quinta-feira, 13 de junho de 2013

Este trabalho visa elucidar uma questão que ocupa grande destaque na epistemologia dos últimos trinta anos: o Problema de Gettier. No intento de convencer o leitor da grande problemática levantada por Gettier, começarei a descrever o conceito tradicional de conhecimento que perdurou por mais de dois milênios, ressaltando-se assim a importância do mesmo ao ser cognocente. Logo após, apresentarei um dos exemplos formulados por Gettier, salientando assim, a vulnerabilidade da definição tradicional.
O conhecimento é um termo de real importância ao homem; vivemos buscando o conhecimento. Uns vão em busca dele por vontade e desejo de conhecer, outros são obrigados e coagidos por forças exteriores. O certo é que ninguém gosta de ser enganado, por isso o conhecimento é para o homem uma pedra preciosa e com efeito sua aquisição é tomada mediante a minuciosos critérios. Um termo desta relevância deve, então, ser perfeitamente definido como esteve, até 1963.
A definição tradicional de conhecimento foi definida pelos gregos há mais de dois milênios, parece consenso aceitar que já no Ménon de Platão emerge a acepção de conhecimento que permaneceu intacta até o século XX.
Vejamos: - Eu (E) só posso afirmar que conheço algo (A) se e somente se;
-         E creio que em A;
-         A é verdadeiro
-         E tenho justificações para crer em A
Como podemos perceber na definição aduzida acima, o conhecimento envolve três elementos imprescindíveis, são eles: crença, verdade e justificação. Logo, ao afirmar que eu conheço algo, este algo tem que ser verdadeiro, no entanto isto só  não basta, é preciso apresentar plausíveis justificações que legitimem minha concepção.
            Em 1963, Edmund Gettier desmantelou  esta definição ao apresentar um pequeno artigo de três páginas e desde lá este problema suscitado pelo autor vem ocupando o tempo de pessoas de reconhecida capacidade intelectual. Através de dois sucintos exemplos, Gettier evidencia que crença, verdade e justificação não são elementos suficientes para afirmar que temos conhecimento de algo. Podemos esquematizar um dos exemplos da seguinte maneira:
Com novo emprego e dez moedas no bolso: Smith tem forte evidência para a seguinte conjunção, d: Jones será indicado para o emprego e tem dez moedas no bolso, da qual deduz a proposição e: O homem que será indicado para o emprego tem dez moedas no bolso. Acontece que, sem que Smith o saiba, ele é que será o indicado para o emprego e, coincidentemente tem dez moedas no seu bolso.
            O problema posto por Gettier é facilmente detectado, percebemos que Smith tem crença verdadeira e justificada, portanto para a definição tradicional Smith tem conhecimento, entretanto isto foi ocasionado apenas a um enorme golpe de sorte, do qual ele não faz a menor idéia, de tal modo que não nos disporíamos a atribuir a ele conhecimento neste caso. Sorte não é conhecimento, e isto o leitor deve concordar com Gettier, afinal ninguém ganha na sena por ter conhecimento, mas sim por ter sorte. Deste modo, a velha definição tradicional oriunda há mais de dois milênios é quebrada por apenas três páginas, feito este que elevou e titulou Edmund Gettier como o fundador da epistemologia contemporânea.  

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