento coletivo” (SANTAELLA, 1983:.81). Este é um método
onde a superioridade mental e moral se sobressaem.
O método a priori é o outro método que possui
falhas, pois consiste em pensar da forma como se está inclinado a pensar sem
ter as noções empíricas como referência ao modo de pensar.
De acordo com Peirce o método mais perfeito é o da
ciência que parte de algo estável e externo e não de algo humano levado pêlos
sentidos. Também a ciência parte de fatos conhecidos e observados para caminhar
em direção ao desconhecido. Dessa forma todas as pessoas são levadas a terem as
mesmas conclusões acerca de determinados assuntos por mais que a razão consiga
nos apresentar resultados diferentes.
Mas então o que é pragmatismo? Pragmatismo trata de
uma regra para “clarear idéias”, atentando para seus resultados práticos. Se
duas idéias tiverem as mesmas conseqüências práticas, então elas são
equivalentes. Assim, a ação passa a ser um critério lógico relevante. No
entanto, a ação não é o objetivo, mas apenas um meio para clarearas idéias.
Este princípio peirceano foi mal interpretado por
alguns filósofos, entre eles William James e John Dewey. Eles popularizaram o
termo, mas equivocadamente, sobretudo o primeiro.
Peirce compara a idéia de pragmatismo estabelecida
por James a um axioma estóico, pois para eles a ação é o fim do homem. Com isso
o termo passou a ser conhecido relacionado à prática, como o que tem valor é
que é útil. A filosofia pragmática aparece vinculada normalmente a questões
psicológicas ou morais esquecendo-se que a discussão proposta por Peirce gira
em tomo da lógica e da epistemologia.
Contudo, para Peirce a idéia é o fim da ação e isso
ele denominou como sendo pragmatismo. As Categorias do pensamento, em especial
a terceiridade vinculada ao fluxo do tempo dá à teoria peirceana sua base e
sustentação.
A máxima pragmática então se formulou através do
pensamento que se deve considerar quais efeitos, que concebivelmente poderiam
haver conseqüências práticas, concebemos ter o objeto de nossa concepção.
Então, a concepção desses efeitos é todo de nossa concepção do objeto.
William James, filósofo e psicólogo. Foi o
mais influente dos pensadores dos EUA, criador do pragmatismo. Nasceu e, Nova
Iorque, a 11 de Janeiro de 1842. O seu pai, Henru James, era um teólogo
seguidor de Emanuel Swedenborg. Um dos seus irmãos foi o conhecido novelista
Henry James. Concluiu os seus estudos de medicina, em 1870, na Universidade de
Harvard, onde iniciou a sua carreira como professor de fisiologia em 1872. A
partir de 1880 ensinou psicologia e filosofia em Harvard, universidade que
abandonou em 1907, proferindo conferências nas universidades de Columbia e
Oxford. Morreu em Chocorua, New Hampshire, a 26 de Agosto de 1910.
Principais
obras
Princípios de
psicologia – dois volumes(1890); O
filósofo moral e a vida moral (1891); A
vontade de crer (1897); A
Imortalidade Humana (1898); As várias
formas da experiência religiosa (1902); Pragmatismo
(1907); O significado da verdade
(1909); Ensaios sobre o Empirismo Radical
(1912); As cartas de William James –
obra organizada e publicado por seu filho Henry James (1929); Como estabeleceu metas de ensino?
(publicada no Brasil em 1978)[8].
Influências
recebidas
Influência de maneira especial por seu pai, Henry
James, defensor de um socialismo de cunho religioso é levado a buscar uma
concialiação entre a ciência e o problema da fé em Deus juntamente com a
liberdade humana.
Influências do empirismo inglês e como não poderia
deixar de ser de Charles Peirce. Acerca do primeiro – o empirismo – afirmar que
é a forma mais radical e menos criticável das correntes filosóficas (cf. REALE,
1991: 492). Também é possível observar traços racionalistas cartesianos quando
ele comente a respeito de Deus e da lógica. Segundo James a definição que toma
do pragmatismo é que seja um método para alcançar a clareza das idéias que
temos dos objetos.
