terça-feira, 29 de março de 2011

O CÂNTICO DE MARIA: MAGNIFICAT

O canto do Magnificat é a celebração gaudiosa e o resumo de toda a história da salvação que, por Maria, na qual encontra seu acabamento, retomada e refeita em suas etapas remontando até as origens. Essa história, que transtorna as situações humanas, é conduzida por Deus, sem interrupção, com o critério do Amor misericordioso, à exaltação dos humildes e dos pobres.

“Então Maria disse:
Minha alma glorifica ao Senhor
E meu espírito exulta de alegria
Em Deus, meu Salvador
Porque ele fixou os olhos
Na humilhação de sua serva.
De hoje em diante todas as gerações
Me chamarão de bem-aventurada
Porque grandes coisas fez em mim o Todo poderoso.
Santo é o seu nome.
Sua misericórdia se estende de geração em geração
Sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder de seu braço,
Dissipou os soberbos de coração.
Derrubou os poderosos de seus tronos
E elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos
E despediu de mãos vazias os ricos.
Trouxe a salvação a Israel seu servo,
Lembrado de sua misericórdia.
Assim como prometera a nossos pais,
Em favor de Abraão e sua descendência para sempre” (Lc 1, 46-55).

2.1 RAÍZES DO MAGNIFICAT NO PRIMEIRO TESTAMENTO


Com toda certeza muito se discutiu e se discute ainda sobre a origem deste belíssimo hino. Inicialmente, acreditava-se que Maria havia pronunciado estas palavras no encontro com Isabel e fora recolhido e relatado por Lucas. Esta hipótese tem hoje pouca sustentação, visto que pelos estudos bíblicos, nos é possível perceber que nos relatos lucanos da infância e especialmente em seus hinos transparece uma reflexão muito bem elaborada.
Outros teólogos e biblistas defendem que o Magnificat foi composto por Maria, depois da ressurreição, uma vez que testemunha o espírito da vitória pascal. Há, ainda, um outro grupo de estudiosos que defende que este hino foi confeccionado por Lucas, a partir de cânticos judaicos e cristãos e “costurados” no evangelho como que formando um único texto. Pelos estudos bíblicos percebe-se que Lucas fizera o mesmo com outros hinos: dos anjos (2,13s), de Zacarias (1, 67-79) e de Simeão (2, 28-32), que se relacionam entre si.
Há ainda quem defenda que o Magnificat foi pronunciado por Isabel, particularmente levando em consideração que as palavras “olhou para a humilhação de sua serva” aplica-se melhor a Isabel do que à jovem nazarena. Isabel revive mais de perto a experiência de Ana a quem Deus concedera a graça de um filho na velhice.
Porém, é importante ressaltar que, oficialmente, a Igreja reconhece este perfeito hino nos lábios daquela que, por obra do Espírito Santo, tornara-se Mãe do Messias. Ora, se Lucas coloca este hino nos lábios da Virgem Santíssima, é porque todas as idéias nele expressas concordam com a imagem que ele e toda a sua comunidade formam de Maria. Assim, verdadeiramente podemos compreender as palavras de Puebla, no tocante a este hino assumindo-o como o “espelho da alma de Maria”.
O cântico de Maria é um tecido de citações veterotestamentárias, sendo que podemos mencionar: o Cântico de Miryam (Ex 15,21), o cântico de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Judite (Jdt 16,1-16), o cântico de Ana (1 Sm 2,1-10). Contudo, o que apresenta maior semelhança, do ponto de vista teológico e literário com o Magnificat é, sem dúvida, o cântico de Ana, a mãe do profeta Samuel.

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