quinta-feira, 30 de julho de 2009

perdoar?

O que é perdão? De acordo com o dicionário Houaiss é: “remissão de pena ou de ofensa, ou de dívida. Desculpa, indulto. Ato pelo qual uma pessoa é desobrigada de cumprir o que era de seu dever, ou obrigação por quem compete exigi-lo”.
Perdão: ato de quem perdoa. Perdoar é olhar a ofensa recebida, sob outro prisma. É buscar colocar-se no lugar do outro. Acalmar-se e lançar um olhar de misericórdia sobre o problema. É buscar ver além das evidências. É amar com gratuidade e aceitar os limites do outro e os nossos próprios.
Por que perdoar certas pessoas é mais fácil que o fazer a outras? A mesma ofensa, vinda de pessoas diferentes, pode provocar graus diferentes de ressentimentos. A quem amamos encontramos mil desculpas para dar o perdão. É, aqui, muito mais fácil perdoar. Perdoar é amar, amar é perdoar.
Perdoar não é fácil. Quantas vezes pensamos ter perdoado e, de repente, numa situação quotidiana, alguma palavra, ou algo, nos desperta para uma mágoa ou ferida antigas. Aquela da qual nem nos lembrávamos mais. Aquela pessoa que julgávamos ter perdoado, ter parado de carregá-la conosco. É como se assoprassem as cinzas e as brasas reavivassem. Retorna, com força total, tudo que nos magoou ou pensamos que nos machucou.
Mais difícil ainda é admitir que não perdoamos. Aceitarmos que os sentimentos que carregamos é a ausência de perdão. Não é difícil falar que perdoamos. Mas as atitudes não correspondem à fala. Quantas vezes nos enganamos pensando ter perdoado e, repentinamente, estamos emitindo julgamentos ferozes, sutilmente disfarçados de conselhos ou emitidos em forma de brincadeiras, ou mesmo por meio de historinhas inocentes. Que perdão é esse que não supera julgamentos?
É como superar o desejo de vingança se, às vezes, nem mesmo temos consciência dele? Não falo de grandes vinganças, mas de pequenos revides representados por farpas esparsas, questionamentos maldosos e, mais cruel ainda, quando se percebe o outro enfraquecido e se aproveita o momento para “ajudá-lo” e cobrar, com altos juros, nossas mágoas. Fazemos dele, maldosamente, nosso dependente.
Ainda há de se ter cuidado com as muitas “faces” do rancor, da mágoa, do ressentimento. Elas nos tornam mal-humorados, amargos e desesperançados. Carregamos um fardo que corrói os corações e seus relacionamentos, enfraquece nosso ânimo e nos torna presas fáceis de doenças físicas. É a somatização de sentimentos negativos. Conviver com sentimentos negativos é minar a saúde física e psicológica. O perdão é libertador e curativo.
Muitas vezes, soberbamente, não percebemos que carregamos sentimentos negativos. Falta humildade para admitirmos nossas falhas. Entretanto, os efeitos danosos desses sentimentos, mesmo que não-conscientizados, estão minando nossa saúde espiritual, mental e mesmo física. Os conceitos modernos de medicina já aceitam a transferência de problemas não-resolvidos para o corpo. Como afirma Deepak Chopra, médico indiano, com especialização em endocrinologia nos Estados Unidos, onde reside: “Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos. Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificados por eles. Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente”.
A não-percepção de nossas fraquezas, de nosso lado escuro, nos leva a superficializar ou cortar a comunicação e o diálogo com o outro. Não existe acolhida, e sim relacionamento social. Mesmo que este seja “correto”, carece de fraternidade. E o que podemos esperar do outro? Tudo isso acrescenta mais sofrimento às nossas vidas.

Um comentário:

VITOR SCHLICKMANN disse...

lesm esta postagem..... vale a pena