Principais
idéias
O “Philosophical
Conceptions and Practical Results”[9]
constituiu o texto da conferência de James, no qual o Pragmatismo foi anunciado
a comunidade filosófica. É neste texto que James atribui a Peirce “o princípio
do praticismo ou pragmatismo”. Foi em 1898, quando James pensava que o
praticismo era um termo tão bom quanto pragmatismo, sendo este último derivado
da palavra grega “pragma”, que significa
ação, de onde a palavra prática procede. Peirce usa o termo “pragmatismo”
para denotar a doutrina segundo a qual, se puder definir os com exatidão todos
os critérios governando usos de um predicado, teremos uma definição completa do
que ele predica. Este é o princípio de Peirce, o princípio do pragmatismo.
James começa no lugar certo, face à concepção de
Peirce o pensamento em ação como inquérito, e do pensamento em repouso como
crença. De acordo com essa concepção, o único motivo possível para o pensamento
em ação é a consecução da crença. A questão em James é que a crença existe com
vista à ação. Permite-nos agir com convicção e permite-nos agir com segurança.
Para ilustrar sua
doutrina com exemplos, Peirce usa atributos como: dureza, peso, forca e
realidade. James usa exemplos de forma diferente com frases como estas:
·
Por favor, abra a
porta.
·
Raios te partam,
abre-me esta porta.
·
Na primeira eu
tentarei corresponder ao seu pedido, já na segunda recusar-me-ei a corresponder
seu pedido.
Há regras pragmáticas
governando o uso de frases em modos diferentes do imperativo.
Os lógicos do século XI,
deram muita importância à clareza e distinção de idéias. Quando Peirce submeteu
a análise os seus pontos de vista, descobriu que a clareza se reduzia à
familiaridade.
James, tal como Peirce e
os cartesianos, queriam que as suas idéias fossem cognições racionais. Mas ele
percebe que era simplesmente uma questão de ser claro a respeito de tais
idéias, de se conhecer os seus propósitos práticos, de se dispor a regras
pragmáticas. E parece pensar também que a aquisição de regras pragmáticas é bem
mais um processo de autoconsciência do que pensa Peirce. Por exemplo, James
escreve assim, “o pensamento em movimento tem por único motivo possível a
consecução do pensamento em repouso. Mas quando o nosso pensamento sobre um
objeto encontrou o seu repouso na crença, então a nossa ação a seu respeito
pode começar com firmeza e segurança”(JAMES[10] citado por REALE, 1991: 494).
O princípio que James
atribui a Peirce é de que para atingir clareza perfeita no nosso pensamento
sobre uma frase, precisamos apenas de considerar os mundos fenomenais possíveis
nos quais ela é verdadeira, e a que é que se assemelharia a vida de tais
mundos.
Peirce apresentou um
método para determinação do sentido de um termo abstrato para nós a que vamos
chamá-lo de “Princípio do Sentido de
Peirce” que é “se puder definir os
com exatidão todos os critérios governando usos de um predicado, teremos uma
definição completa do que ele predica”. James formula um método para
determinar que a credibilidade tem uma proposição filosófica para nós.
Chamaremos de “Princípio de Credibilidade
de James” que é o seguinte: Se alguém
puder definir com precisão todos os mundos possíveis e todas as vidas possíveis
nos quais uma frase é verdadeira, teremos um cômputo (cálculo) completo da
credibilidade do que a frase diz.
De acordo com James, toda função da filosofia
deveria ser a de encontrar que diferença definida fará para cada um de nós, em
momentos definidos da nossa vida, que esta fórmula-mundo ou aquela
fórmula-mundo seja a que efetivamente é verdadeira.
