A origem do capitalismo
2.1 Definição de capitalismo
Max Weber objetivou compreender o capitalismo como
uma forma de civilização, assim como a ciência, a arte, a arquitetura a
universidade e o Estado. Tendo no ocidente um estágio de desenvolvimento que
possa ser reconhecido, sendo que ele já existia manifestações do capitalismo
até mesmo em culturas orientais. Essa operação é marcada pelo calculo racional, do que
investir, o que importa nesta concepção é a efetiva orientação para um ajustamento
dos lucros ao investimento, por mais primitiva que seja a sua forma.
Neste sentido o capitalismo já existiu em todos os
paises da Terra, no ocidente, todavia, ao lado desse, veio a conhecer na era
moderna, um tipo completamente diverso e nunca antes encontrado de capitalismo:
a organização capitalista racional, assentada no trabalho livre, separando a
empresa e seus bens da economia doméstica, dos bens do indivíduo, com uma
contabilizaçao racional da empresa capitalista.
Mas o grande desenvolvimento ocorreu no Ocidente na corrida desenfreada pelo
lucro.
Na busca de uma definição mais ampla do capitalismo
deve-se deixar claro como este sistema de mercado está fundamentado em vários
princípios, sendo estes:
- Propriedade privada de meios de produção (no qual
as pessoas individualmente ou reunidas em sociedade são, donas dos meios de
produção);
- A transformação da força de trabalho em
mercadoria, isto é, quem não é dono dos meios de produção é obrigado a
trabalhar em troca de um salário;
- A acumulação do capital, quem produz, quer
produzir sempre pelo menor custo e vender pelo maior preço possível, para obter
a maior diferença entre o custo de produção e o preço de venda do produto;
- A livre concorrência, isto é, a concorrência é a
competição na venda dos bens de serviços. Na prática, a concorrência é onde
todos têm o mesmo direito para produzir, comprar, vender, fixar os preços etc.
O capitalismo
teve sua origem na Europa. Suas características aparecem desde a baixa Idade
Média (do século XI ao XV), com as mudanças que ocorreram no próprio modo de
vida cristão, prinicipalmente com a transferência do centro da vida econômica
social e política dos feudos para cidade.
A concepção cristã medieval o trabalho uma
verdadeira maldição, devendo desenvolver-se apenas na medida em que o homem
dele necessitasse para a sua sobrevivência, não sendo aceitado jamais, como um
fim em si mesmo. Esta concepção cristã não atribuía ao trabalho nenhum grande
mérito ou significado capaz de conduzir o homem à salvação individual. Pregava,
inclusive, que se o indivíduo pudesse livrar-se do trabalho em virtude de suas
riquezas e dedicar-se integralmente a vida contemplativa e à oração, tanto
melhor. Para esta concepção cristã a vocação do homem se realizava nessa
contemplação, estado perfeito que se unia à divindade ( CATANI, 1984, p. 15,
17).
O surgimento
dos primeiros comerciantes e artesãos livres nas pequenas cidades foi o germe
de uma sociedade nova que, no decorrer de alguns séculos, substituiria o
sistema feudal. No capitalismo, as classes não mais se relacionam pelo vinculo
da servidão, mas pela posse ou carência de meios de produção e pela contratação
livre do trabalho.
No capitalismo
a produção e a distribuição das riquezas são regidas pelo mercado, no qual os
preços são determinados pelo livre jogo da oferta e da procura onde o
capitalista que é proprietário dos meios de produção, compra a força de
trabalho de terceiros para produzir bens que, depois vendidos, lhe permitem
recuperar o capital investido e obter um excedente denominado lucro.
Podemos determinar o modo de produção capilaista em
duas condições que são:
- A existência de capital, conjunto de recursos que se
aplica na compra de meios de produção;
- Força de trabalho e a existência de trabalhadores
livres, que vendem sua força de trabalho em troca de salário.
