quinta-feira, 13 de junho de 2013

AS VRENÇAS E A ATRIBUIÇÃO DE CRENÇAS

vitor schlickmann

 

AS CRENÇAS E A ATRIBUIÇÕES DE CRENÇAS


            Os dois termos se diferenciam entre si, embora tenha igual a palavra “crença”. E tentarei argumentar um pouco a crença e a atribuição de crenças.
 A atribuição de crença é um procedimento que envolve um conjunto de regras. Na medida que tem relação com a linguagem, e particularmente com a linguagem de crenças.
            Através desse pragmatismo atribuímos a crença a certas pessoas não nos leva a concluir simplesmente que elas têm de fato essa crença. Por exemplo, eu acredito que o aquecedor ao lado do bebe está quente, mas muito embora admite que o bebe não tem a menos idéias do que é um aquecedor.
            Portanto atribuímos crença P a uma pessoa, mas não necessariamente ela crer em P. Sendo assim, a utilidade da atribuição de crenças não é uma prova  automática da existência das crenças.
            Também a útil tendência de atribuir crenças como se fossem verdadeiras não nos deve levar a concluir que essa crenças existem na pessoa nem mesmo que são verdadeiras de fato.o mundo nem sempre corrobora, confirmar as crenças que parecem verídicas.
            Entre também o princípio de caridade. Embora não é de forma alguma manifestação de sabedoria filosófica aceita por todos. Onde devemos aceitar como verdadeira a crença do outro. Isso por que o princípio da caridade já está imposto em nós, mesmo eu querendo ou não ela existe em nós. Embora, já como crítica a esse principio, não necessariamente eu devo aceitar.
   








h� x e �� W e do próprio ato de ser, e portanto a realidade humana torna-se completo em si mesmo. A pessoa goza de uma tripla incomunicabilidade; comunica-se com o todo, não pode comunicar com o universo lê sim com particulares e a pessoa é algo subsistente(tornar sobre).


O que é pessoa para Gabriel Marcel?
         Concebe que não podemos conhecer a pessoa pela ciências, pois a pessoa é misteriosa. Quando uso a ciência, sou a pessoa como se ela fosse um ‘ele’. Porém com a metafísica chego a pessoa com em “ti’. A pessoa é alcançada através da interrogação, dialogo e amor. enome� � i �� W rl, Heidegger, Merleau-Ponty e especialmente Lévinas) e da radicalidade dos estudos marxianos e suas naturais conseqüências à ação prática na vida cotidiana, começa a procurar, ás vezes de forma exasperada, respostas a terrível realidade, do passado e do presente e suas determinações relegadas à prospectividade da latinoamerica dominada e sofrida há 500 anos. Esta jovialidade militante de Dussel pode ser verificada através de um de seus relatos a cerca do encontro pessoal com Emmanuel Lévinas. Ele relata que,


"Em 1972, em Louvain, reuni um grupo de estudantes para dialogar com Lévinas, a quem perguntei: "E os quinze milhões de índios mortos na conquista da América Latina, e os treze milhões de africanos escravizados, são também o Outro de quem você fala?" Lévinas me olhou fixamente e me disse: "Isto quem deve pensar é você". Por isso continuamos desenvolvendo a filosofia da Libertação que já havíamos iniciado. Neste encontro, no final, nos revelou: "Vejo a todos vocês como se fossem reféns". Não entendi o que queria dizer".

 

2.4 Totalidade e Infinito: a obra exemplar na emergência do Outro e alteridade em Emmanuel Lévinas como pressupostos de uma nova Filosofia