Em Pragmatismo,
James reagiu contra a teoria da verdade Peirce “A verdade é aquilo a que todos
os investigadores científicos estão destinados a dar finalmente acordo”. (JAMES[11]
citado por ROVIGHI, 1999: 464)O que James faz é levantar a questão da verdade,
tal como Kierkegaard diria, subjetivamente e como diria James pragmaticamente.
Schiller e Dewey, com a sua visão pragmatista do
que significa verdade, dizem que seria o seguinte: as idéias se tornam
verdadeiras, na medida em que nos ajudam a entrar em relações satisfatórias com
outras partes da nossa experiência. Esta é a visão “instrumental” da verdade.
Temos então um termo técnico, o termo “verdade instrumental”. A definição de
verdade instrumental é de que seja uma idéia instrumentalmente verdadeira na
medida exata em que nos ajuda a entrar em relações satisfatórias com outras
partes de nossa experiência. Uma idéia está a tornar-se verdadeira, se e só se
é instrumentalmente verdadeira. James refere-se a idéias que estão num processo
de se tornarem verdadeiras como verdades temporárias, ou como apenas
relativamente verdadeira; ou como apenas verdadeiras no interior de certas
fronteiras da experiência.
As crenças de pessoas para James têm muito de
experiência fundada. E essa experiência desempenha papel decisivo no
processo-de-verdade. A verdade é amplamente feita a partir de verdades prévias.
Estar nesse processo é estar lançando no corpo de verdades fundadas e as
coerções do mundo dos sentidos à sua volta. E a idéia é salvar tanto quanto
possível do velho enquanto se acomoda o novo.
James diz que as idéias verdadeiras do ponto de
vista instrumental obtêm para si próprias a classificação de verdadeiras,
fazendo-se verdadeiras pela forma como trabalham. Este é o processo de
verificação, pois as idéias verificam-se a si próprias pela sua habilidade para
acomodarem experiências novas na experiência fundada. De acordo com James, as
idéias verificam-se a si próprias pela sua habilidade para acomodarem
experiências novas na experiência fundada de um modo mais apropriado e
expedito.
·
Verificar algo pode ter qualquer um dos
seguintes sentidos:
·
Provar a verdade de tal coisa confirma-la;
·
Certificar a verdade, a autenticidade ou
correção disso;
·
Agir como prova última ou evidência disso;
·
Substanciar isso por juramento.
Se as idéias verificam-se a si próprias pela sua
habilidade para acomodarem experiências novas na experiência fundada de um modo
mais apropriado e expedito. E é a verificação neste sentido que ancora a
verdade no pragmatismo de James. A verdade de uma idéia não é uma propriedade
estagnante, inerente. A verdade acontece a uma idéia. Ela torna-se verdadeira,
é feita verdadeira pelos acontecimentos. A sua veracidade é de fato um
acontecimento, um processo: o processo designadamente, de ela se verificar a si
própria, da sua verificação.
O princípio é o seguinte:
Primeiro princípio: O que é verdadeiro no nosso
modo de pensar é o que é expediente na globalidade e a longo prazo. Se o nosso
modo de pensar não é senão sua própria direção para a produção de crença,
poderíamos sublimar a James.
Segunda princípio: O que é expediente na
globalidade e a longo prazo no nosso modo de pensar é a produção de crenças que
são verdadeiras.
James apresenta ainda um terceiro princípio que
consiste em as crenças que se provam a si próprias serem boas, e boas por
razoes definidas, determináveis, são as verdadeiras. A teoria da verdade de
James é uma conseqüência desse terceiro princípio ao afirmar que é verdadeiro
no nosso modo de pensar é a produção de crenças que se provam a si próprias
serem boas, e boas por razoes definidas, determináveis. Então podemos dizer que
é o princípio de James, um princípio do pragmatismo.
Filósofo e pedagogo americano, nasceu em 1859, em
Burlington, Estado de Vermont. Em 1875 ingressou na Universidade de Vermont,
com apenas dezesseis anos, estudando lá filosofia e fisiologia. Em 1884, obteve
o grau de doutor na Universidade John Hopkins, sendo nesta aluno do filósofo Charles Sanders Peirce.
