sábado, 15 de junho de 2013

Ascese e capitalismo
            Para decifrar a ligação entre as concepções religiosas do protestantismo ascético e as máximas de vida econômica cotidiana, é preciso recorrer a textos teológicos; sendo num contexto em que a igreja era extremamente poderosa.
            Representante do puritanismo inglês, Richard Baxter tem uma posição eminentemente pratica e irônica, bem como pelo reconhecimento universal que seus trabalhos tiveram. Orientou seu campo de ação essencialmente na direção da promoção prática da vida moral e religiosa.
            Quando se folheia Baxter, o que a primeira vista salta aos olhos é a ênfase nos elementos ebionitas do Novo Testamento. A riqueza como tal é um grave perigo, suas tentações são contínuas, a ambição por ela não só não tem sentido diante da significação suprema do reino de Deus, como ainda é moralmente reprovável. Calvino não via na riqueza um obstáculo a sua performance, mas, ao contrário, enxergava aí um aumento plenamente desejável de seu prestígio e permitia aos calvinistas investirem suas posses lucrativamente com a única condição de evitarem o escândalo. Condenável era o descanso sobre a posse, o gozo da riqueza para o ócio (lazer) e prazer carnal, mas acima de tudo condenava-se o abandono à aspiração de uma vida santa.
            A perda de tempo é o primeiro  e em princípio o mais grave de todos os pecados. O tempo é infinitamente valioso porque cada hora perdida é trabalho subtraído ao serviço da glória de Deus. Mas não esquecer de guardar um tempo para Deus.
            Porque trabalho duro e continuado:
1.      por ser um meio ascético (exercício que visa bens espirituais).
2.      por preservar de uma vida impura.
3.      terá uma melhor vida conjugal.
Mas ainda por cima, e antes de tudo, o trabalho é da vida o fim em si prescrito por Deus. Não trabalhar é sintoma de graça ausente. Já Tomás de Aquino concebia o trabalho como algo necessário para a manutenção da vida do indivíduo e da coletividade. O correto é também, o homem que tem posses trabalhar, por ser rico, não é motivo para não ter obediência a deus como o pobre e assim,deve trabalhar também.
Ao descrever como a pessoa deveria encarar o seu trabalho, ele diz:...”a vocação que cada qual deverá reconhecer e na qual deverá trabalhar deve ser encarada como uma ordem dada por Deus ao indivíduo a fim de que seja operante por sua glória”... e não ...“como se fosse um destino no qual deve se encaixar” (Max,..., p.145).
Para Tomás de Aquino, classe social e profissão eram dadas pelos planos de Deus. Isso, no entanto, era algo muito incerto, aleatório. Já para Lutero , a introdução profissional acontecia não graças ao plano, mas sim a vontade direta de Deus, ou seja, religiosamente tinha obrigação de manter-se em tal posição social. Pela concepção puritana é conforme os frutos que se reconhece qual situação social a pessoa deve ocupar profissionalmente.
Agrada-se a Deus quando se segue uma profissão útil. Isso se observa por critérios morais e pela importância para a coletividade.
Deus é intencional ao encaminhar uma pessoa profissionalmente. Assim, o cristão pensa que é dever seguir tal chamado e aproveitar as oportunidades. Se Deus indica o caminho da riqueza, então é permitido trabalhar para ficar rico. Mas a riqueza deve ser somente para mais tarde viver sem preocupação prazerosamente.
A característica do judaísmo antigo de valorização da vida, diferencia-se muito do puritanismo. Este purificou da ética judaica horizontes que cabiam ao “ethos” da empresa racional e da organização racional do trabalho. Os puritanos  consideram-se o povo eleito por Deus.
Pontos que mostram o desenvolvimento do capitalismo entre os puritanos:
ü  A ascece se volta contra o gozo descontraído da existência e do que ela tem a oferecer;
ü  A ascece se volta contra o gozo instintivo da vida que afasta do trabalho profissional e da devoção;
ü  Desconfiança em relação aos bens culturais cujo valor não seja diretamente religioso.
            Então além de trabalhar a pessoa é incentivada a acumular.
Os puritanos voltaram-se para:a literatura não científica e ainda mais no das belas- artes, dirigidas aos sentidos. O doutrina ensinava e incentivava o homem a ser uma máquina de fazer dinheiro; pensando na glória de Deus. Assim riqueza é para coisas necessárias e úteis em termos práticos. A produção de riqueza era bem vista, mas era condenável a cobiça (ambição de riqueza como fim último de ser rico).
Condenando o consumo e incentivando o trabalho é evidente a acumulação de capital; seguido de seu uso em favor produtivo (o investimento de capital). O efeito disso parece fora de cálculos, mas sabe-se que influenciou toda uma vida. O que houve foi uma excessiva compulsão em acumular capital.
O puritanismo até onde alcançou, o que fez foi beneficiar. Mas graças às tentações da riqueza os ideais puritanos fraquejaram. Assim a economia tomou tal dimensão que a religião não era mais o centro na vida das pessoas, ou seja elas não se deixavam mais guiar pelos ideais religiosos. Com o enfraquecimento da religiosidade o que reinava era o utilitarismo.
Na concepção era certo buscar o lucro porque era uma indicação de ser abençoado por Deus. Assim, vivia-se como um bom trabalhador, um religioso se acumulasse riquezas.
A idéia protestante foi de incentivar o trabalho como vocação, sendo um meio de certificar-se do estado de graça. Mas essa concepção levou as pessoas à vocação para o lucro. Essa idéia de trabalho como vocação fazia as pessoas caminharem mesmo que inconscientemente para o capitalismo.
Ética protestante e o espírito do capitalismo – comentário
           