Totalidade e Infinito sem dúvida é uma da obras mais importantes de Lévinas, tendo influenciado a Filosofia da Libertação na América Latina, em especial Enrique Dussel, Osvaldo Ardiles, Juan Carlos Scannone e outros. Aqui Lévinas retoma reflexões e conceitos anteriores e os reorganiza, agora abordando a relação entre totalidade e exterioridade, o mesmo e o outro, a ontologia e a metafísica.
O Outro enquanto Outro escapa a fenomenologia do olhar. A fenomenologia reduz aquilo que se vê a um ente no mundo com um sentido estabelecido a partir do projeto fundamental, do ser:
 "A visão não é transcendência. Outorga uma significação pela relação que faz possível. Não abre nada... mais além do mesmo..."
Contudo a aparição do rosto desnudo em meu mundo é a revelação de Outro que exige respeito e acolhida, porque é pobre, viúva, peregrino, estrangeiro, fraco e indefeso. O aparecimento do rosto no mundo do mesmo instaura a emergência da exigência ética: Não Matarás! Matar para Lévinas significa negar a infinitude do Outro reduzindo-o a um mero ente do mundo, significando-o a partir da totalidade. A transcendência da totalidade ontológica do Eu ao Outro se dá pela abertura à palavra do outro que emerge em meu mundo como um rosto. O Outro se revela Outro em seu rosto, mas manifesta ser infinitamente Outro pela sua palavra. A linguagem se torna, entretanto, apenas o espaço do encontro do Eu com o Outro. François Poirié sintetiza este encontro na filosofia de Lévinas dizendo que:

"A linguagem não é mera experiência, nem um meio de conhecimento de outrem, mas o lugar do Reencontro com o Outro, com o estranho e desconhecido do Outro".

No diálogo que se expressa, o sentido da palavra interpelante sempre escapará à hermenêutica do Eu que nunca conseguirá interpretá-la adequadamente. O Outro e sua Palavra enquanto categoria transcendental levinasiana jamais poderá ser reduzida a uma psicologia, sociologia ou outro razão qualquer, sem des-figurar o rosto do Outro ao tentar abarcá-lo.
Somente na relação de face-a-face (expressão fundamental para compreender o intento levinasiano), entre o Eu interpelado e o Outro, que se estabelece a proximidade, cujo sentido primordial e último é a responsabilidade do Eu pelo Outro, sem exigência de reciprocidade, pois se houvesse tal exigência não se trataria mais de uma relação des-inter-essada. Para Lévinas, nesta responsabilidade constitui-se a subjetividade do sujeito:

"Esta fenomenologia da proximidade toca uma esfera que, na subjetividade, precede a intencionalidade, tendo uma trama espiritual anterior à consciência, ao saber e ao tempo rememorável".

O movimento primordial do homem não é a significação do mundo, mas o desejo (desir). No âmbito da consciência, ou melhor, dizendo, da auto-consciência, é impossível ao homem sair de si mesmo, o verdadeiro contato como a relação do Outro só é possível com o desejo e a necessidade (desinteressada).
O Desir do Outro enquanto Outro é então o Desejo da Transcendência pois deseja o Outro que como tal não pode ser visto sob a fenomenologia do olhar, sob a luz da razão na mesmice da totalidade. Permanece sempre um mistério não solucionado como Desir do Infinito: pois só o Outro como Outro revela-se infinitamente Outro não podendo ser aprisionado em um conceito, ou categoria, expressão filosófica com suas determinações imanentes, manifestando-se sempre como surpresa e novidade da proximidade in-abarcável.
Em outra dimensão: o Desir Metafísico desejando o Outro para além da totalidade ontológica de um sentido que a ele se estabeleça previamente em nosso mundo. Este Desejo insondável move o Eu e o Outro na relação que conduz ao face a face, que se realiza como proximidade em uma relação interpessoal de responsabilidade aberta ao Infinito. Tal Desejo não se conclui no gozo, pelo contrário o desejado não satisfaz o Desejo, mas o aprofunda. A metafísica, conforme Lévinas, deseja o outro para além das satisfações.
Esta nova metafísica, este novo estatuto ontológico da alteridade pensado por Lévinas questiona a ontologia da totalidade:

"A ontologia que retorna o Outro ao Mesmo... renuncia ao Desejo metafísico, à maravilha da exterioridade, da qual vive este Desejo. (...) A filosofia do poder, a ontologia, como filosofia primeira que não questiona o Mesmo, é uma filosofia da injustiça".