Lecionou na Universidade de Michigan entre 1884 e 1888. Atuou como professor
nas universidades de Minnesota, novamente em Michigan, Chicago e na Columbus
University, até 1929. Na Universidade de Chicago, lecionou filosofia,
psicologia e pedagogia, organizando uma escola experimental. Começou ensinando
em uma escola de aldeia, fazendo sua primeira tentativa publicando um
informativo com o título: "As Suposições Metafísicas de Materialismo”.
Conheceu Alice Chipman que teve influência profunda no seu trabalho. Casa-se
com Alice em 1886. Em 1896, Dewey realiza seu famoso projeto, a “escola de
laboratório”. Foi discípulo do filósofo Charles Peirce, e admirador de William
James. Foi considerado como pedagogo avançado para a sua época. Faleceu em Nova
York em 1952.
Principais
Obras
Crítica Teórica da Ética (1891);Escola e Sociedade (1900); Estudo
da Teoria Lógica (1903); Condições
Lógicas para o tratamento científico da moral (1903); Ética (1908); Democracia e
Educação (1916); Ensaio Experimental de Lógica (1916); Reconstrução em Filosofia (1920); Natureza
Humana e Conduta (1922); Experiência e Natureza (1925); O Público e
Seus Problemas (1927); A Indagação para Certeza (1929); A Arte como
Experiência e Uma Fé Comum (1934); Liberalismo e Ação Social (1935);Experiência
e Educação (1938); Cultura e Liberdade (1939); Problemas do Homem (1946).
Influência
Recebidas
Como podemos notar nos parágrafos acima quando
comentamos a respeito da vida de Dewey nota-se que foi aluno de Peirce,
portanto carrega consigo grande influência do pensamento do primeiro grande
pragmatista e também pelas idéias educacionais de William James. Influenciado
na sua juventude também pelo naturalismo evolucionista e também pelo idealismo
hegeliano.
Principais
Idéias
A Educação em
Dewey
Para Dewey a escola deveria preparar a criança para
participar na vida da comunidade, acreditou que a educação deveria agir de tal
forma que proporcionasse uma abertura entre a experiência de educar e as
necessidades, participando do processo democraticamente.
Em seu projeto a “escola de laboratório” tem a
pretensão de facilitar a pesquisa e experimentos. Quer ele uma aproximação
entre a parte experimental e a sua aprendizagem. Proporcionar aos estudantes a
oportunidade de criar e investigar suas próprias experiências. Segundo ele uma
sala de aula deveria ser um local onde as crianças pudessem formar grupos,
criar planos e executar suas atividades sob orientação do professor.
Para Dewey o professor deve habilitar o aluno para
que tenha consciência e condições de enfrentar os obstáculos, seja envolvido em
situações ou resolvendo problemas. Em seu método o aluno era o centro da
educação, um agente ativo no processo de aprendizagem. Educação é o laboratório
no qual distinções filosóficas ficam concretas e são testadas. De acordo com a
filosofia educacional de Dewey a "escola de laboratório" se engajou
em três princípios:
Primeiro: A função da escola é treinar as
crianças, desenvolvendo a solidariedade na forma de ser útil ao próximo e a si
mesmo. Isso fortaleceria seu crescimento intelectual e social. Essas situações
estimulam o aluno a agir, integrando-se ao grupo, apresentando sua proposta
para solução e bem estar do grupo.
Segundo: As atividades educativas deveriam
ser instintivas, partir da própria criança, pois este fornece subsídios e
apresenta o caminho para sua educação. É a criança e não o assunto em questão
que determina a quantidade e qualidade do que se deve aprender. Esta
aprendizagem deve estar fundamentada na comunidade, onde indivíduo e sociedade
devem fazer parte de um único conjunto.
Terceiro: Através da "escola de
laboratório", seria a promoção das tendências individuais da criança em
suas atividades, voltadas para a cooperação e sua formação como cidadão.