É um dos textos mais populares desse autor. Sendo que na obra peocupa-se em investigar sobre as origens do capitalismo; economia que mostrava grande destaque. Assim Weber parte verificando a influencia da religião, mas de uma maneira bem ampla.
            Em sua obra Weber não defende que o luteranismo seja a única causa do capitalismo, mas ele admite causas múltiplas como a própria economia, a política. O que a religião luterana tem como mérito é de ter sido uma das principais causas.
            Weber defende que “o espírito capitalista é uma ética de vida, um modo de ver e encarar a existência” (Sell, 2004, p.118-119). A ética de vida era de obter a riqueza através do trabalho honesto. Capitalista é quem ganha dinheiro com seu suor, trabalho. busca da riqueza pelo o trabalho. vale a pena lembrar que essa maneira de ser vem da ética protestante. Trata de uma ascese no mundo.
            Foi graças a Martinho Lutero que o capitalismo ganhou força no ocidente, já que sua pregação era que esta não vem da pessoa retirar-se do mundo para rezar, mas sim da aceitação de suas tarefas profissionais como se fosse uma ordem dada por Deus.
             O calvinismo também teve seu papel para a firmação do capitalismo já que sua doutrina é de que os homens são pré-destinados pr Deus para a salvação ou para a danação. O homem aparece inteiramente independente de Deus. O sinal para saber se seria ou não salvo, trata do sucesso ou não no trabalho. ou seja essa doutrina acabava por incentivar ao trabalho. assim, com o esforço no trabalho glorificava-se a Deus e conseqüentemente dirigia-se para o enriquecimento. Como se isso não bastasse, a pessoa era incentivada a investir seu dinheiro para obter mais lucro ao invés de gastar.
            Mesmo a religião em declínio, esta moda pegou e conseqüentemente a busca pela riqueza era muito grande. Mas esse ideal chegou a tal ponto que se desligou da religião e ganhou autonomia.
            Tendo a vida guiada, movida pelo sistema econômico, percebe-se que há uma forte racionalização da vida, disciplinada e ordenada, voltada para o trabalho. assim o protestantismo mostra-se como forma racionalizada de vida. Esse processo de racionalização é uma das etapas finais do protestantismo e do capitalismo. Weber ao descrever a origem do capitalismo, chama esse processo de “desencantamento do mundo”.
            Alguns dos primeiros centros de desenvolvimento capitalista eram de origem protestante. Isso seria por causa da quebra no tradicionalismo econômico. As pessoas que se convertiam para o protestantismo eram obrigadas a seguir princípios diferentes dos que estavam acostumados; principalmente com relação aos prazeres e ao divertimento.
Geralmente as pessoas ficam voltadas para riqueza, prendem-se no material e não buscam o que a religião propõe, o não-material. Pensando nisso o protestantismo, para não deixar essa regra firmar-se, exigia uma disciplina muito mais rígida do que o catolicismo.
                            ao comentar sobre o texto de Max Weber ele descreve que “o espírito do capitalismo moderno caracteriza-se, pois, por uma combinação original da dedicação à atividade lucrativa mediante métodos econômicos legítimos, com a não-utilização desse rendimento na prossecução de prazeres pessoais” (p.184). onde o desempenhar uma profissão é um dever uma virtude.
Quando uma pessoa incorpora o espírito capitalista, ela pensa em produzir cada vez mais para acumular cada vez mais. As ações implicam num cálculo econômico, observa   Guedes.
Ao falar da origem do espírito do capitalismo Guedes descreve: “o espírito de capitalismo não deriva apenas do processo do racionalismo na sociedade ocidental” (p.184). isso porque ao verificarmos a realidade vemos que a racionalização não leva ao total progresso.
A ética protestante quer descobrir a raiz da racionalização que deu origem a idéia da vocação e da dedicação ao trabalho como vocação. Esta que consiste em um indivíduo “cumpri o seu dever para com Deus numa vida cotidiana regida pela moral” (p.185). Assim  cresce o interesse pelos assuntos mundanos; a pessoa tem que conscientizar que é um ser no mundo e não fora dele.                               







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