Definem-se, por meio destas condições as duas classes
sociais básicas que formam a sociedade capitalista: a primeira a dos
capitalistas (conhecida também como burguesia) e a segundo que ficou conhecida
como a dos assalariados (conhecida como proletariado).
Outros fatores que dão ênfase ao capitalismo são a
acumulação permanente de capital; a distribuição desigual da riqueza; o papel
desempenhado pelo dinheiro e pelos mercados financeiros; a concorrência, embora
modificada pela concentração monopolista; a inovação tecnológica ininterrupta
e, nas fases mais avançadas de evolução do sistema, o surgimento e expansão das
grandes multinacionais.
O
capitalismo também pode ser denominado como economia do mercado ou de livre
empresa, isto é, a circulação de mercadorias e de dinheiro não basta para
caracterizá-lo: sua origem não pode ser
confundida com o inicio do comercio de larga escala. A classe mercantil
afirmou-se na fase de decadência do modo de produção feudal, mas o capitalismo
só floresceu quando o modo de produção que o caracterizava tornou-se dominante.
Assim, não se pode falar em capitalismo na antiguidade ou na Idade Média, nem
em cidades como Gênova, Veneza ou Pisa, que se desenvolveram em função do
comercio.
A
expansão do capitalismo comercial, ocorrida entre os séculos XIII e XVIII,
promoveu a difusão das idéias mercantilistas, que advogam a intervenção do
Estado para promover a prosperidade e o fortalecimento das nações. Como a
acumulação de riquezas dependia da exploração e comercialização do ouro e da
prata, os paises tiveram que se lançar à
conquista de novas terras e à ampliação dos mercados e dessa forma o espírito
mercantilista estimulou os sentimentos nacionalistas, provocando o
florescimento do comércio e em conseqüência criou as condições para a aparição
do modo de produção capitalista.
A expansão do comércio,
particularmente do comércio de longa distância, levou ao estabelecimento de
cidades industriais e comerciais para servir a este comércio. O crescimento
dessas cidades, bem como o seu crescente controle por capitalistas
comerciantes, provocou importantes mudanças, tanto na agricultura quanto
indústria. Cada uma destas áreas, particularmente a agricultura teve
enfraquecidos e, por fim rompidos seus
laços com a estrutura econômica e social feudal (HUNT, 1989, p. 33, 34).
A
evolução do capitalismo industrial foi em grande parte, conseqüência do
desenvolvimento tecnológico, por imposição do mercado consumidor, os setores de
tecelagem foram os primeiros a usufruir os benefícios do avanço tecnológico e a
indústria manufatureira evolui para a produção mecanizada, possibilitando a construção
de grandes empresas, nas quais se implantou o processo de divisão técnica do
trabalho e a especialização da mão-de-obra.
O
controle capitalista foi, então, estendido ao processo de produção. Ao mesmo
tempo foi criada uma força de trabalho que possuía pouco ou nenhum capital e
nada tinha a vender a não ser sua força de trabalho. Estas duas características
marcaram o surgimento do sistema econômico capitalista. Como resultante desta
ação houve uma verdadeira ação de retirada da população do campo para os
burgos.
O movimento do cercamento
atingiu o seu ponto máximo nos séculos XV e XVI, quando, em alguma áreas de
três quartos a nove décimos dos habitantes foram expulsos do campo e forçados a
buscar sustento nas cidades. Práticas subseqüentes de cercamento continuaram
até o século XIX. Os cercamentos e o crescimento populacional destruíram os
laços feudais remanescentes, criando uma grande nova força de trabalho – uma
força de trabalho sem terra, sem quaisquer ferramentas ou instrumentos de
produção, apenas com a força do trabalho para vender. Esta migração para as
cidades significava mais trabalho para as industrias capitalistas, mais homens
para os exércitos e marinhas, mais homens para colonizar novas terras e mais
consumidores ou compradores potenciais de produto (HUNT, 1989, p. 39).