Dewey rejeita métodos pedagógicos autoritários. A educação deveria integrar
o indivíduo a ele e sua própria cultura. Ele percebe em seus alunos que, apesar
de formados adequadamente, deixavam transparecer um vazio na sua aprendizagem.
Nota que a aplicação de métodos pedagógicos tradicionais faziam com que os
princípios desenvolvidos fossem ignorados.
A filosofia era a base teórica para a pedagogia, e a pedagogia à
aplicação prática da filosofia. Dewey através de sua filosofia
considerou as éticas de uma sociedade democrática, e, viu a educação como os
meios práticos pelos quais as crianças poderiam se tornar cidadãs de ajuste de
uma democracia.
Segundo Dewey o processo do pensamento está no
trabalho quando há um problema a ser resolvido, uma pergunta a ser respondida,
uma dúvida a ser solucionada. Nessa linha de pensamento ele propõe cinco
determinações: - ocorrência de um problema, análise do problema, formulação de
hipótese, experimentação e elaboração de idéias, confirmação das idéias.
Em seu trabalho combina seu pragmatismo filosófico
e suas idéias pedagógicas progressistas. Dewey demonstra claramente o papel
social da educação dos jovens para o futuro da sociedade. Define educação como
um processo de crescimento, baseado nessa definição ele interliga educação com
democracia.
Outro conceito importante proposto por ele é que a
liberdade não é só habilidade de agir por conveniência, mas significa
iniciativa intelectual, independência em observação, intervenção
judiciosa e previsão de conseqüências.
Em seu método Dewey, fala que educação democrática
é um processo experimental no qual são aplicados pensamento e razão à
atividade, buscando a melhor alternativa para a solução de um problema,
permitindo a criação de um novo conhecimento. A experiência é, para a concepção
de Dewey, o ponto de relação entre o ser vivo e seu ambiente, tanto físico
quanto social.
Toda experiência modifica e é modificada pelo meio,
constituindo um processo perpétuo de criação de conexões e continuidades, onde
impera a constante recriação do dado. A experiência é o fator fundamental de
mudança nas relações do homem com o meio;
Influenciado pela filosofia de William James,
Dewey desenvolve um método de
compreensão da realidade, denominado instrumentalismo.
O impulso que conduz o homem ao conhecimento não constitui um fim em si mesmo;
antes, ele se encontra calcado em uma necessidade mais primordial, de
apropriação da realidade. O pensamento não visa, em última análise, o “saber”.
Seu propósito central é, antes, dominar. Deste modo, ele constitui um
instrumento de adaptação ao meio, frente às dificuldades por este impostas.
Assim, a verdade deve corresponder ao fundamento instrumental do pensamento,
sendo compreendida como aquilo que leva ao homem a superar os problemas
impostos, de maneira a prepará-lo para a resolução de problemas futuros.
O pensamento de Dewey procura integrar sua
compreensão instrumental da realidade a uma prática de ensino, que possa
conciliar as questões postuladas pela razão aos problemas impostos pela vida.
Sua filosofia, bem como sua concepção pedagógica, volta-se para a superação da
dicotomia, existente em todo o pensamento clássico, entre teoria e prática.
Bases da
teoria lógica de Dewey
A filosofia, para John Dewey, é um esforço de
continuada conciliação (ou reconciliação) e ajustamento (ou reajustamento)
entre a tradição e o conhecimento científico, entre as bases culturais do
passado e, o presente que flui, cada vez mais rápido e rico, ou seja, entre o
que já foi e o vir a ser.
A lógica ou teoria do conhecimento de Dewey
funda-se, com efeito, no exame do processo de adquirir o conhecimento. Como
conseguimos nós o conhecimento? Não parte ele do conhecimento como um produto
acabado, para indagar de sua validez ou de sua possibilidade, mas dos fatos
crus da existência: que faz e como faz o homem para obter o conhecimento? Se
for possível descrever a experiência humana do conhecimento, ai se deverão
encontrar os elementos para uma teoria dessa experiência, isto é, a teoria da
investigação, da busca do conhecimento, que seria a própria lógica, no seu
objetivo último.