A relação ética movida pelo Desejo metafísico torna-se, portanto, anterior a qualquer filosofia, teoria ou projeto político. Por isso que a ontologia da totalidade, da mesmice não responde à interpelação ética da alteridade: o próprio Ser-para-o-outro é a própria condição de constituição da intersubjetividade humana, emergindo da neutralidade de um Eu que só percebe o Mesmo, de um haver impessoal e da significação neutra dos entes do mundo no horizonte do ser decerrado em si, onde todos os seres humanos e sua história são reduzidos a movimentos de conceitos no plano do conhecimento, compostos teórica e praticamente em função de projetos que os reduzem a entes que podem ser manipulados efetivando as inúmeras formas de injustiça e negação.
No face a face, na relação de proximidade entre o Eu e o Outro, estabelece-se a abertura definitiva da intersubjetividade: o Outro situa-se num plano mais elevado que o Eu. Pela sua palavra o Outro é educador supremo do Mesmo e o ensina a desdobrar-se na limitação subjetiva. Deve o Mesmo julgar sua vida a partir da palavra do Outro com a consciência de que jamais se é justo o suficiente. Nesta relação o Eu percebe-se res-ponsável e, somente no exercício de tal responsabilidade é estabelecida a proximidade. Perante o Outro a atitude humana é dizer Eis-me aqui!. Esta disposição de fazer alguma coisa por outrem, esta dia-conia é anterior ao dia-logo. O rosto, que emerge no mundo, simultaneamente nos pede e nos ordena, isto é, interpela-nos, pede-nos na condição ética de nos ordenar. Contudo, por mais que o eu assuma a sua responsabilidade pelo outro, não se pode exigir reciprocidade, pois a responsabilidade do outro é problema dele.

 

2.5 A Ética como filosofia primeira: justificações ontológicas da Ética da Libertação em Enrique Dussel


A proximidade da filosofia de Emmanuel Lévinas com a justificação da Ética da Libertação na América Latina se expressa primeiramente na concepção crítica à ontologia da totalidade e seu ao contraponto: a Ética como filosofia primeira. Dussel parte da exploração, do massacre de séculos dos povos periféricos, considerados de terceiro mundo pelos povos de primeiro mundo justificados na ontologia da totalidade. Isto tudo aconteceu e continua acontecendo quando o Mesmo fecha-se em si, torna-se auto-suficiente, melhor, etnocêntrico e não aceita o Outro, a alteridade. Não abre-se para o diferente, o novo, o dinâmico. Este, aceito, poderia constituir uma ameaça para o Mesmo (o Outro precisa ser eliminado). O Outro quase nem é percebido. Na ontologia da totalidade não há espaço para o Outro, pois Outro, neste sentido, significa o não-ser, a negatividade.

Contra a lógica que não aceita a exterioridade, Dussel propõe a analética, isto é, tenta organizar um discurso a partir da liberdade do outro; nesta lógica o Outro apresenta-se como alteridade quando irrompe como o estranho, o diferente, o distinto, o pobre, o oprimido, aquele que está a beira do caminho, fora do sistema e mostra seu rosto sofredor e grita por justiça. A analética tem origem não na ordem estabelecida da totalidade, mas no Outro, que encontram salvaguarda nas categorias dusselianas do índio, do negro, dos explorados. Antonio Sidekum sintetiza esta proximidade dizendo que:


"As categorias bíblicas, o órfão, o pobre, a viúva e o estrangeiro, utilizados na filosofia de Lévinas, recebem uma concreta significação e destino na filosofia da libertação. O outro é o oprimido que se chama o índio, o campesino sem terra, o marginalizado nas periferias dos grandes centros urbanos, o desempregado, o pobre do povo que clama por justiça. A revelação deste outro exige uma correspondente práxis libertadora".


A práxis libertadora constitui-se num novo projeto histórico que aposta na liberdade de Outro, dá ao oprimido a possibilidade de ser livre, tentando superar o pecado da dominação. A práxis libertadora abre caminhos para a posteridade.
Na ordem vigente tornou-se habitual, normal a dominação sobre. A América Latina é marcada profundamente pelo ethos da dominação. Isto acontece em dois momentos: o primeiro é quando explorada pela totalidade européia ou norte-americana; o segundo acontece quando um grupo (latino-americano) explora o resto do povo.Sentimos a necessidade de primeiramente nos determos a respeito de alguns conceitos chaves na filosofia de Dussel. Estes, certamente nos possibilitarão uma maior compreensão da filosofia latinoamericana e deste trabalho. Todos estes conceitos que a seguir exporemos não são novos, porém Dussel faz uma nova leitura: pensa a partir das nações oprimidas e dominadas da periferia:

1.   Proximidade

A filosofia grega e a européia moderna vê o Outro como distante, diferente, o não-ser; aquele que foi "descoberto", dominado, controlado. Esta é a ontologia da totalidade: "o ser é, e o não-ser, não é".
O discurso que Dussel pretende é o que está além desta ontologia: a proximidade. Esta é uma categoria do face a face: entre filho(a) e mãe na amamentação; homem e mulher no relacionamento amoroso; ombro-a-ombro dos irmãos. Nestas categorias exemplifica-se a proximidade, a essência do homem, sua plenitude.

Neste relacionamento, o outro sempre precisa ser respeitado como outro, distinto, diferente.

O homem quando nasce é acolhido por alguém, esta é a primeira categoria da proximidade, esta é anterior a toda tematização da consciência. A proximidade é a raiz da práxis e o ponto de partida de toda a responsabilidade pelo outro.

Na história, a proximidade acontece no face a face com o outro; especificamente, na América Latina, a proximidade realiza-se no face a face com o povo oprimido, aquele que é exterior a todo o sistema e clama por justiça.

 1.1.2. Totalidade

O mundo não é a soma exterior dos entes, mas, a totalidade dos entes com sentido. O mundo seria o espaço no qual o ente encontra o sentido.

A diferença entre mundo e cosmos é que do cosmos fazem parte todas as coisas compreendidas ou não pelo homem, enquanto "mundo" é a totalidade do sentido compreendida pelo homem. Sem a presença do homem não haveria "mundo", neste sentido; somente cosmos. O cosmos é anterior. Conforme Regina:

 

"Como totalidade espacial o mundo sempre situa o eu, o homem como sujeito, como centro e, a partir de tal centro, organizam-se espacialmente os entes. Os que estão próximos sãos os entes que têm sentido"

 

Neste sentido, a filosofia da Libertação procura detectar a origem da situação de dependência, dominação da América Latina; também procura identificar a origem do sofrimento do povo Latino Americano e sua aparente incapacidade de desenvolver-se.

 1.1.3. Metafísica da Alteridade

No Ocidente a tradição filosófica vigente é a ontologia da totalidade, negadora do outro como outro.

Para falar da metafísica da alteridade Dussel faz uso de um texto bíblico: Ex 33,11. Javé falava com Moisés face a face como o homem que fala com uma pessoa que lhe é íntima. O face a face é uma das categorias mais importantes do pensar de Dussel. Isto significa a proximidade, sem mediação, o aceitar o outro como outro, expor-se frente a frente com o Outro numa relação de autenticidade. O face a face é o encontro de uma "totalidade aberta" e da alteridade que se revela. Sãos dois pólos abertos um ao outro; o outro permanece distinto, sem unidade prévia. O outro sempre constitui um mistério inapreensível totalmente. É impossível compreender o outro do mesmo modo que compreendem as coisas. A compreensão do outro faz-se através do ouvido atento ao "mundo" do Outro. Segundo Ames:

"Quando se reconhece o outro como alguém, um além da totalidade, é possível uma "práxis de libertação" que procura reconstituir a alteridade, a liberdade de quem vive oprimido na totalidade. Essa práxis é essencialmente anti-fetichista, porquanto nega a falsa divindade da totalidade (o "fetiche"), no serviço ao "pobre" erótico, pedagógico e político".

 

1.1.4. A exterioridade

O mundo é o mundo do sentido. Às vezes, porém, os entes ou o rosto das pessoas irrompem e não despertam o sentido; o outro quase não é percebido como outro e a sua presença parece algo que tem pouco sentido, por exemplo, o motorista de taxi parece ser parte da mecânica do carro, etc.

O outro revela-se como outro quando resiste em não ser algo, mas alguém "indivíduo", que interpela, deseja ser visto como tal. Este homem está transcendendo as "determinações normais" da realidade.

O querer ser livre implica uma realidade prática: assumir (estar consciente de sua situação) e lutar pela mudança. Para isto é necessário libertar-se primeiro da alienação e gritar contra o sistema injusto que oprime e exclui o pobre.