Para
Weber, o capitalismo moderno pode ser caracterizado como vasto complexo de
instituições que trabalham com base mais na prática econômica racional, do que
na especulativa, isto compreende no particular, empresas que operam com
inversão de capitais ao longo prazo em uma oferta voluntária de trabalho, no
sentido jurídico da palavra; em visão de trabalho planejada no interior das
empresas e em uma distribuição das funções de produção entre umas e outras
mediante o funcionamento de uma economia de mercado.
Ele
não define o capitalismo em si como o desejo ilimitado de ganho, mas o espírito
do capitalismo é à procura do lucro, sempre renovado, da rentabilidade,
aproveitando todas as possibilidades que aparecerem. Define-se como a
utilização planejada de recursos materiais ou pessoais como meio de aquisição,
de forma que ao termino de um período econômico, o balanço da empresa em termos
monetários, exceda o capital.
Para
a concepção cristã medieval preservada pelo catolicismo que exigia como
requisito fundamental dos bens materiais deste mundo, considerava o trabalho
uma verdadeira maldição, enquanto que o protestantismo valorizava o trabalho
profissional como meio de salvação.
Segundo
Weber, até o século anterior a ele, os produtores levavam uma vida considerada
muito confortável. Produziam o que vendiam, trabalhavam umas cinco horas por
dia, o que ganhavam dava de levar uma vida respeitável, tinham bons momentos de
lazer. Os comerciantes dos produtos cultivados por este lavrador faziam
encomendas, analisavam a qualidade do produto e então o repassavam. Uma forma
de organização em todos os aspectos capitalista, porém baseada num modo de vida
tradicional.
Houve,
no entanto, uma determinada época em que esta vida de lazer foi convulsionada.
Sem mudar essencialmente sua forma de organização, mas apenas um jovem qualquer
de uma das famílias produtoras sai para o campo e escolhe tecelões para seres
empregados, transforma-os em operários, muda seu método de mercado, visando o
consumidor final, cuidando pessoalmente dos fregueses, ajustando a qualidade
dos produtos às necessidades e desejos destes consumidores. Começa-se a
introduzir o principio dos “baixos preços e de grande giro”. A partir deste
momento os que não se adaptaram tiveram que sair do negocio. Todo este processo
não foi motivado por grandes somas de capital, mas sim pelo surgimento de um
novo espírito – “o espírito do capitalismo moderno” – e a partir deste,
produziu-se então o capital.
Para
Weber o objetivo do capitalismo, em sua obra “A ética protestante e o espírito
do capitalismo”, já no primeiro capítulo ele salienta que um dos fatos
mais observáveis em paises de composição religiosa mista e que já esteve em
pauta em inúmeros congressos católicos na Alemanha é o de que “os lideres
do mundo dos negócios e proprietários de capital, assim como dos níveis mais
altos da mão-de-obra qualificada, principalmente o pessoal técnico e
comercialmente especializado das modernas empresas, serem preponderantemente
protestantes” (WEBER, 2003, p. 39).
2.1 A
INFLUÊNCIA DO PROTESTANTISMO
Primeiramente
é necessário deixar claro que Weber está longe de afirmar que o protestantismo
foi à única causa do capitalismo. O autor apresenta um pensamento muito mais
sofisticado. Weber busca demonstrar as causas múltiplas e até infinitas
(econômicas, políticas, militares, técnicas ente outras) do espírito
capitalista. E neste sentido a ética luterana muito mais favoreceu do que gerou
sozinha o capitalismo.
Weber
insiste que não se pode relacionar o capitalismo como mero fruto da Reforma,
visto que algumas formas importantes do sistema comercial capitalista eram ate
anteriores à Reforma. Ele apenas propõe-se a investigar o impacto que os
motivos religiosos tiveram no processo de desenvolvimento da moderna cultura
secular, surgida de inúmeros fatores históricos.
O autor
investiga sobre a concepção de vocação, entendida como um plano de vida, de uma
determinada área de trabalho, como o cumprimento do dever, trazendo desta
maneira, o significado religioso da palavra e atribuindo-a ao trabalho secular
cotidiano.