Segundo Dewey, o conhecimento, é o resultado de uma
atividade que se origina em uma situação de perplexidade e que se encerra com a
resolução desta situação. A perplexidade é uma situação indeterminada e o
conhecimento é o elemento de controle, de determinação da situação. Se tudo, na
existência, transcorre em perfeito equilíbrio, não há, propriamente, que buscar
saber ou conhecer, mas, quando muito, um re-conhecer automático.
O conhecimento, pois, é o resultado de um processo
de indagação. E a marcha deste processo de pesquisa é o que Dewey chama de
lógica. Vale dizer que a lógica é o processo do pensamento reflexivo;
“conhecimento” é o resultado deste processo; o “já conhecido” é o “material”,
que usamos no operar a investigação ou a pesquisa. Dewey identifica, assim, a
lógica com a metodologia e com o método científico. Sua hipótese é a de que o
método experimental ou científico de pesquisa é a própria lógica.
Usar a linguagem, diz Dewey, é usar um código e
usar um código envolve operações do mais alto caráter lógico. A linguagem
compreende sinais, ou sejam sinais naturais, e símbolos, ou sejam sinais
artificiais. Os sinais naturais existem na vida animal: “isto” significa
“aquilo”, “disto” se infere “aquilo”; fumo significa fogo. . . Mas, os símbolos
ou sinais artificiais só existem na linguagem humana. "Isto"
representa, “quer dizer” “aquilo”... A linguagem não originou o comportamento
associado e inteligente, mas deu-lhe novas “formas”, de modo a dar à
experiência uma nova dimensão e um novo nível. Dewey afirma então que o ato de
investigação, isto é, o ato de conhecer e sua teoria lógica, tem na cultura,
que caracteriza o ambiente humano, a sua outra ou nova, matriz – sua matriz
cultural. Resumindo o argumento, podemos notar que:
“Cultura”, em oposição à “natureza”, é, sobretudo
uma condição e um produto da linguagem. Como por ela é que se retêm e se
transmitem às gerações subseqüentes as habilidades, informações e hábitos
adquiridos, é uma condição da cultura. Mas, como os significados e sentidos das
palavras diferem de cultura para cultura, a linguagem também é um produto da
cultura.
Graças à cultura, as atividades orgânicas ou
biológicas, já humanas a esta altura, ganham novas características. Comer
faz-se festa; buscar alimento, a arte da agricultura e da troca; o amor, a
instituição da família.
Sem a linguagem ou os símbolos-significantes, os
resultados da experiência anterior ficariam apenas retidos nas modificações
orgânicas. Estas que uma vez processadas tendem a se fixar. A existência de
símbolos (da linguagem) permite recordar e esperar deliberadamente e, deste
modo, criar novas combinações dos elementos componentes da experiência,
revivida sob forma simbólica ou verbal.
As atividades orgânicas terminam em ação, que é
irreversível. Mas, se uma atividade pode ser figurada em representação
simbólica, não há um compromisso final. E se a representação da conseqüência
não for agradável, pode-se evitar a ação ou replanejá-la, de modo a evitar o
resultado indesejável.
A linguagem e o meio cultural fazem, por fim e
assim, do homem o ser raciocinante, o animal racional de que falava
Aristóteles. As suas necessidades e as suas dificuldades fazem-se problemas,
que são resolvidos pelas instituições, pelos hábitos, pelas crenças, pelas artes
e pelos conhecimentos, que construiu e obteve no seu processo de experiência,
de tal modo transformado em um processo contínuo de investigação, aprendizagem
e descoberta.
Certamente pode-se afirmar que John Dewey, educador
e filósofo, foi o intelectual mais importante dos Estados Unidos no século XX.
4. o pragmatismo
contemporâneo
Em termos históricos, é possível estabelecer uma
periodização para o pragmatismo. O professor norte americano John Murphy (cf.