O pobre não tem lugar, não tem vez porque dentro de uma estrutura (ontologia da totalidade) não há espaço, por ser ele uma negatividade; é um não-ser às margens da totalidade. O pobre, então, é visto como alguém que precisa ser "ajudado", precisa de um prato de comida, mas nada se faz para mudar a estrutura de opressão para que o pobre se liberte.

A "lógica da exterioridade", segundo Dussel, tenta organizar seu discurso a partir da liberdade de outro. A origem deste discurso (desta lógica) está no outro como pobre, oprimido, ignorado e no seu reconhecimento como ser.

 

1.1.5. Ethos: a fundamentação da Filosofia da Libertação

O ethos emerge em um mundo cultural, de um grupo, num período da história. As pessoas, no dia-a-dia diante das coisas adquirem hábitos, atitudes, modo de agir, e dão significados às coisas e atos. Isto constitui uma maneira de ser e de habitar o mundo. Segundo Dussel:

 "O ethos é a maneira como cada homem e cada cultura vivem o ser. Se há história do homem, há também história do ethos".

O acesso ao ethos faz-se através da escuta do outro, depois de cessar todas as nossas evidências. O ethos na maioria das vezes não é verbalizado, vive-se. Por isso seria muito difícil compreender o ethos através de biografias, informações, pré-compreensões, etc. É necessário "entrar no mundo do Outro", "viver o mundo do Outro", tentar compreender o mundo do outro a partir do outro mesmo. Só assim é possível descobrir quantos e quão preciosos valores há no Outro.

Dussel ao pensar uma nova ética, pensa na perspectiva dos sofredores latino-americanos e o faz à luz da história – na dominação do Mesmo, do Ethos da dominação: Agostini relata releitura da história da dominação a partir das categorias dusselianas:


"Os conquistadores dispuseram a seu bel prazer dos bens e das vidas descobertas nas novas terras. Para nada se levou em conta o direito dos aborígenes sobre suas vidas, sua religião, sua cultura e suas terras. Para a totalidade não existe nada mais senão ela mesma; tudo o que percebe e o que valoriza é desde a sua própria mesmidade. O neo-colonialismo posterior e a atual dependência econômica de nossos povos prolonga a prática dominadora da mesmidade: nenhum povo dependente pode ter outro destino histórico ou criar outro projeto do que aquele que é imposto pelo império".


Esta mesma perspectiva hoje se repete no plano econômico, político e cultural. O Outro "parece um mero receptor, consumidor" de produtos industrializados "pela totalidade", de planos político, modelos pedagógicos, músicas, teatro, filmes, linguagem, gírias, etc. Enfim, o Outro está encontrando dificuldade para ser realmente Outro.

3. À Guisa de uma conclusão

Percebemos claramente a influência da filosofia de Emmanuel Lévinas na justificação de um Ética de Libertação na América Latina a partir das categorias dusselianas. Esta influência deve ser entendida na abertura que o pensamento levianasiano trás no espírito da filosofia ao negar a ontologia da totalidade e apresentar a Ética como filosofia primeira revelada na epifania do rosto do Outro. Porém, Dussel traduzirá esta influência em pura criatividade: ao transportar as categorias de relacionalidade e proximidade levinasiana à realidade histórica e atual da América Latina, percebe, que o Outro é o pobre, o indígena, o trabalhador explorado pela estrutura liberal, etc.

A inovação da filosofia da libertação é procurar instaurar uma práxis de libertação para que o oprimido possa ser ouvido, para que sejam respeitados em seus direitos, em sua liberdade; para que a negatividade do Outro possa ser positividade, isto é, a afirmação da alteridade. Isto com certeza não será algo vindo gratuitamente a partir da totalidade, mas será algo conquistado com muito esforço e muita luta.

Penso que um tal trabalho começa pela dissolução de todos os pré-conceitos, as pré-determinações dos imperativos filosóficos que não percebem a interpelação ética expresso no face a face; como o sentimento propagandiado diariamente de inferioridade, incapacidade de um pensamento próprio, etc, dos quais somos vítimas.


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