Com Lutero e
todos os ramos do protestantismo, a única maneira de viver aceitável para Deus
não está mais na ascese interior, mas no cumprimento das tarefas do século,
impostas a cada um pela sua posição no mundo. Nisso é que está a sua vocação. A
vida monástica é vista como uma atitude egoísta e de desleixo para com as
atividades deste mundo. “Em contraste surge à vocação para o trabalho secular
como expressão de amor ao próximo” (WEBER, 2003, p. 73).
Esta
qualificação moral das ações terrenas torna-se uma das elaborações mais cheias
de conseqüências do protestantismo e do próprio Lutero. Cabe ressaltar ainda
que Weber afirma o fato de Lutero não poder ser identificado ao espírito do
capitalismo no sentido em que este termo esta sendo usado em sua obra.
A primeira contribuição para este processo, afirma
Weber, foi dada por Martinho Lutero e sua concepção de vocação (em alemão,
beruf). Para Lutero, a salvação das pessoas não vinha do fato delas se retirarem
do mundo para rezar, como faziam os monges católicos. Pelo contrário, quanto
mais as pessoas aceitassem suas tarefas profissionais como um chamado de Deus
(vocação) e as cumprissem com disciplina, mais aptas estariam para serem salvas
(SELL, 2004, 119).
Para
a concepção cristã medieval preservada pelo catolicismo que exigia como
requisito fundamental dos bens materiais deste mundo, considerava o trabalho
uma verdadeira maldição, enquanto que o protestantismo valorizava o trabalho
profissional como meio de salvação.
A
concepção cristã a vocação do homem se realizava plenamente na contemplação,
isto é, estado perfeito em que se unia a divindade, já no luteranismo o termo
“vocação” passa a significar algo praticamente sinônimo a “profissão”; ou seja,
o homem é chamado por Deus não apenas para ter uma atitude contemplativa, mais
sim para cumprir sua providencia neste mundo através de seu trabalho e de sua
profissão.
Com a Reforma,
acontece um aumento da ênfase moral e do prêmio religioso para o trabalho
secular e profissional. Lutero usa a autoridade da Bíblia para fundamentar sua
idéia de vocação, tendo assim uma interpretação tradicionalista. Porém o
próprio Jesus traz a idéia de renúncia ao “mundo”: “dai-nos hoje o pão nosso de
cada dia”, excluindo a possibilidade da moderna noção de vocação ser baseada em
sua autoridade pessoal. Lutero leu a bíblia e permaneceu com uma visão
tradicional, assim como os primeiros cristãos viam o trabalho, a vocação
terrena com indiferença, ma espera de que Cristo logo retornaria. Também ele
crê na providencia divina, ser obediente a Deus aceitando a situação dada por
Ele. Dessa maneira, “o conceito de vocação permaneceu assim em sua forma
tradicional. A vocação para Lutero era algo aceito como ordem divina, a qual
cada um deveria adaptar-se” (WEBER, 2003, p. 76).
Não
encontrando uma grande relação entre a posição da igreja de Lutero e da vocação
secular, Weber começa a investigar o Calvinismo, pois neste há uma relação
diferente entre a vida religiosa e os atos seculares da que encontramos no
catolicismo e luteranismo. No entanto o autor ressalta que os programas de
reformas éticas nunca estiveram no centro do pensamento dos reformadores
religiosos, e dessa maneira não se deve achar que encontraremos nas bases de
movimentos religiosos, como nas obras de Calvino, qualquer divulgação do
“espírito do capitalismo” como uma finalidade de vida. Não podemos afirmar que
a ambição de seus bens materiais, tomada como um fim em si, possa ter sido
elevada a um valor ético. “Os resultados culturais da Reforma foram em boa
parte conseqüências imprevistas, e por isso mesmo não desejadas, do trabalhado
dos reformadores, muitas vezes bastante divergentes e ate opostas ao que eles
realmente desejavam” (WEBER, 2003, p. 78).