MURPHY, 1993: 9), falecido antes de terminar completamente seu livro, fez uma
periodização interessante. Ele contou três fases para o pragmatismo. Em um
primeiro momento, que vai de meados do século XIX até as duas primeiras décadas
do século XX, a fase dos "pioneiros". A época de Charles Peirce, William
James e John Dewey. Em segundo lugar, o casamento do pragmatismo com a filosofia analítica
vinda da Europa (os refugiados do nazismo, isto é, os membros do Círculo de
Viena que aportaram nos Estados Unidos e que praticamente dominaram uma boa
parte dos departamentos de filosofia norte-americanos). Deste casamento surgiu
uma legião de filósofos dentro da comunidade de língua inglesa, principalmente
nos Estados Unidos, entre eles os nomes célebres de Willard Quine após a
Segunda Guerra Mundial e, nos últimos quarenta anos, o nome de Donald Davidson.
Em terceiro lugar o "boom" do pragmatismo na década de oitenta e
noventa - a volta do pragmatismo como uma corrente apta a enfrentar os mais
variados campos de discussão (quase que como nos tempo de Dewey): filosofia da
mente, lógica, filosofia da linguagem e epistemologia, filosofia social e
política, filosofia da educação, filosofia do direito e filosofia das religiões
e temas da mídia, como as discussões de gênero, o "politicamente
correto" e assim por diante. Não há dúvida que nesta terceira fase uma
série de pensadores brilhantes e bastante diferentes empunharam a bandeira do
pragmatismo: Hilary Putnam, Richard Rorty, Susan Haack, Charles Taylor, Richard
Bernstein, Quine, Davidson (por que não dizer, também, Thomas Kuhn?) e uma
série de outros não menos instigantes e não menos eruditos.
Vivemos uma nova fase no pragmatismo, é certo, mas
não é exagero falar que vivemos uma nova fase em toda a filosofia ocidental e
que isso deve muito ao pragmatismo. Gary Gutting , em seu Pragmatic Liberalism and the Critique of Modernity (1999), escreve
belas e exatas linhas sobre isso:
Eles oferecem [Rorty, MacIntyre e Taylor] a
clareza conceitual e respeitoso cuidado pelos argumentos como bons filósofos
analíticos, mas sem a dura frieza de detalhamentos técnicos, a claustrofóbica
restrição para com alguns tópicos e o depressivo isolamento da cultura não
filosófica. Ao mesmo tempo, eles fornecem o fôlego cultural e histórico da boa
filosofia continental sem a pretensão de obscuridade. Por que, eu penso, a
filosofia não pode ser sempre assim? (GARY[12] citado por
GHIRARDELI, 1999).
Gutting está entusiasmado. Se há mesmo razões para o
seu entusiasmo, isto é, se chegamos no que ele diz - frutos bons de um
casamento entre filosofia analítica e continental - e se isto é realmente algo
que podemos comemorar como um avanço, há de se considerar que o caminho
percorrido não foi fácil. Foi um caminho bonito, eu avalio, e vou lembrá-lo em
alguns pontos.
5. CONsiderações
finais
Depois de elucidarmos em nosso trabalho o que
Peirce chamou de Pragmatismo, concluímos que o autor considera como verdadeiro
somente o conhecimento científico, sendo que é este conhecimento que deve ser
fixado em nossa mente, pois este conhecimento é calçado nas experiências
práticas comprovadas.
Entendemos que em Charles Peirce pragmático não é
sinônimo de prático, mas sim que as conseqüências práticas nos dão a base
necessária para atingirmos crenças verdadeiras. Podemos ainda dizer que quando
uma experiência prática não sustenta mais uma teoria, esta deve ser revista,
pois o que a faz ser verdadeira é a sua conseqüência prática.
Tomemos como exemplo a hipótese científica da
"impenetrabilidade da matéria" que diz que dois corpos não podem
ocupar o mesmo lugar no espaço. As nossas experiências práticas conseguem
sustentar esta teoria, se de repente duas matérias começarem a ocupar o mesmo
lugar no espaço a teoria foi refutada e deverá ser revista por conta das suas
conseqüências práticas não condizerem mais com o que foi estabelecido.