Para
os calvinistas o homem deve combater sua tendência ao prazer e ao gozo,
privando-se de todas as coisas que não são estritamente necessárias para a sua
subsistência ou para que possa levar um estilo de vida digno e seguro. O
calvinista ao contrario do católico valoriza particularmente o trabalho, o
espírito trabalhador, não condenando o mundo em sua totalidade, mas apenas o
gozo e o prazer, pois para o calvinista somente através do trabalho e da
profissão rende-se horas e glória a Deus.
Como
para os calvinistas a valorização positiva do trabalho está também a
valorização da riqueza que obtida por este trabalho, nesse sentido, o
capitalismo seria a cristalização objetiva das premissas teológicas e éticas,
segundo as quais o homem, em virtude de trabalho, encontra um modo sensível e
concreto de conquistar sua salvação individual.
No calvinismo acentua-se uma
valorização religiosa da atividade profissional e do trabalho; realiza-se uma
recomendação ascética onde se prega a renúncia a todos os gozos e prazeres
deste mundo. Segundo a pregação calvinista o homem deve combater a sua
tendência ao prazer e ao gozo, privando-se de todas aquelas coisas que não são
estritamente necessárias para sai sua subsistência ou para que possa levar um
estilo de vida digno e seguro. O calvinismo tudo aquilo que considera supérfluo
bem como todo o tipo de pompa ou de ostentação. Em suma, o calvinsmo condena,
particularmente, tudo aquilo que implique desperdício ou esbanjamento.
Contrariamente ao católico o
calvinista valoriza particularmente o trabalho, o espírito trabalhador, não
condenando o mundo em sua totalidade, mas apenas o gozo e o prazer. O calvinista considera que somente através
do trabalho e da profissão rende-se honras e glórias a Deus. Unicamente se lhe desonra através do prazer (CATANI,
1984, 17).
Para
o novo homem capitalista o trabalho tornou-se uma parte necessária de suas
vidas. O tipo ideal de empreendedor evita a ostentação e as despesas
desnecessárias, não retira nada de sua riqueza para si mesmo, a não ser a
sensação irracional de haver cumprido devidamente a sua tarefa.
Weber
dedica-se a procurar a razão das diferentes atitudes, no caráter intrínseco
permanente de suas crenças religiosas, não se limitando assim, nas temporárias
situações externas na historia e na política. No catolicismo os traços
ascéticos dos seus mais altos ideais, levaram seus seguidores a uma maior
indiferença aos bens desse mundo. Do lado protestante, uma certa materialística
alegria de viver, ate uma crítica aos ideais católicos. Porém essas diferenças
não devem ser generalizadas em todas as nações e classes sociais.
No
entanto, o “espírito do trabalho”, o “progresso” ou qualquer outro nome cujo
despertar se possa atribuir ao protestantismo, não deve ser entendido como
alegria de viver ou em qualquer outro sentido ligado ao iluminismo. Lutero,
Calvino quase nada tem a ver como o quê hoje é denominado progresso. “Se, se
quiser achar qualquer relação interna entre certas expressões do velho espírito
protestante e a moderna cultura capitalística, deve-se tentar acha-los, em
qualquer hipótese, não na alegria de viver, considerada mais ou menos
materialística, ou pelo menos antiascética, mas nas suas características
puramente religiosas” (WEBER, 2003, p. 46).
Para o
protestantismo, a diferenciação dos homens em camadas e vocações era resultado
da vontade divina e a permanência na posição escolhida por Deus, como um dever
religioso. Para os puritanos, a vida profissional da ao homem certo treino
moral, provando seu estado de graça à sua consciência, ajudando-o a cumprir a
sua vocação. Diferente de Lutero, que prega a aceitação do destino assinalado
por Deus, a concepção puritana de vocação da ênfase a ascese vocacional.
Orientado primeiramente por critérios morais, uma vocação deve ser abraçada
buscando a aprovação de Deus, se Ele aponta o lucro, devereis busca-lo. “.Deveis trabalhar para serdes ricos
para Deus, e, evidentemente, não para a carne ou para o pecado” (WEBER, 2003,
p. 165).
Condenavam
os divertimentos populares: jogos, bebedeiras... e ate o esporte era visto como
útil apenas para restabelecer a eficiência do corpo e não para a diversão. Ate
mesmo os valores culturais herdados da escolástica são colocados em julgamento,
imbuídos de um espírito renascentista, é na literatura e nas artes plásticas, no
entanto, que a ascese marcara sua perseguição a tudo que representasse
superstição, salvação mágica e outros típicos da idade medieval.
O homem seria como que um guardião dos bens que lhe foram
confiados, e como o servo da bíblia, deverá prestar conta de cada centavo, não
podendo desperdiçar nada em coisas supérfluas, eram contra o uso irracional da
riqueza. A ascese também condenava a desonestidade e a ânsia de riqueza como um
fim em si. Mas o mais importante, a grande ênfase dada ao constante e sistemático
labor vocacional secular, como o mais alto instrumento de ascese e mais seguro
meio de preservação da fé e do homem, que foi a mais poderosa alavanca da
expressão da concepção de vida, apontada na obra de Weber como o “espírito do
capitalismo”.
Liberando a busca da riqueza e restringindo a do consumo,
o resultado que daí decorre é a acumulação capitalista, ao investimento de
capital. Neste ponto discordo do autor, se toda a sociedade absorvesse o ideal
mencionado acima, não teria mercado consumidor para os produtos, como geraria
acumulo de capital, se nem vender seria possível? Enquanto aplicado aos donos
dos meios de produção, a busca da riqueza e o pouco consumo ajudam na economia
e investimento de capital, porem quando generalizado fracassaria todo o sonho
capitalista.
Mas é a divulgação destes ideais puritanos que favoreceu
o desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa. As desigualdades
na distribuição da riqueza deste mundo eram obra especial da Providencia
Divina, que perseguia seus fins secretos, desconhecidos do homem. A concepção
de trabalho como vocação influenciou tanto modernos trabalhadores como os
empresários. Esta conduta racional baseada na idéia de vocação, nasceu do
espírito da ascese crista. Quando o ascetismo foi levado para a vida
profissional, começou a determinar o estilo de vida de todo individuo nascido
sob o sistema formado na moderna ordem econômica e técnica. Os bens materiais
foram assumidos de uma forma que o capitalismo já não mais necessitou de seu
antigo abrigo “.a procura da riqueza, despida de sua roupagem
ético-religiosa, tende cada vez mais a associar-se com paises puramente
mundanos”, (WEBER, 2003,
p. 176). como vemos nos Estados Unidos. “Ninguém sabe ainda a quem caberá
no futuro viver nessa prisão” (WEBER, 2003, p. 177), ou segundo Weber, poderiam surgir novos
profetas, renascer antigos pensamentos e idéias, ou ainda os últimos homens
desse desenvolvimento cultural poderiam ser designados como especialistas sem
espírito, que imaginam ter atingido um nível de civilização nunca antes
alcançado.
O
desenvolvimento do espírito do capitalismo poderia ser mais bem entendido como
parte do desenvolvimento do racionalismo como um todo. O trabalho a serviço de
uma organização racional para o abastecimento de bens materiais a humanidade,
torna-se uma das mais importantes finalidades da vida profissional. Agir como
capitalista ajudaria até a fazer “caridade”, há satisfação em poder dar emprego
a muitas pessoas, a fazer sua cidade crescer.
Nesse processo de racionalização, “o
protestantismo deveria apenas ser considerado à medida que se constituiu num
estágio historicamente anterior ao desenvolvimento de uma filosofia puramente
racional” (WEBER, 2003, p. 68).
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