A realidade se apresenta independente de nós
mesmos, por isso "nossas falhas e as de outros podem adiar indefinidamente
o estabelecimento da opinião", sendo que um dia a verdade esmagadora se
levantará.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário
de Filosofia. 4a edição. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
DEWEY, John. A Filosofia
em Reconstrução. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958.
_________. Experiência
e Educação. 2a Edição. São Paulo: Editora Nacional, 1976.
GHIRARDELI Jr., Paulo. O que é pragmatismo? 2004.Disponível em
. Acesso em 14 de outubro de 2004.
_________. O
pragmatismo e o Neo-pragmatismo. 1999. Disponível em
. Acesso em 12 de outubro de 2004.
LALANDE, André. Vocabulário
Técnico e Crítico de Filosofia. 3a edição. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
MONDIN, Batistta. Curso
de Filosofia. Volume III,
6a edição. São Paulo: Paulus,1983.
MURPHY, John. O pragmatismo: de Peirce a Davidson. Porto: Edições Asa, 1993.
PAULI, Evaldo. Enciclopédia Simpozio. Disponível em
Acesso em 18 de outubro de 2004.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. 3a Edição. São
Paulo: Editora Perspectiva, 2000.
REALE, Giovanni,
ALTISERI, Dano. História da Filosofia. Volume III,
3a edição.. São Paulo: Paulus, 1991.
ROVIGHI, Sonia Vanni. História da Filosofia Contemporânea: do
século XIX à neoescolastica. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
SANTAELLA, Lúcia. O Que é semiótica? São Paulo: Editora
Brasiliense, 1983.
SANTOS, José
Francisco. Peirce e o Pragmatismo.
Revista da FEBE, Brusque, n.05, pp. 27-32, 2000.
[1] A
fixação da crença.
[2]
Diz-se do argumento, conhecimento ou explicação que relaciona um fato com a
sua causa final, ou constituí uma
relação com a finalidade.
[3] PIERCE, Charles. Chance, Love and
Logic, I, 2 § 1; trad. it., p. 39.
[4] DEWEY, John. The Quest for
Certaubty, 1929, p. 37.
[5]
Como tornar clara nossas idéias
[6]
Dentre estes pensadores que não serão tratados ao longo deste trabalho
destaca-se Mead que afirma que a função da filosofia é mostrar um universo não
cindido (separado) do qual emerja a continuidade entre o universo e o ser
humano, portanto existe uma relação de condicionante entre o presente e o
passado, por exemplo. Na Alemanha o
pragmatismo assume uma tendência de que a filosofia e a ciência são ficções e
não possuem um validade teórica. Outra linha de pensamento é a de Unamono ao
afirmar que a verdade é aquilo que, impedindo-nos de agir, de um modo ou de
outro, nos faz alcançar nosso objetivo. Já a corrente pragmatista italiana em
suma procura demonstrar que existe um caráter utilitário e que devesse se
desmascarar a inutilidade de determinadas questões que os filósofos se ocupam,
como por exemplo questões sobre o tempo, substância, sobre o infinito, pois
estas não nos levam a nenhum lugar.
[7]
Como tornar clara nossas idéias, artigo publicado em 1878 e A fixação das
crenças publicado no ano seguinte – 1879.
[8]
Obra publicada pela Editora Globo, Porto Alegre/RS.
[9]
“Conceitos Filosóficos e Resultados Práticos”. Periódico americano
especializado em filosofia.
[10]
Reale não cita a fonte da qual retira a seguinte frase de William James.
[11] JAMES, Willaim. Pragmatismo. Nova Iorque e Londres:
longmans ad Co., 1907.
[12] 2. Gary, G. Pragmatic Liberlismo and the Critique of Modernity. Cambridge:
Cambridge University Press, 1999, p. 5.
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